O vento frio lhe atingiu e mesmo de casaco, se arrepiou. Apesar do sorriso nas fotos, da viagem internacional, do luxo que via no hotel, Diego se sentia vazio. Aqueles 15 dias em Buenos Aires haviam sido planejados com calma. Cada passeio, cada detalhe. Tudo pensado para ser a viagem perfeita.
E realmente seria... se Victor não tivesse lhe traído.
Agora, só o que restava era aproveitar o que seria sua lua de mel sozinho, e torcer para que aquela cidade bonita, aquele frio que o fazia desejar ter alguém para dormir de conchinha e toda aquela programação, lhe surpreendesse de alguma forma.
Estava prestes a casar, num conto de fadas armado em sua cabeça sonhadora durante todos aqueles três anos de namoro e noivado.
Desde os convites, salão, o campo cheio de flores que sempre sonhou, um terno lindo, um destino de lua de mel de tirar o fôlego, tudo o que um homem que sonha em casar com o amor de sua vida poderia querer, ele esteve perto de ter.
Até o homem que julgava ser esse amor da sua vida, lhe trair nas vésperas de seu casamento, lhe deixando praticamente plantado no altar com desculpas de não estar suficientemente pronto...
Que ainda era cedo...
Mas para Diego, quem QUER estar, se faz presente. E Victor não estava. Nunca esteve.
Agora, avaliando sua relação, notava que preparou aquele casamento sozinho. Sonhou sozinho. E era sozinho que andava pelas ruas de Buenos Aires no inverno.
Os quinze dias de lua de mel, se transformaram numa viagem de férias, e, pelo menos, seu trabalho como diretor comercial de uma empresa multinacional de organização de eventos empresariais lhe proporcionava a liberdade de trabalhar de onde quisesse. Até de morar onde quisesse, já que não tinha mais nem por quem permanecer em lugar algum.
Talvez devesse viajar o mundo, se conectar consigo mesmo, e apesar do cenário lindo daquela cidade, tudo parecia como seu interior: vazio.
Passeava por lugares sem cor, até se irritar e fugir para chorar sozinho quando via algum casal trocar olhares apaixonados em algum ponto turístico.
E no fim, acabava voltando pro seu hotel pra se encher de doces e xingar a própria vida, se sentindo patético por ter amado sozinho.
Já fazia três dias que estava naquele dilema, entre precisar desesperadamente sair, mas não conseguir sentir profundamente nenhum lugar que ia, quando recebeu uma cortesia do hotel: fazia parte daquela hospedagem, uma noite de tango num restaurante romântico próximo dali.
O quão mais triste seria ir jantar sozinho, num restaurante que serve vinho seco e fondue de queijo e de chocolate, além de fazer casais dançarem juntinhos um ritmo tão sensual?
Diego, pelo visto, não tinha dó da própria humilhação, adentrando o restaurante às 20 horas em ponto e sentando numa mesa com luz baixa no canto, acompanhado somente de uma taça de vinho.
Seco, como sua vida.
O garçom se aproximou servindo o fondue, prato clássico da casa, e ao ver aquele jantar romântico, com vinho, em todo aquele cenário, se sentiu ainda mais solitário.
Você é patético, pensou, engolindo a vontade de chorar junto com uma torrada que havia passado no molho de queijo.
Olhando ao redor, via casais apaixonados, algumas famílias em mesas maiores, mas ninguém mais sozinho como ele.
As luzes do ambiente escureceram levemente e a iluminação do palco acendeu. Era hora de começar o show de tango. Viu quando uma mulher belíssima, vestindo uma roupa preta com detalhes laranja, subiu ao palco. A pele negra, os cabelos volumosos e o sorriso trabalhavam em perfeita harmonia deixando-a linda. Logo atrás dela, vinha seu parceiro de dança. O homem preto vestia uma calça preta e uma camisa escura com detalhes laranja - combinando com o vestido da mulher - e transparência. Mas, apesar das belas vestes, o olhar do dançarino foi o que lhe chamou atenção. Um olhar sensual, concentrado...
Por poucos instantes, aquele olhar que tanto lhe chamou atenção encontrou o seu. Diego nem piscava. O bailarino deu um sorrisinho de canto para ele antes de se virar para a parceira e falar algo, que ela assentiu. Na sequência, pegou o microfone para anunciar:
- Boa noite, pessoal! Meu nome é Amaury Lorenzo, essa é a Camila, minha parceira, e hoje vamos apresentar um show de tango para vocês. Na sequência, estaremos circulando pelo salão e tirando alguns de vocês para dançar. Espero que gostem do show. Bom espetáculo!
Entregou o microfone a alguém nos bastidores e se aproximou de Camila - agora o ruivo sabia o nome da mulher. Segundos depois, eles se aproximaram e a música começou a tocar.
Diego se via hipnotizado no casal que girava por todo o salão, dançando de forma graciosa e leve.
Não podia negar que juntos eram um belo par! Mas não era a mulher em si, geralmente a atração principal do tango, que chamava sua atenção
Era quem conduzia, Amaury. O preto cuidava do corpo feminino, bailando com tanta devoção á dança, que por segundos, Diego desejou estar no lugar daquela mulher
Não só por estar nos braços de um homem lindo como o dançarino, mas por ser olhado da forma como ele olhava para ela. Com intensidade, tesão, movimento, fogo!
Um olhar que nem do seu noivo nunca ganhou!
Será que eram um casal?
Ficou tão focado em seus pensamentos que nem viu a dança acabar e sua atenção foi despertada somente por uma mão lhe estendida e um sorriso canalha que fez seu corpo queimar
- Aceita dançar? - o dançarino pediu.
E do nada tem fic nova! Eu tô feliz demais demais com essa collab com a RobertaVerso, que é uma autora maravilhosa (leiam as fics dela!!!)
Curtam, comentem e compartilhem se a gente merecer! Até o próximo capítulo! ❤️
VOCÊ ESTÁ LENDO
Um Tango de Tragédia
FanfictionQuando o que devia ser a lua de mel de Diego se torna uma viagem solitária por Buenos Aires, ele se sente patético e pensa que nada melhoraria aquele passeio... até assistir o show de tango que mudaria sua vida Essa fic foi pensada e escrita em coll...