Furia e desejo

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Um mês passou rapidamente, e Heloísa estava extremamente atarefada na delegacia. Pela primeira vez, ela estava à frente de um caso e isso a deixava ansiosa e preocupada. Obviamente, ela não contou a ninguém sobre seus sentimentos. Já atuava como delegada há um ano e meio e, antes disso, quando ainda era policial, tinha algum conhecimento sobre o caso. Sentiu-se grata ao saber que ele havia sido designado para suas mãos. Com a promessa de tirar férias depois de prender o principal suspeito, Heloísa estava dedicando todo o seu tempo ao trabalho, inclusive nos fins de semana. Raramente sua amiga a via, e isso só acontecia quando aparecia de surpresa na delegacia.

Pablo era o nome do homem que ela investigava há anos. Ele era acusado de tráfico de drogas, tráfico de pessoas e venda de animais silvestres. O criminoso parecia impossível de ser encontrado, sempre desaparecendo no último momento.

Após muito estudo, Heloísa descobriu que Pablo estava em Roraima. Ela e sua equipe foram até lá disfarçados, e, pela primeira vez, Pablo não desconfiou de nada. Ele até tomou um café com Heloísa para negociar a compra de drogas. Armou sua própria emboscada: no local combinado para a entrega do dinheiro, Pablo se viu cercado por policiais fardados, com Heloísa à frente, distintivo no peito, dando-lhe voz de prisão.

— Está preso! — disse Heloísa. Junto com Pablo, a equipe conseguiu resgatar muitos animais, que foram encaminhados ao IBAMA, apreendeu armamentos e libertou pessoas mantidas em cárcere privado. A operação foi tão bem-sucedida que apareceu em todos os jornais e sites de notícias. Ao chegar no Rio de Janeiro pela manhã, a porta da delegacia estava cheia de jornalistas querendo informações, até que Heloísa foi cutucada por Jô, a escrivã da delegacia.

— Doutora, dê uma olhada nisso! — disse Jô, entregando um papel à delegada. Ao ler, Heloísa ficou incrédula e cheia de raiva.

— Senhora, como foi o desenrolar da investigação? — perguntou um jornalista. Heloísa não teve coragem de responder, entrando na delegacia e pegando todas as provas que tinha contra Pablo para confrontar o advogado que enviou o habeas corpus para aquele desgraçado.

...

— Cadê ele? — perguntou Heloísa, furiosa, ao entrar no escritório de advocacia Alencar e Quadros.

— Com quem a senhora deseja falar? — perguntou Lena, que nunca havia visto a delegada antes.

— Doutor Stenio. Diga a ele que a delegada Heloísa Sampaio Savoia está aqui! — Naquele momento de raiva, Heloísa não se importava com sua amizade com o advogado; ela estava furiosa demais para isso.

— Vou chamá-lo!

— Não precisa chamar. Onde é a sala dele? — Lena apontou, e Heloísa passou como um furacão pelos advogados Laís e Haroldo, que, sem entender nada, não interferiram. — OLHA ISSO AQUI! — gritou Heloísa, jogando todos os documentos que comprovavam as acusações contra Pablo sobre a mesa do advogado, que atendia um cliente. Stenio arregalou os olhos, assustado. Nunca tinha visto Heloísa tão estressada. Ela estava vermelha de raiva, com as veias saltando na testa.

— Por favor, Heloísa, estou com um cliente!

— Mande sair, o que eu quero falar com você é mais importante! — O coração da delegada parecia que ia sair pela boca, e assim Stenio fez, fechando a porta atrás de si.

Heloísa: — Você é inacreditável, Stenio! — Heloísa praticamente gritava, seus olhos brilhando de raiva. — Enquanto você está aqui, todo calmo, Pablo está lá fora, pronto para continuar com seus crimes. Você não tem vergonha?

Stenio: — Vergonha? De fazer meu trabalho? Não, Heloísa, não tenho. — Ele se levantou lentamente, mantendo o tom calmo. — Se você quer culpar alguém, culpe o sistema, não a mim.

Destino entrelaçados : O amor que surpreendeu o coração Onde histórias criam vida. Descubra agora