Primeiras amizades

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Narradora point of view

O primeiro dia de aulas no internato São Vicente começou com uma mistura de nervosismo e excitação. Bianca e Carol, agora oficialmente colegas de quarto, estavam determinadas a enfrentar esse novo mundo juntas. As duas meninas desceram para o refeitório, onde o café da manhã estava sendo servido. O aroma de pão fresco e chocolate quente encheu o ar, trazendo uma sensação de conforto.

Bianca segurava firmemente a mão de Carol enquanto procuravam uma mesa vazia. Encontraram um canto tranquilo e sentaram-se, ainda um pouco tímidas, mas começando a se sentir mais à vontade na companhia uma da outra. Enquanto comiam, outras crianças passavam e trocavam olhares curiosos. Algumas pareciam já conhecer o internato, movendo-se com familiaridade, enquanto outras, como elas, estavam claramente navegando por território desconhecido.

Após o café da manhã, as meninas foram levadas à sala de aula. Sentaram-se lado a lado, como se aquela proximidade pudesse afastar qualquer medo restante. A professora, uma mulher gentil com cabelos grisalhos e um sorriso caloroso, começou a chamar a lista de presença.

- Bianca Oliveira? - chamou a professora.

- Presente! - respondeu Bianca, sua voz soando um pouco mais alta do que pretendia. Carol segurou sua mão debaixo da mesa, um gesto silencioso de apoio.

- Carol Martins? - a professora continuou.

- Presente! - Carol respondeu, apertando a mão de Bianca em um gesto de solidariedade.

Durante as aulas, as duas meninas descobriram que tinham muitas coisas em comum. Ambas adoravam desenhar e tinham uma fascinação por histórias de aventuras. Nos intervalos, passaram a brincar juntas no parquinho do internato. O grande carrossel e os balanços eram seus lugares favoritos. Em uma dessas brincadeiras, enquanto se balançavam lado a lado, começaram a trocar segredos infantis.

- Eu sempre quis ter um cachorro - confessou Carol, rindo ao imaginar um filhote correndo pelo jardim do internato.

- Eu também! - exclamou Bianca. - Talvez um dia possamos ter um juntas.

Essa ideia fez as duas rirem ainda mais, a possibilidade de um futuro compartilhado trazendo uma alegria nova e inesperada. A amizade delas crescia a cada dia, fortalecida por essas pequenas confissões e pelo apoio mútuo nas dificuldades.

Uma tarde, enquanto exploravam os jardins do internato, encontraram uma árvore alta e antiga, com galhos que pareciam convidar para subir. Decidiram que aquela seria a "Árvore Secreta", um lugar especial só para elas.

- Vamos subir? - perguntou Carol, olhando para cima, os olhos brilhando de excitação.

- Sim! - respondeu Bianca, já colocando o pé no primeiro galho.

Com um pouco de esforço e muitas risadas, as duas conseguiram subir e se acomodar em um galho forte. Lá de cima, podiam ver quase todo o terreno do internato. Era como se estivessem em seu próprio mundo, onde tudo parecia possível e nenhum medo podia alcançá-las.

- Aqui em cima, podemos ser qualquer coisa - disse Carol, os olhos fixos no horizonte.

- Podemos ser aventureiras, exploradoras... ou até donas de um canil - acrescentou Bianca, rindo.

A partir daquele dia, a Árvore Secreta tornou-se o refúgio delas. Sempre que se sentiam tristes ou sobrecarregadas, subiam até lá para conversar, rir e fazer planos para o futuro. O internato, que antes parecia um lugar assustador, começou a transformar-se em um lar, graças à amizade sincera que compartilhavam.

A amizade de Bianca e Carol também atraiu outros colegas. Entre eles, Pedro, um menino com cabelos cacheado e loiros e um sorriso travesso, que adorava inventar histórias de piratas e tesouros escondidos; Sofia, uma menina tímida, mas com um talento incrível para desenhar; e Lucas, sempre curioso e cheio de perguntas, que se juntava a elas em suas explorações.

Pedro logo se tornou o líder das aventuras, guiando o grupo por todas as áreas do internato que conseguiam acessar. Sofia trazia seu caderno de desenhos, registrando cada descoberta com seus traços detalhados. Lucas, por sua vez, fazia anotações em um pequeno caderno, documentando cada fato curioso que encontravam.

Certa vez, enquanto exploravam o porão do internato, Lucas encontrou um velho baú trancado. Com a ajuda de Pedro e muita imaginação, passaram dias tentando descobrir como abri-lo. No final, foi Bianca quem teve a ideia de procurar a chave no escritório do zelador, que, surpreendentemente, estava destrancado. Dentro do baú, encontraram velhas fotografias e objetos antigos, que deram início a novas histórias e especulações sobre o passado do internato.

Cada novo dia trazia uma nova descoberta, um novo segredo, e fortalecia o laço que havia se formado naquele primeiro encontro no salão principal. Bianca, Carol, Pedro, Sofia e Lucas estavam construindo uma amizade que prometia durar para sempre.

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