𝟎𝟎𝟐. 𝓛iving 𝓝ightmares

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"𝑨𝒏𝒅 𝑰'𝒎 𝒔𝒊𝒄𝒌 𝒐𝒇 𝒘𝒂𝒊𝒕𝒊𝒏𝒈 𝒑𝒂𝒕𝒊𝒆𝒏𝒍𝒚
𝑭𝒐𝒓 𝒔𝒐𝒎𝒆𝒐𝒏𝒆 𝒕𝒉𝒂𝒕 𝒘𝒐𝒏'𝒕 𝒆𝒗𝒆𝒏 𝒂𝒓𝒓𝒊𝒗𝒆
― ʀᴏᴍᴀɴᴛɪᴄ ʜᴏᴍɪᴄɪᴅᴇ"
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Ele se sentia um idiota fazendo aquilo. E de fato era. Tudo não passava de um simbolismo idiota. Uma pedra idiota, com uma escrita idiota, num lugar idiota e um epitáfio idiota.

"Amado amigo, irmão e pai"

Não havia nada enterrado ali, apenas um caixão vazio. Mas o mausoléu com o triskelion em cima era o único lugar onde ele não se sentia tão vazio ultimamente. O único lugar onde ele não precisava lidar com as perguntas incessantes sobre como foi sua aula, como ele estava, se estava tudo bem.

Não.

Nada estava bem.

Seu pai estava morto. Seu melhor amigo. Morto. A única pessoa que o amou incondicionalmente: morto.

Outras pedras não tão idiotas, com escritas não tão idiotas e um lugar não tão idiota e epitáfios não tão idiotas também estavam ali. Ele não conhecia nenhum dos nomes ou nenhuma das pessoas, que agora não passavam de pó dentro dos caixões podres. O epitáfio diante dele, ao lado do epitáfio idiota a qual ele sempre sentava perto, era o que ele sempre encarava.

"Amor de uma mãe que se estendeu muito além de seus filhos."

Eli sentia o peso do mundo em seus ombros. A cada visita ao mausoléu, ele tentava se convencer de que estava prestando uma homenagem, mantendo a memória viva. Mas, na verdade, ele estava apenas buscando um lugar onde pudesse desmoronar sem ser observado, sem precisar se explicar.

As aulas na escola, os olhares de pena dos professores, os sussurros dos colegas de classe... tudo isso era insuportável. O que eles sabiam sobre perda? Sobre dor? Sobre o vazio esmagador que consumia cada momento de sua vida?

"Se precisar de algo, não hesite em pedir" Diziam os professores. Nenhum deles realmente se importava, mas precisavam fingir que sim para manterem boas impressões na direção da escolar.

Ao menos os alunos eram mais sinceros. Adolescentes não se importam com os sentimentos que não sejam os deles próprios. "Sabia? O pai daquele menino morreu, ele é órfão e mora com o tio-avô agora", "Dizem que não teve corpo pra enterrar", "Não é o menino que teve a família incendiada há uns vinte anos?", "Tadinho, ouvi dizer que o pai dele era mafioso e por isso morreu". Falatório e falatório sem fundamento.

Eli passava horas sentado ali, em silêncio. Às vezes, falava com a pedra como se Derek pudesse ouvir. Contava sobre seu dia, suas frustrações, suas lutas internas. Sabia que era ridículo, mas, de algum modo, isso o ajudava a suportar a dor.

― Eu sei que deveria seguir em frente, ser forte... ― murmurava, a voz embargada. ― Mas eu não sei como. Não sem você. Scott, Peter, Malia... fazem tudo parecer fácil, como eles fazem isso?!

O vento soprava através do cemitério, trazendo consigo o cheiro de terra e folhas secas. Eli fechou os olhos, tentando imaginar a voz de seu pai, o som reconfortante que sempre soubera como acalmá-lo.

― Eles dizem que o tempo cura, mas eu não sinto isso. Cada dia parece pior que o anterior. Parece que tudo se afunda mais dentro de mim.

Ele olhou novamente para o epitáfio ao lado.

𝐃𝐚𝐫𝐤 𝐏𝐚𝐬𝐭 ― 𝐓𝐞𝐞𝐧 𝐖𝐨𝐥𝐟Onde histórias criam vida. Descubra agora