Capítulo 59

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Katherine sabia que aquilo era errado, Benedict sabia que aquilo era errado e qualquer pessoa que um dia viesse a saber daquilo, saberia que aquilo era errado, mas foi necessário. Quando Benedict Bridgerton pois a mão sobre o rosto da morena e ela pois sua destra sobre o rosto dele, ambos se afastaram, olharam nos olhos um do outro e então começaram a rir, os dois riram tanto que acabarem se esquecendo que estavam no quarto da casa da senhora Lancaster e poderiam ser escutados a qualquer momento.

Katherine levou a mão até a própria boca na esperança de conter os próprios risos e então levou a mão canhota até os lábios de Ben que parecia rir como se não houvesse amanhã.

- Isso nunca - Começou Katherine.

- Nunca daria certo.

Terminou Benedict e ambos riram mais um pouco antes de se abraçarem e caírem na cama do mesmo abraçados. Ben estava com o braço esquerdo aberto para confortar a cabeça da Kate que estava sobre o mesmo. Aquilo poderia ter sido um momento constrangedor, se eles não fossem tão amigos. A verdade é que Benedict admirava a garra de sua amiga e talvez certa admiração e amor amigo tenham sido confundidos por algo a mais.

O beijo não teve faíscas, apesar de ter sido apenas um estalo, um selinho, uma bitoquinha, não havia nada que o fizesse sentir algo a mais para continuar. Não estava sedento, apaixonado ou aprisionado aquela mulher. Ele a amava e faria de tudo para garantir que ela ficasse bem, mas não passava disso. Mas foi nesse momento que Katherine se sentiu confiante o suficiente para contar a Ben sobre o que realmente se tratava aquela "fuga" e volta para casa.

- Ben... -  Katherine o chamou enquanto erguia o olhar para encarar o amigo.

- Sim, Kat? - O moreno questionou enquanto direcionava seu olhar para  baixo para encontrar os olhos da amiga.

- Podemos sair hoje? - Ela pediu enquanto se ajeitava na cama e escorava seu antebraço na cama para isso. - Não sei para onde, apenas nós dois. Preciso conversar algo com você. - Ela explicou e então o Bridgerton a olhou de forma curiosa.

- Claro, mas o que houve? Você ficou... - Ben tentou explicar enquanto encarava o rosto dela tentando decifrar a emoção que ela estava emanando. - Não sei... brava? Triste? Confusa? Um pouco de tudo? - Ele terminou segurando o maxilar da mulher, mas acabou com ambos rindo um pouco.

- Eu estou bem, só preciso de um pouco de ar sem precisar me preocupar se vamos nos esconder para que ninguém nos escute. - Ela explicou para ele segurando a mão dele e a beijando nas costas antes de aconchega-la em seu rosto e escorar sua bochechas nas mãos do artista.

- Claro, eu entendo. Tentarei falar com a senhora Lancaster para sequestra-la um pouco no fim da tarde de hoje. - Ben disse e aproveitou para fazer carinho no rosto da mulher.

- Parece ótimo...

Kate disse antes de conversarem mais um pouco sobre como andavam as coisas em Londres, Benedict lhe contou sobre as fofocas e claro, evitou falar sobre Antony Bridgerton e seu casamento com Siena.  E ela agradeceu mentalmente por isso, não queria lidar com mais um sentimento ruim causado pelo primogênito dos Bridgertons agora. 

Ela fugiu do quarto de hóspedes em que o homem estava com cuidado para não ser pega, foi para seu quarto  e viu a xícara  de chá sobre sua escrivaninha, torceu para que tivesse sido a senhora Marjorie. Ela com certeza não era a pessoa mais simpática do  mundo, mas era viúva e sem filhos, dificilmente uma mulher seria tão feliz diante de tal situação, mas era uma boa governante e Kate sabe que ela faria de tudo para que a paz na casa de seus patrões permanecessem, afinal ela também amava sam como um filho. 

E com sua mente a mil e apesar de ter demorado, a jovem acabou dormindo até quase a hora do almoço, quando finalmente se levantou quando foi chamada e compareceu a mesa para ajudar a servi-la, afinal, querendo ou não ainda era uma empregada, não importava se havia recebido um dia de folga ou não. Já havia abusado muito da boa vontade de seus senhores e não queria se aproveitar ainda mais, principalmente agora que pretendia ir embora.

E apesar de ter recusado a se sentar a mesa, Sam e sua mãe insistiram para que isso acontecesse e assim o fez. O que Katherine não sabia, ou melhor, fingia não saber caros leitores, é que Samuel Lancaster era apaixonado por ela e sua mãe era tão conviteira quanto Lady Violet poderia ser e ela faria de tudo para que seu filho fosse feliz e como bônus , ela ainda gostava da moça, por mais que seu esposo desaprovasse.

- Então senhora Sheffield, eu estava pensando se poderia me emprestar Kate hoje a tarde. - Benedict disse enquanto colocava seu guardanapo de pano bordado com fios de ouro sobre o colo, após terminar o almoço. - Queria ver algumas coisas para levar de lembrança para minhas irmãs e Kate ainda conhece seus gostos melhor do que eu.

- Não  sei se é uma boa ideia. Kate querida, você se sente melhor? - A mais velha questionou enquanto encostou seus pulsos na borda da mesa e a encarou.

- Sim senhora Sheffield e acredito que um pouco do ar puro da cidade possa me ajudar com isso. - Katherine respondeu a ela, oferecendo a mais velha um sorriso gentil. 

- Tudo bem, se seu médico concordar... - A mulher disse enquanto olhava para o filho que até então seguia em silêncio e pensativo.

- Hm... claro, se Kate diz que está bem. - Ele disse olhando para a mãe e então afastou a própria cadeira para que pudesse se levantar. - Mas agora tenho que ir, o senhor Fredman me espera. - Ele disse enquanto se levantou da mesa para dar um beijo no topo da cabeça de sua mãe, se despediu de Kate com um aceno e do Bridgerton com um toque em seu ombro.

- Bom, se o médico permitiu. - A senhora Lancaster disse com um sorriso não tão convincente. 

- Obrigada senhora Lancaster. - Ben disse e se levantou beijando a mão da mulher, enquanto Kate fez o mesmo, mas para retirar os pratos da mesa.

Enquanto fez isso Katherine  viu Samuel descendo as escadas para ir trabalhar, então se lembrou - não que em algum  momento ela tenha realmente se esquecido - de que havia sido um tanto rude com ele mais cedo. 

- Sam. - Chamou o moreno que parou no final da escada e olhou em direção a voz dela.

- Sim? 

- Podemos conversar? É rápido, prometo que não irei tomar muito do seu tempo.

- Claro. - Ele disse após olhar para o relógio rapidamente.

- Ok, me espera lá fora? Apenas vou terminar de tirar a mesa. - A morena pediu e o homem assentiu com a cabeça antes de se dirigir para o lado de fora da casa. 

Cerca de 10 minutos depois, quando finalmente terminou de tirar a mesa, Katherine foi até o lado da fora da casa, Sam estava sentado em um banco de madeira tingido de branco. A luz do sol reluzia em sua pele e não parecia incomodar, já que apesar do horário o céu parecia nublado, sinal que o inverno começava a chegar na cidade de York.

- Desculpe se o fiz esperar demais. - Katherine disse após se aproximar dele e parar em pé ao lado do banco. 

- Tudo bem, eu já estou acostumado a esperar por você.

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