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Yoohyeon POV

De dentro da escola, observo Minji e Siyeon indo embora rapidamente, enquanto ela ainda estava do mesmo jeito. Sinto a mão de Bora em meu ombro, me passando um leve conforto.

- E-eu preciso saber o que está acontecendo, SuA. Não posso mais não fazer nada quando ela fica assim. Quero saber ajudá-la. Não consigo vê-la desse jeito, dói demais. - sinto uma lágrima escorrer de meu rosto.

Bora me vira e me abraça, mas não conseguia parar de olhar para a saída, pensando no que acabou de acontecer.

[...]

Passei o fim de semana inteiro tentando falar com Minji, mas sem sucesso. Hoje é terça-feira, mas a semana está passando tão devagar que está quase parando. Ela não veio à aula ontem e hoje, o que faz o tempo passar mais lento ainda. Agora estamos no intervalo, sentadas na mesa de sempre, mas algo está faltando e isso me incomoda.

- Alguém sabe sobre algo? - Handong pergunta, preocupada. - Yubin? Gahyeon?

- Não podemos falar, Dong. - Bora se pronuncia, me fazendo olhar surpresa para minha melhor amiga.

- Desde quando você tem notícias dela? - ela abaixa a cabeça.

- Desde sábado... mas não posso contar nada para você, Yoo. Desculpa por isso.

- Inacreditável. - solto um riso sem humor.

- Bom dia gente! - ouço a voz do meu tio atrás de mim. - E aí, sobrinha.

- Oi, tio. - digo de maneira curta e sem empolgação.

- 'Tá afim de dar uma volta hoje? Posso te levar lá no parque hoje e...

- Não, valeu. Vou ficar em casa. - o corto e me levanto. - Vou ao banheiro.

Pego minha mochila e sigo em direção aos corredores, ouvindo leves murmúrios confusos vindos do grupo e do meu tio. Não me leve a mal, mas realmente estava sem animação para conversar com ninguém, principalmente depois da revelação de Bora. Minha melhor amiga sabia sobre a minha... sei lá, e não me falou nada. Por mais que eu saiba que isso é para a proteger, ainda sim machuca.

Passo meu intervalo no banheiro apenas pensando nisso, pois não conseguia me distrair com nada. Assim que o sinal toca, coloco minha mochila em minhas costas e respiro fundo antes de me dirigir até a vice-direção no intuito de me desculpar com meu tio, já que fui babaca sem querer.

Chego na entrada da sala da secretária, que faz uma reverência com a cabeça. Assim que olho para a porta da sala dele, vejo Siyeon sentada do lado de fora. Quando ela me vê, ela se levanta e vem até mim.

- Por favor, espere, okay? - ela parece um pouco assustada.

Resolvo passar por ela e ir em direção à porta, colocando minha mão sobre a maçaneta. Assim que abriria, ouvi algo que me deixou genuinamente preocupada e com medo.

- O que você falou para ela, sua inútil? A única coisa que falei para você fazer era ficar longe, então você vai correndo contar para ela?!

- N-não, senhor. Eu não contei nada, eu juro!

Essa era... Minji? Sua voz parecia bem assustada e nervosa, como se estivesse tendo uma das crises igual àquele dia. Me afasto da porta e olho para Siyeon, que me olhava também assustada.

- O q-que...

- E-eu posso explicar, okay? Mas agora, por favor, se afaste. Ela não ia querer que você escutasse isso. - ela segura meus braços e tenta me afastar da porta, mas tento me soltar, a fazendo abraçar meu corpo.

- Não, Siyeon. Eu preciso saber o que está acontecendo. Me solta!

- Desculpa, Yoo. Mas eu não posso. - tento me soltar, mas ela é mais forte. Droga, ela é muito forte.

- Lee Siyeon, me solta agora! - assim que tentaria novamente, vejo a porta sendo aberta e a cena quebrou ainda mais meu coração.

Minji estava em frente à porta, sem expressão nenhuma em seu rosto. Meu tio estava atrás, virado de costas. Ela tenta passar por nós após fechar a porta novamente, mas eu seguro seu braço. Ela não estava olhando para mim.

- Minji... olha para mim. - seguro seu rosto com uma de minhas mãos, sentindo novamente a maciez de sua pele. Tento a virar para mim, mas ela ainda não me olhava nos olhos. - Por favor, amor. Olha para mim, me deixe entrar. Eu deixo você ler minha mente se eu puder ler a sua também, lembra?

Assim que termino de falar, ela finalmente me olha nos olhos, mas isso só me deixa pior. Seu lindo olhar, incomparável com o universo, estava perdido em um grande e infinito buraco negro. Era um olhar completamente obscuro, quebrado. Conseguia ver as lágrimas se formando apenas ao me olhar. Ela me abraça forte, passando tudo que precisava.

- Eu estou aqui para você, Minji. Espero que nunca esqueça disso. Nunca mais. - a abraço de volta, fechando meus olhos ao sentir seu doce e perfeito cheiro novamente.

[...]

Volto para onde estávamos sentadas do lado de fora da escola com uma garrafa de água para Minji, que estava ao lado de Siyeon. Entrego a garrafa para ela, que me olha e me lança um pequeno sorriso, claramente sem emoção. Me agacho em sua frente, me apoiando em suas pernas.

- Como você está? - pergunto baixo, arrumando uma mecha de seu cabelo atrás de sua orelha.

- Pergunta difícil, Kim. - ela ri de leve.

- Não sei como consegue brincar em uma situação como essa. O que aconteceu? Qual a sua relação com meu tio.

Ela me olha surpresa e respira fundo, olhando para Siyeon logo depois. Ela assente lentamente, a encorajando. Minji olha para suas próprias mãos e me olha em seguida. Siyeon se levanta e me faz sentar ao lado dela, nos deixando a sós logo depois.

- Começou ano passado, quando minha mãe conheceu o Sr. Kim no bar em que ela trabalhava. Os dois ficaram conversando a noite inteira, até que semanas depois o relacionamento deles avançou e, cerca de um mês depois disso, eles já começaram a namorar. Eu sempre soube que ele trabalhava aqui na escola, mas não fazia ideia de que era o vice-diretor. - ela me olha e pega minhas mãos.

- Mas o que aconteceu? - pergunto mais preocupada.

- Ele... ele começou a me agredir fisicamente e verbalmente quando descobriu que eu gosto de garotas, depois quando tirei notas boas. - ela olha para nossas mãos enquanto mexe com elas, como uma forma de descontar seu nervosismo. - Eu estava tão preocupada com a nossa nota no trabalho de história por isso, Yoo. E eu estava certa. Naquele dia que cheguei em sua casa, eu não havia sofrido um acidente ou me envolvido em uma briga com ninguém. Além de me agredir, ele tentou... ele...

Sinto minha garganta se fechar em um nó tão apertado que quase não me deixava respirar. Minhas mãos tremiam só de imaginar o que Minji pode ter passado nas mãos dele. Olho para seu rosto, já com bochechas molhadas por conta de algumas lágrimas. Sinto meus olhos se encherem com toda essa informação. Informação essa que seria sobre meu próprio tio, e que parecia realmente verdadeira, levando em conta o que ouvi por trás daquela porta, naquela sala. Estava em choque enquanto processava tudo aquilo.

Ela não conseguia falar. E eu, não conseguia reagir.

Missed Call • JiyooOnde histórias criam vida. Descubra agora