WAITING ROOM - Max Verstappen ¹

"Eu quero fazer você dirigir a noite toda só porque eu disse que deveria."

Las Vegas, Estados Unidos Da América.
13 de agosto de 2021

A distância entre São Francisco e Las Vegas são exatas 913,946 quilômetros, levando aproximadamente 8 horas e 41 minutos caso esse caminho seja realizado de carro pela via I-15 S e I-5 N.

Esse foi o caminho realizado por Elysis, após Max dizer que gostaria que ela estivesse lá para aproveitar o summer break junto com ele. Não deveria estar lá, deveria estar planejando a palestra que daria na segunda feira na universidade da Califórnia, mas ela estava lá e Max não conseguia acreditar.

Faziam exatos dois minutos completos que se encaravam na porta do quarto de hotel, Elysis estava tensa, será que havia exagerado? Era tudo isso o que rondava em sua cabeça.

Por outro lado Max estava incrédulo no que via, antes, estava convencido de que passaria o fim de semana sozinho, mas , agora o amor de sua vida estava bem na sua frente.

Não pensou duas vezes antes de abraça - lá forte e beijar seus lábios de forma carinhosa, Max estava em seu conforto total agora, nada poderia estragar isso.

— Como? Quer dizer, quando? – pergunta confuso — Você não estava preparando aula?

— Estava, verbo estar no passado, Liebe. – diz a Schumacher com um sorrisinho no rosto. — Temos um dia e uma noite antes que eu volte para Califórnia.

— Um dia e uma noite? – questiona Max, arqueando uma de suas sobrancelhas.

— Nem um dia a mais.

— Então se arruma, vou te levar a um lugar –  disse o holandês, beijando a alemã de forma carinhosa.

Entretanto, Elys já sabia para onde iria, não havia um segundo sequer em que Max não falou sobre o Shark Reef Aquarium.

Eles chegaram ao Mandalay Bay com grande expectativa, prontos para explorar o Shark Reef Aquarium. Logo na entrada, foram recebidos pela atmosfera misteriosa do lugar, com luzes suaves e o som distante da água. De mãos dadas, caminharam em direção às primeiras exposições, onde peixes coloridos nadavam graciosamente em tanques decorados com corais exuberantes.

Enquanto se aproximavam do túnel de vidro, ambos ficaram em silêncio, maravilhados. Tubarões imensos passavam lentamente sobre suas cabeças, suas sombras projetando-se nas paredes. A Schumacher, encantada, apertou a mão de Max e sorriu, sentindo-se pequena diante da majestade do oceano recriado à sua volta. Ele, por sua vez, estava igualmente hipnotizado, observando cada movimento dos animais com fascinação.

A cada passo, o aquário revelava novas criaturas – arraias deslizavam suavemente pelo fundo, e uma enorme tartaruga marinha nadava tranquilamente ao lado deles. Pararam diante do crocodilo dourado, cujo olhar intenso parecia observar cada visitante. Elys comentou sobre a beleza exótica do animal, e o piloto concordou, hipnotizado com a beleza da garota em contraste a luz do ambiente.

— O que tem de errado? – questionou a ele, mesmo com alguns anos de namoro, não estava acostumada com toda essa admiração.

— Você fica linda no azul. – Falou, colocando uma mecha dos fios loiros atrás da orelha da garota.

— Ah, Maxie! – murmurou sem jeito, com sua pele levemente avermelhada.

Ele riu.

Se soubesse que em 832 dias não teria mais esse sorriso, esse leve protesto e nunca mais veria o modo como a sua pele ficava avermelhada sempre que a elogiava, ele teria feito muito mais.

Teria feito muito mais do que apenas elogia-la, teria dado-lhe o mundo, teria amado melhor, cuidado melhor. Viveria tudo novamente, exceto que,  desta vez, estaria atento aos pequenos detalhes.

— Eu deveria fazer você dirigir a noite toda só porque eu disse que deveria. – comentou a mais velha, mudando de assunto.

— Eu não disse que você deveria – rebateu o piloto, em tom de humor enquanto arqueava as sobrancelhas.

— Correção, Eu quero fazer você dirigir a noite toda só porque eu disse que deveria. – disse com um estalo na língua, sorrindo de canto.

Se soubesse que nunca mais teria isso, ele com certeza faria melhor.

— Deveria é? – questionou de forma retórica — Para onde me levaria, senhorita Schumacher?

— Faria você cruzar todo o principado de Mônaco apenas para me ver na França, ou melhor, apenas para me assistir esquiar nos Alpes Franceses em Méribel.

— Me faria dirigir seis horas e vinte e cinco minutos? – questionou Max em humor.

— Meine Liebe, eu dirigi oito horas e quarenta e um minutos por você. – rebateu a mulher.

— Tem razão, você merece mais. – murmurou o Verstappen como quem foi derrotado. — Eu correria Mônaco inteiro apenas para chegar aos Alpes Franceses por você, Elysis Schumacher

Ela riu jogando a cabeça para trás.

E se ele soubesse que não teria mais essa risada...

Apenas se ele soubesse.

— Não é pra tanto, não quero meu namorado morto na tentativa de um ato romântico –  disse Elysis, passando os braços em volta do pescoço do homem.

— Porque não? Romeu morreu por Julieta na tentativa de um ato romântico, agora eles estão juntos por toda eternidade. – argumento, abraçando a cintura da namorada.

— Não somos Romeu e Julieta, Liebe. Não precisamos morrer para estarmos juntos por toda eternidade.

— Tem razão. – Max sorrio, depositando um selar em seus lábios.

— Já disse que te amo hoje? – perguntou a Schumacher.

— Não, mas quero ouvir – falou o namorado, com um sorriso leve.

— Eu te amo hoje, Maxie. – relatou, escondendo o rosto na curvatura de seu pescoço.

— E amanhã? – acariciou os cabelos, fazendo a mesma pergunta clichê de todos os dias.

— Vai ter que estar comigo para saber. – disse Elysis baixinho, acariciando a nuca do piloto.

Ela esteve.

Esteve pelos próximos dois anos. E um dia relevante logo se tornou comum, mas sobre esse dia, vale a pena comentar duas coisas.

Primeiro, ela estava errada sobre a eternidade.

Eternidade é apenas um conceito cruel para fazer os bobos apaixonados acreditarem em um depois logo após o agora.

Por toda a eternidade, foi apenas uma mentira para esconder que a eternidade significa até o fim de sua vida e depois disso, não estariam juntos depois disso.

Segundo, Elysis estava certa.

Não eram Romeu e Julieta, eram melhor, eram mais.

Eram Max  Emillian Verstappen e Elysis Margareth Schumacher, únicos, especiais e pertencentes um ao outro.

Não precisavam morrer agora para ficar juntos, e no fim, apenas no fim, um morre no final enquanto o outro acredita que existe a eternidade, que existe a chance de estarem feliz no após a morte quando na verdade a eternidade nunca existiu.

E todas as promessas se tornaram vazias, todos os planos de vida se tornaram memórias inviáveis e todos aqueles "para sempre" mencionados são ignorados pondo um fim em um ciclo maravilhoso.

Restavam apenas oitocentos e trinta e um dias. Isso tudo porque a eternidade não existe, e o para sempre?

Sempre acaba.