CONSTELAÇÃO DE SAUDADE

4 6 0
                                    


Caminhei pelas ruas de memórias, onde o tempo parecia suspenso, os passos ecoando em um silêncio que só o coração compreende. Teus olhos, outrora estrelas em meu céu, hoje são sombras que vagam na distância intransponível de nossos dias.

Há um peso em cada amanhecer, uma ausência que se infiltra nas frestas da vida cotidiana. Teu sorriso, guardado em um canto seguro da alma, é uma lembrança que aquece e fere, como uma chama branda que jamais se apaga.

Em cada esquina, sinto o fantasma de nossas conversas, palavras sussurradas que o vento levou, mas que permanecem gravadas em minha pele. O amor, esse sentimento indomável, transformou-se em saudade, uma melodia triste que ressoa no compasso do meu peito.

O que éramos, agora são fragmentos de uma história interrompida, um livro cujas páginas foram arrancadas pelo destino implacável. E mesmo que o silêncio seja a ponte entre nossos mundos separados, o amor persiste, invisível mas palpável, como a brisa que acaricia o rosto numa tarde de outono.

Amar-te na distância, sem a troca de palavras, é um ato de fé e de lembrança. É um jardim secreto onde cultivo as flores de nossos momentos, regadas pelo orvalho das lágrimas que verte em tua ausência. E mesmo que o presente nos negue a companhia, o passado guarda nossa essência, imortalizada na eternidade dos sentimentos que não morrem.

Assim, sigo amando-te em silêncio, na poesia que escrevo e nas estrelas que contemplo. Pois, mesmo sem tua presença, teu amor é a constelação que guia meus passos na vastidão do universo.

Versos da Existência : Uma Coletânea de TextosOnde histórias criam vida. Descubra agora