"Eu quero ser a balada poderosa que te levanta e te segura"

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Stavelot, Bélgica
1 De Setembro De 2019.

Às vezes perder era um acontecimento inevitável, quero dizer, nem sempre você conseguirá ser o melhor em tudo e terminará a competição em quinto ou até mesmo décimo lugar.

Mas a diferença entre perder e não finalizar eram enormes, a segunda opção chegava a ser vergonhosa e Jos Verstappen abominava esta opção.

Quando não finalizou o circuito de Spa-francochamps, Max jogou a si próprio em um inferno em que o diabo era seu próprio pai, condenado a sinuosidade de sua mente.

Esteve decidido a não ir para a festa de comemoração a vitória de Charles Leclerc, não apenas por estar decepcionado, mas porque parecia errado comemorar algo após a morte de Antoine Hubert, que acontecerá no início do fim de semana.

Existiam diversos fatores que haviam deixado o dia de Max péssimo, ele apenas desejava dormir, porém, como se pudesse ler a mente de seu namorado, Elysis passou pela porta do quarto de hotel com uma garrafa de bebida e uma caixa de pizza na tentativa de anima - lo.

— Você não vai dormir agora, Verstappen – declarou, deitando nas costas do rapaz.

— Schumacher! – murmurou baixinho.

— Nem vem, São 17:30 da tarde, Max! – disse indignada se jogando para o lado. — Você não vai se martirizar porque seu pai é um bosta que não admira o filho que tem!

— Você sabe que ele está certo, meu amor. – falou baixinho, olhando para a mulher ao seu lado.

Seus olhos arregalaram ao sentir o tapa que recebeu em sua bunda, segurando a risada com o olhar repreensivo que lhe foi dado.

— Eu espero que você esteja brincando comigo! – falou a loira, indignada. — Ele está certo? Meu Deus! Quem é Jos Verstappen comparado ao filho dele? Um homem que sequer ganhou alguma corrida. Fala sério, Max! Ele não conseguiu nem pódios, e quer cobrar de você um único DNF.

Ele sabia que ela estava certa.

O pai era um fracassado, sua melhor posição de largada havia sido um 12° lugar e mesmo assim, Jos o cobrava imensamente por um único resultado ruim.

Max pensou em retrucar, mas ele sabia que Elysis estava certa.

— Você é talentoso, Maxie! – continuou a garota — Você é conhecido como o piloto mais jovem a ganhar uma corrida o mais jovem a alcançar o recorde de volta mais rápida no GP do Brasil de 2016, o piloto mais jovem a alcançar o recorde de voltas em uma sessão e o piloto mais jovem a competir na história desta categoria, consegue por na sua cabeça que esse é apenas o começo? – elogiou Elysis, abaixando-se na frente do rapaz. — Seu pai é um merda, ignore ele!

Então o holandês sorriu, sentando-se na cama e encarando sua garota com gratidão. 

Elysis Schumacher tinha o dom de fazer Max Verstappen se sentir o melhor do mundo e fazia isso sempre que achava necessário.

Max não conseguia pôr em palavras quantas vezes ouviu elogios ou foi lembrado de como é o mais jovem da categoria e mais para frente irá conquistar coisas inacreditáveis.

Não acreditava em si, porém, se era sua garota que o garantia que esse seria seu futuro, ele acreditava, confiava nela com os olhos fechados, era tão fácil confiar em Elysis que chegava a ser semelhante a respirar.

— Apenas não vou para aquela festa. – declarou, arrumando os fios bagunçados da Schumacher.

— Não seja por isso, meu bem. A festa veio até nós! – mostrou a garrafa de vodca em suas mãos e apontou para a caixa de pizza.

O Verstappen riu, pegando a garrafa e bebendo o líquido diretamente do gargalo, desta vez, arrancando uma risada da Schumacher, que fez o mesmo.

E então os minutos dolorosos e torturantes dentro daquele quarto de hotel, transformaram-se em horas deliciosas e divertidas na companhia de sua pessoa favorita.

Conversaram, dançaram, cantaram e fizeram engraçadas sessões de fotos. Era como estar no paraíso.

Às vezes Max se sentia como uma alma incompreendida em meio de pessoas que se encaixam, às vezes se sentia para baixo ou menos do que realmente era, mas Elysis o provava o contrário.

"Eu quero ser a balada poderosa que te levanta e te segura", foi o que Elysis disse da primeira vez que Max Verstappen demonstrou não ser seguro de si e era o que fazia sempre que esse acontecimento se repetia.

Ela era mais que a Balada que o levantava e o segurava, ela era seu porto seguro.

Elysis Margareth Schumacher era muito mais que seu porto seguro. Era a imagem que Max pensava sempre que precisava enfrentar algo.

Ela era sua coragem.

Estar com ela, era ter disposição para escalar o Everest ou construir por conta própria um foguete que o levaria a lua.

Ela era sua ambição.

Acabando por ser inacreditável a maneira que Max confiava em sua palavra porque às vezes não conseguia sequer confiar em si próprio.

Mas aqueles olhos irradiavam a verdade e confiança, aqueles olhos o mantinham estável, seguro. 

Aqueles mesmos olhos semelhantes ao oceano, que transmitiam a calmaria do alto mar e a beleza de sua profunda vida marinha, eram os olhos que o recordam todas as razões pela qual havia se apaixonado por ela.

Eles faziam parte dela e ele amava cada mísera parte.

Até mesmo bêbado, Max conseguia amar os detalhes de sua garota e naquela primeira noite de setembro, admirou, beijou e tocou cada parte que esteve ao seu alcance.

Se soubesse que restavam apenas 1.542 dias, se soubesse que em 1.542 dias não poderia mais fazer nada disso.

Max Emillian Verstappen teria feito muito mais do que fez hoje.

Mas ele não poderia prever que, o que foi feito para melhor, haveria drásticas consequências.

WAITING ROOM - Max Verstappen ¹Onde histórias criam vida. Descubra agora