Ellie recusa a chamada em seu celular pela décima vez enquanto corta os tomates do jantar, alguém bate incessantemente na porta da frente de sua casa, Ellie finge não ouvir, quando o celular toca novamente ela sente um rubor tomar conta do seu rosto e sua feição muda drasticamente, franze a testa e bate com a faca na pia, enxuga as mãos, e abre a porta revirando os olhos.
— Sério mesmo Joseph? Isso que está fazendo chama-se perseguição. Fala sério, qual o seu problema?
— Ellie por favor me escuta, eu prometo que se me escutar pela última vez, eu nunca mais apareço na porta da sua casa, e desisto das mensagens e também das ligações. — Joseph se inclina para entregar um buquê de rosas brancas para Ellie, mas ela empurra sua mão com força, fazendo-o derrubar o pequeno buquê no chão.
— Não há nada para ser dito, nem por você e nem por mim, agradeço por ter se lembrado de que a rosa branca é minha flor favorita, mas deveria tê-la me dado quando eu ainda cozinhava para você, o fazia rir e cuidava das suas plantas do jardim, embora nada disso tenha tido importância de fato para você.
— Ellie eu sei que eu errei, sei que não deveria ter ficado com outra pessoa, mas acabei bebendo demais e...
— Não diga mais nada Joseph, você continua o mesmo, nunca assume seus erros, e sempre culpa algo ou alguém, e quer saber eu já me cansei disso, caia fora ou vou chamar os guardas do condomínio para lhe tirar daqui. Aliás, como você entrou aqui, digo, quanto pagou ao porteiro?
— Não importa Ellie, nada disso importa, se você me der uma chance eu posso te levar ao Lagon's, sei que suas comidas favoritas incluem frutos do mar e azeite de dendê, posso te comprar rosas brancas todos os dias, e podemos ir a praia todas as semanas.
— Eu não quero ir a restaurantes caros, muito menos me aproveitar da sua casa de veraneio, seus vinhos secos são horríveis, assim como seu péssimo gosto musical, estou cansada de você Joseph, eu não sinto mais nada por ti, além do mero arrependimento de ter o conhecido. — responde Ellie, enquanto bate a porta rapidamente, fazendo a madeira ranger, e o silêncio de estar sozinha novamente adentrar sua cozinha.
Ellie sabia que se fosse como as outras garotas do condomínio em que morava, Joseph teria quantas chances forem necessárias para estar sempre se redimindo pelas traições, para estar sempre voltando para a casa com um pedido de perdão, afinal ele era um homem de presença, que tinha cheiro de perfumes franceses, bebia vinhos caros, comia nos melhores restaurantes e comprava as melhores roupas.
Mas Ellie não se importava com dinheiro ou bens materiais, ela era quase sempre rude e esbanjava um grande controle emocional, que a fazia parecer forte e antipática ao mesmo tempo, apesar disso ela era extremamente empática e acolhedora, além de sexy, no fundo todos os rapazes achavam que ela era um combo completo de excentricidades que os faziam se apaixonar rapidamente, embora ela também nunca ligasse para a quantidade de garotos que queriam uma chance de a levarem ao cinema ou para um jantar especial. Sempre dava de ombros quando alguém a pedia seu número de telefone, ou a elogiava.
Na semana anterior a mãe de Joseph usou um telefone desconhecido para ligar para a Ellie, pois sabia que ela jamais a atenderia se usasse seu número próprio, assim que Ellie atendeu a chamada, Elisabeth descarregou toda a amargura guardada em seu peito em forma de palavras horrorosas que fizeram Ellie rir, dentre elas estavam "Megera, Bruxa e Interesseira". Ellie ouviu todas as ofensas atentamente e depois desligou a chamada, voltando sua atenção para o livro de ficção sobre o espaço e tempo, o qual estava lendo.
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A Indomável
Literatura FemininaA história de Ellie Watson, uma mulher de apenas 25 anos, que já fora chamada de Perversa, Rebelde, Louca, Imatura, Mentirosa, Interesseira, Bruxa, Malvada, Cruel e Escória social. Ellie passou a gostar de si, depois de odiar-se, seguiu seus sonhos...