Escuro

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Lost in the dark
The Hunt

O inferno está vazio e todos os demônios estão aqui.
(William Shakespeare.)

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Ofereço essa história para todas as garotas que aprenderam a lição

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Ofereço essa história para todas as garotas que aprenderam a lição. Tudo bem, dizer não. Tudo bem, não ser gentil o tempo todo. E acima de tudo, foda-se o que vão pensar.

Nunca se esqueça de que, quando você se importou, te quebraram do mesmo jeito.


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Sinceramente, eu não fazia ideia há quanto tempo eu já estava ali... dias, semanas, meses até? Os desgraçados me abandonaram nesse quarto escuro desde que fui capturada e mal trouxeram comida.

Para ser bem sincera, eu não me lembro muito bem de como vim parar aqui. Acordei com uma puta dor de cabeça e, no momento em que abri os olhos, fui tomada por uma onda de pânico. Não enxergava nada além de escuridão, o escuro se apossava do quarto e da minha alma junto, minha respiração ofegante, sentindo meu peito subir e descer com o desespero de não saber se eram as luzes que estavam apagadas ou se eu havia ficado cega. O pânico aumentou ao perceber o quanto minha cabeça latejava, parecia que iria explodir a qualquer momento. Cheguei à conclusão óbvia e nada dramática de que eu poderia ter sofrido uma contusão quando me capturaram e, se fosse esse o caso, seria uma boa justificativa para minha cegueira.

Não tenho certeza de quanto tempo faz que cheguei aqui, alguns dias talvez. Ouvi um barulho na porta de ferro à minha frente. Uma portinhola se abriu e eu pude finalmente ver alguma coisa, um feixe de luz. Os desgraçados estavam me trazendo comida, nem sei se aquela gosma verde parecendo purê podre pode ser chamado de comida, mas pelo menos constatei que eu não estava cega, só estava no escuro mesmo.

Veritas desgraçados!

Soltei o riso mais amargo que pude ao me dar conta de que ao lembrar dos bruxos das trevas, acabei me lembrando de um em específico...

Seus desgrenhados fios loiros, seus olhos cinzas, como as cinzas que ele era capaz de me transformar quando me olhavam por tempo demais. Seu perfume amadeirado invadiu o ambiente e balancei a cabeça com força para voltar ao maldito presente.

Céus! Como eu o odiava.

Mesmo com a expressão apática, senti uma lágrima solitária escorrer lentamente pela minha face, onde passei a ponta dos dedos para verificar se aquilo estava mesmo acontecendo ou era apenas minha imaginação. Me pareceu faltar o ar assim que as pontas dos meus dedos ficaram úmidas, lá estava, não era só minha imaginação.

Eu não costumava chorar, muito menos sem estar triste. Dei um riso sem graça para mim mesma.

— Parece que alguém aqui está chateada não é mesmo? O lado bom é que ninguém pode te ver assim, o lado ruim é que você não pode sair correndo e se esconder de si mesma com alguma atividade fútil quando se está presa em uma cela. — Sussurrei comigo. Dei um longo suspiro como quem se rende olhando em volta e só encontrando a escuridão. —  Eu até podia ficar aqui lamentando, mas vou morrer em breve, então. Tanto faz. – Ri sem achar graça, encostei minha cabeça de lado e minhas costas na parede.

Lost in the Dark - The HuntOnde histórias criam vida. Descubra agora