Verão na mansão Greengrass

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Era mais um verão presa na casa da minha família, Greengrass. Uma casa grande demais para quatro integrantes e diversos empregados, era tanto espaço que eu sentia o vento zumbir pelas frestas das janelas e portas na sala de estar. Como eu odiava o verão britânico, o sol não era suficiente para deixar a o vento de verão quente, e minhas pernas estavam ficando geladas, talvez pelo piso de mármore que esfriava o ambiente ou talvez pela falta de calor humano e proximidade familiar naquela casa. Não me entenda mal, eu amava minha família, mas a política puro-sangue nos assombra, e é impossível que meus pais se amem de verdade, mas eu ainda sinto uma afeição pela minha mãe, ela tem aquele extinto materno que me aqueceu nas noites de chuva quando era criança, mas meu pai não, ele é gélido, nunca deve ter me olhado nos olhos e ainda pior, me odeia e odeia me irmã por não sermos homens. Ah sim, minha irmã...Daphne Greengrass, bem ela é bonita...mas ainda concorda com a política puro-sangue e é certinha, o orgulho da minha mãe.

Eu odeio a política puro-sangue, por causa dessa droga eu nasci em uma família que me priva de amor e atenção, o dinheiro não preenche o vazio que eu sinto desde criança. Mal sabia eu, mas isso estava preste a piorar.

Eu estava deitada de forma anormal em uma das poltronas da sala de estar, estava atravessada na poltrona, com minha cabeça apoiada no braço do acento. Eu olhava para o teto entediada, esperando ansiosamente pela hora do jantar, minha irmã estava logo na minha frente, lendo alguma coisa que não me interessava. Eu ouvi a fechadura da porta abrir e revirei os olhos, sabia que ela meu pai, e aparentemente minha mãe também ouviu, desceu correndo as escadas, ela estava mais arrumada que o comum, eu logo estranhei. Ela correu para abrir a porta, e a esse ponto eu já estava curiosa, me sentei direito na poltrona e espiei de canto de olho. Quando a porta se abre, a primeira na primeira olhada vejo meu pai, mas ele não estava sozinho, estava acompanhado de outras três pessoas, eu não aguentei, olhei com vontade encarando a situação.

Os quatro passaram pela porta e então eu reconheci de imediato, um menino alto, magrelo, com cabelos platinados e cara de mal humor. Draco Malfoy, um garoto da escola, ele era da sonserina como eu, mas eu nunca falei com ele em toda a minha vida, só ouvi ele sendo rude pelos corredores de Hogwarts. Atrás dele um homem alto, tão loiro quanto o garoto e uma mulher magra ao lado. Quando vi essa cena eu já soube que era problema, bufei e voltei a olhar para frente. A família Malfoy sentou na mesa de jantar junto ao meu pai, enquanto minha mãe se aproximava de mim. Minha mãe colou a mão no meu ombro e sussurrou:
— Venha querida, sente conosco, seja paciente, por favor. — Ela se afastou para o lado da sala em que a minha irmã estava, sussurrou algo para ela e se dirigiu a mesa.

Eu levante hesitante da poltrona e andei de má vontade até a mesa de jantar, sentei na cadeira de frente para Draco, que me encarava com cara de desgosto. Minha irmã sentou ao meu lado e alguns elfos começaram a servir vinho para todos os adultos da mesa. Meu pai olhou para mim, suspirou e começou a falar.
— Muito bem, boa noite. — olhou para Lúcio e Narcisa Malfoy e acenou com a cabeça — Lúcio, Narcisa — essas são minha filhas e esposa — disse fazendo um gesto com a mão para o nosso lado da mesa — minha esposa Evelyn, minha filha Daphne e minha filha Astória.

Apenas um detalhe, acho injusto meu nome ser o mais feio, pensei isso na hora.

Lúcio Malfoy deu um sorrisinho sarcástico — Muito obrigado Leonard, como vocês já devem saber esses são meu filho Draco e minha esposa Narcisa — disse me encarando, como se estivesse falando para mim, eu senti os pelos da minha nuca arrepiarem.

Nessa hora outros três elfos chegaram com os pratos de comida, eles serviram cada um de nós e fizeram uma referência exagerada antes de se retirar, eu me segurei para não revirar os olhos. Passamos alguns momentos em silêncio, apenas se ouvia o barulho dos talheres batendo na louça chique na qual estávamos comendo. Para a minha infelicidade, após alguns momentos meu pai abriu a boca para falar novamente, e pior ainda, chamou meu nome.

— Astória querida — me chamou come se tivesse alguma intimidade comigo, relutante eu olhei para ele, botando um sorriso falso bem disfarçado na cara. — Temos uma ótima notícia para você. — ele olhou para Lúcio Malfoy.

Pensei nessa hora comigo mesma: estou fudida. Acalmei meus nervos e ouvi ele continuar dizendo, calmamente.

— Queremos sugerir que você e Draco — meu pai olha para Draco com um sorriso nada genuíno — tentem se aproximar e talvez vocês possam namorar, isso é de extrema importância para a prosperidade das famílias puro-sangue...

Sejamos sinceros, quando ele disse "sugerir" ele não quis realmente dizer isso, até porque o olhar que ele lançou para mim queria dizer mais um "eu estou exigindo que você faça isso querendo ou não". Eu gelei, nunca havia falado com esse merdinha, mas tinha certeza que ele não era meu tipo, muito menos que jamais seria meu amigo, pelos seus princípios e atitudes ridículas.

Lúcio Malfoy concordou com a cabeça e Draco não pareceu surpreso, o garoto olhava para o próprio prato, aparentemente já haviam comunicado ele da "sugestão"

— O que me diz, filha? — ele olhou agora mim severo.

Me perdoem, mas eu não tive escolha a não ser fingir que estava concordando com aquilo e aceitar de uma vez. Eu sou muito nova para morrer.

— A-ah — engasguei levemente - Sim, como quiser pai. — Disse calmamente, olhando para o meu prato, eu gostei da técnica de Draco. Nessa hora eu me perguntava se o Draco estava pensando o mesmo que eu.

— Ótimo, fico realmente feliz com sua escolha querida. — ele disse com um sorrisinho malicioso, que indicava que ele conseguiu o que ele queria, típico do meu pai.

Lúcio Malfoy sorri igualmente, olha para o filho e então dirige sua palavra para ele.
— Tudo bem para você, Draco? — ele olha para o garoto, não sei que tipo de olhar deu para o menino, mas fez o Draco olhar imediatamente para ele e engolir seco.

— Sim senhor. — o garoto responde sem muita enrolação. Nessa hora eu concluo que ele está pensando exatamente o mesmo que eu.

Agora Lúcio olha para mim, sorrindo, obviamente não é nada genuíno, eu até achei parecido com o sorriso que meu pai costuma me dar quando tiro uma nota boa, o que não é raro.

— Estou muito satisfeito com o relacionamento de vocês, querida, sinta-se a vontade para ir na nossa mansão quando quiser, tenho certeza que Draco será muito receptivo com a senhorita.

Eu me obrigo a olhar para ele e sorrir sem os dentes — Obrigada senhor Malfoy.

Quando o jantar mais impertinente, chato e torturante da minha vida acabou, todos se levantaram da mesa e minha mãe gentilmente caminhou até mim. Ela colocou a mão no meu ombro.

— Seja forte querida, isso é muito importante para nossa família, eu confio em você. — Ela suspirou. — Por favor, vá para o seu quarto com o Draco, conversem um pouco.

Eu concordei com a cabeça. Meu olhar desviou para Draco, o pai dele estava rigorosamente conversando com ele, tive a ideia que ele estava falando o mesmo para ele. Encostei na parede perto das escadas quando Draco se aproximou de mim. Ele estendeu a mão para mim, com um olhar estranho, como se estivesse se segurando para não bufar ou revirar os olhos.

— Olá, sou Draco. — Ele estava com a mão estendida.

Apertei a mão dele, hesitante. — Prazer, sou Astória.

Ele soltou minha mão, bateu na calça disfarçando — Meu pai sugeriu que conversássemos no seu quarto. — Ele olhou pra mim de cima a baixo.

— Ah jura? — segurei uma risada — tudo bem, vamos, me siga se quiser. — Segurei no corrimão e comecei a subir a escada, ele hesitante, me seguiu.

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