Missed Call • Jiyoo

05 ◇

Yoohyeon POV

Tudo bem, um trabalho com essas duas não pode ser tão ruim, certo? É só eu e Bora liderarmos o grupo e dividir tudo por nós duas, já que tenho certeza de que elas não farão nada. O sinal toca, indicando o término das aulas naquele dia, então arrumo minhas coisas rapidamente e me aproximo da mesa das delinquentes.

- Vocês podem deixar que eu e Bora fazemos o trabalho. Sei que não querem fazer nada e quero garantir meu dez. - sou direta, atraindo olhares confusos de ambas.

- Não. Nós vamos nos encontrar como um grupo normal de trabalho para fazermos. Acredite, podemos ajudar mais do que imaginam. - Siyeon me responde, arrancando um sorriso de Bora, que me olha em expectativa. Suspiro e reviro os olhos, rendida.

- Tá bom, onde podemos nos encontrar? - minha melhor amiga abraça meu braço e sorri mais em comemoração.

- Na minha casa. Vou avisar meus pais. Para a minha sorte, eles não tem problemas com isso. - Siyeon se levanta e termina de arrumar suas coisas e coloca sua mochila nas costas, juntamente com Minji. - Aviso vocês quando estiver tudo pronto para recebê-las.

Começamos a andar juntas para fora da sala, algo que chamou a atenção de muitos alunos que estavam espalhados pelos corredores. É claro que chamaria, as "garotas mais inteligentes e populares" da escola com as delinquentes. Odeio me sentir assim. Quando nos separamos para irmos em direção aos carros, ouço a voz de Minji ao meu lado.

- Vamos nos ver fora da escola agora? Uau, nosso relacionamento realmente está evoluindo. Cuidado pra não se apaixonar, gatinha. - ela me lança um sorriso convencido e se afasta.

Minha primeira reação foi revirar os olhos em reprovação. Lá estava a Minji de verdade, não a quieta da sala que realmente parece se interessar nas matérias. Mas depois... eu sorri. Por que diabos eu sorri?

- Yoohyeon! - Bora me chama alto e eu me assusto, a olhando. - Eu te chamei e você estava viajando. Está sorrindo para o que? - ela pergunta e sorri.

- N-nada. Vamos embora. - passo por ela e entro em seu carro, a vendo dar a volta e fazer o mesmo.

[...]

- Chegamos! - disse Bora, estranhamente animada com a situação.

Assim que ela me buscou, fomos direto à casa das irmãs Lee, que ficava do outro lado do meu condomínio. Isso nos facilitava quando íamos visitar Gahyeon frequentemente, algo que me fez conhecer melhor a irmã mais velha e passar a não odiá-la.

Saímos do carro e fomos em direção à enorme porta principal dupla, tocando a campainha dourada detalhada que ficava à direita. Esperamos por apenas alguns segundos, até que ambas foram abertas por dois funcionários. Nos curvamos para eles e eles repetem o gesto.

- Siyeon está em seus aposentos. Irei acompanhá-las até lá. - um deles sai do lado da porta e fica em nossa frente.

- Não precisa, muito obrigada. - Bora responde e me puxa para as escadas.

Passamos pelos corredores e pela porta do quarto de Gahyeon, que estava fechada. Suponho que está com Handong lá dentro ou fora de casa. O pensamento me deixa com um sorriso leve no rosto. Adoro pessoas apaixonadas e mais ainda quando são meus amigos.

- Pode entrar! - ouço Siyeon gritando do outro lado da porta logo após minha melhor amiga bater nela.

Assim que Bora abre a porta, observo seu quarto por dentro pela primeira vez. Duas paredes pintadas de cinza escuro, uma cama king com roupas de cama em preto e branco localizada no centro à esquerda, um piso de madeira escura, uma mesa preta à direita com um computador gamer como sempre quis ter e uma TV enorme acima dele. No chão, um grande tapete preto localizado no meio do cômodo. Realmente era como o esperado.

- Oi meninas! Nós já estávamos separando as partes que vamos dividir do trabalho. Estávamos pensando em tópicos, como uma linha temporal. - Siyeon se levanta e nos mostra o caderno dela, realmente havendo uma linha do tempo com os acontecimentos mais importantes.

- Já que o nosso tema é Segunda Guerra Mundial, acaba sendo mais fácil. - Minji diz, tirando minha atenção.

Observo que ela estava sentada na cama da Lee. Estava vestindo apenas um moletom preto e um short curto e colado da mesma cor. Seu cabelo estava preso em um coque levemente desarrumado e ainda estava com seus óculos escuros. Ela é linda... Espera, o que? Por que está pensando nisso, Yoohyeon?

- Gostou do que está vendo, Kim? - sou retirada de meus devaneios pela própria Minji. A morena estava com um sorriso convencido no rosto, me fazendo corar e desviar o olhar.

- V-Vamos começar esse trabalho logo. - digo e pego o caderno de Siyeon, deixando minha mochila no chão e me sentando em seguida, separando meu estojo para fazer alguns rascunhos.

[...]

Isso é novidade para mim.

Acabo de presenciar uma Kim Minji e uma Lee Siyeon estudiosas e inteligentes. Muito inteligentes, na verdade. Além de terem dividido os temas, elas fizeram uma apresentação muito bem elaborada de cada um, detalhando perfeitamente cada parte e sem fazer pesquisa alguma. Realmente me surpreendi com isso. A porta do quarto é aberta repentinamente, revelando uma Gahyeon confusa nos olhando.

- Então é verdade. Isso é uma surpresa. - ela diz e sorri.

- Como sabia que estávamos aqui? - Bora pergunta e se levanta do tapete.

- Seu carro do lado de fora, bobinha. - ela ri. - Bom, vou deixá-las fazendo o trabalho.

- Da próxima vez, bate na porta, pirralha. - Siyeon diz, a irritando de propósito.

- Não me chama assim, unnie! - fala alto e fecha a porta rapidamente. Momentos depois, nós acabamos por rir de sua reação.

Assim que voltaria a finalizar o trabalho com meu grupo, meu celular começa a tocar. Peguei-o para desligar, mas quando vi o nome na tela, me levantei da cama.

- Só um minuto. - digo e saio do quarto, atendendo no corredor.

- Yoohyeon. - ouço meu pai do outro lado da linha. - Eu e sua mãe vamos viajar novamente. Pretendemos passar cerca de um mês na Ásia promovendo nossa empresa e procurando investidores. Não faça nada estúpido enquanto estivermos fora.

- Sim, senhor. - ele desliga e eu deixo meus ombros relaxarem.

Encosto na parede ao lado da porta e fecho os olhos enquanto respiro fundo e acalmo meu coração, já disparado. Estava esperando seu sermão por não estar em casa, ou a lista de coisas que deveria resolver naquele dia. Mas é claro que seria mais uma viagem. Eles sempre fazem isso e nunca são presentes. Na verdade, sempre contam com duas equipes: a de casa e a do colégio. Sim, eles também tem influência sobre a equipe da minha escola, já que meu tio é o vice-diretor.

Resumidamente, não tenho paz em lugar algum. Mas tenho sorte de ser acobertada algumas vezes pela equipe de casa. Como quando fiz uma festa do pijama para meu pequeno grupo e eles me ajudaram, algo que sou completamente proibida de fazer.

Resolvo voltar para o quarto quando sinto meus batimentos se acalmarem, me sentando na cama novamente para finalizar o trabalho com as meninas.