09 - Casa

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Sarah Andrade

Não percebi quando dormi, mas acordei com Carla tocando meu braço.

Carla: Sarah, está tarde, quer dormir aqui? - Eu acordei e senti um peso em minhas pernas, quando olhei tive a visão mais fofinha do mundo, Juliette com um bracinho largado na cama e outro segurando o Ursinho, e ouvimos um barulhinho de pequenos estalinhos.

Sarah: Vou para casa Carla, não quero atrapalhar mais.

Carla: Não atrapalha, eu e Thais podemos ir dormir em outro quarto.

Sarah: Mesmo assim Ca, prefiro ir para casa e deixar vocês descansando.

Carla: Então a Thais leva você pode ser? - Carla perguntou quase afirmando.

Sarah: Claro, vocês não vão deixar eu negar isso.

Levantei a cabeça da Ju com calma, e deitei ela novamente, arrumando a posição dela.

Ela se mexeu se arrumando e sugando mais forte a chupeta como se sua vida dependesse daquilo.

Thais me deixou em casa e eu fui dormir.

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Juliette Freire

Acordei e não lembro em que momento a Sarah foi embora, não sei, mas eu estava sentindo falta do carinho dela, era gostoso, leve.

Minhas mamães estavam dormindo ainda, levantei bem devagarinho  não queria acordar elas, então fiquei sentada na varanda delas até minha barriga falar que tava com fome.

Mas ainda sim não queria atrapalhar minhas mamães, eu preciso ficar sozinha, minha cabeça estava numa luta difícil, era a Baby Ju e a Ju adolescente.

Eu queria muito não ser assim, é difícil, mesmo que elas me aceitem, mesmo assim, eu não queria isso.

Senti uma lágrima solitária descer pelo meu rosto.

Eu sei que tudo isso vai fazer parte de mim, que isso vai ser sempre quem eu sou, por que eu não consigo aceitar isso.

Minha cabeça está doendo, está difícil, eu queria fugir, gritar, mas eu não saia do lugar, eu não falava, eu não sentia.

Senti duas mãos segurando meu ombro, olhei para cima e era Carla.

Carla: Quer conversar? - Balancei a cabeça negando.

Carla: Quer me ouvir? - Nunca tinha ouvido algo assim, então concordei.

Carla: Sabe o que me fez te escolher? - Neguei com a cabeça e ela continuou - A sua história, o seu jeitinho tímido mas mesmo assim tão esperta, tão encantadora, tão delicada.
Juliette, o seu infantilismo foi um detalhe pequeno para nós, a sua história de vida, a sua inteligência, o seu carisma, tudo isso foi tão mais importante que qualquer bobagem que passe na cabeça das pessoas. - Eu chorava bastante, isso tudo acalmava tanto meu coração. - No momento em que meus olhos encontraram os seus eu senti que era você, você não nasceu de mim, eu não estive lá quando tudo aconteceu, mas você nasceu pra mim e pra Thata Ju, tentamos tantas vezes engravidar e nunca conseguimos que quando vimos você tivemos certeza de que era você.

Carla chorava junto comigo, estava difícil isso tudo, ela está acalmando meu coração e principalmente minha cabeça.

Carla: Ju, sabe o que eu senti quando me chamou de "mamãe" pela primeira vez? - Neguei com a cabeça. - Amor, senti um amor tão puro e tão forte que rasgava a minha alma.

Eu abracei Carla e finalmente me permiti chorar no colo da minha mãe.

Carla: Se era isso que estava te deixando assim, saiba que te amamos, que sempre vamos amar você, sempre estarei aqui para te dar colo, pra fazer você dormir, pra arrumar seu cabelo, para te ajudar com as roupas.

A Adotada - Adaptação Sariette Onde histórias criam vida. Descubra agora