Completo no telegram
- Está grávida - parei o olhando ele enfiou as mãos no bolso, sem desviar o olhar confirmei - Seu marido não pode te deixar sair sozinha, o sol está quente.
- Não que isso seja da sua conta, mas não preciso de um homem. Eu sou a...
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Com treze anos comecei a trabalhar, não era muito mas o serviço de babá, lavar louça e limpar as casas das vizinhas dava um dinheirinho. E minha mãe achou que eu já poderia ajudar nas despesas da casa, e eu percebi que se não fizesse nada, meu dinheiro iria ficar para ela e nunca iria conseguir minha casa. Por isso eu mentia o valor que ganhava, e guardava o restante sem ninguém saber. Eu passei a pagar um talão de água todo mês.
Meu irmão começou a namorar uma moça que trabalha na farmácia, eu nunca falei muito com ela. Mas isso era um grande feito do meu irmão, pois ainda era difícil acreditar que uma moça como ela iria gostar do meu irmão tão bruto que mal terminou o ensino médio.
Estava recolhendo as roupas quando minha mãe chegou do trabalho.
- Adianta isso Marilene, a namorada do seu irmão vem jantar aqui hoje - era sempre assim, com o passar do tempo eu passei a cuidar do meu irmão e de mais tarefas de casa. Às vezes eu não tinha tempo nem para lavar o cabelo.
Ajudei ela a fazer a janta e esperamos a Lúcia chegar, e isso deixou meu pai um pouco irritado pois provavelmente ele ainda iria sair. Ouvi bater palmas no portão e logo fui atender, ela entrou e ficou conversando um pouco com eles, até minha mãe sair do quarto e então sabia que podia falar que a comida estava pronta.
- Boa noite Lúcia - me levantei e destampei as panelas, mamãe chamou todo mundo pra jantar. Eu fiquei por último, quase não tinha nada nas panelas. Comi pouco como sempre.
- O feijão tá meio duro, presta atenção quando for cozinhar - minha mãe falou e fiquei em silêncio.
- Da pra comer, tá boa fia - meu pai falou pois ele não gosta de briga na frente das visitas.
Depois da janta juntei a louça levando pra fora, ninguém ajuda pois eu durmo depois de deixar tudo limpo. Estava lavando a louça quando meu irmão foi levar ela embora.
- Passei foi vergonha - fiquei calada, pois todo dia ela reclama de algo que faço - A menina veio aqui, e teve que comer feijão duro. Cê tem que prestar atenção nas coisas de casa, só estuda. Sua obrigação primeiro é aqui, fica o dia inteiro se coçando - me beliscou mas continuei de cabeça baixa lavando as coisas - As camisa do seu irmão tão tudo porca porque não lavou direito, tá ficando preguiçosa. Mais do que já é!
Chorei em silêncio
- Faz as coisas direito, a única coisa que cê faz é estudar - meu pai falou e continuei no mesmo lugar chorando.
As semanas foram se passando e logo meu aniversário chegou, eu fiquei tão feliz pois naquele mês eu não paguei nenhum boleto e minha me até me deu um vestido. Eu fiquei tão feliz, pois guardei mais do que de costume e comprei algumas coisas no brechó. E n final de semana meu irmão me chamou para tomar um sorvete na praça junto com alguns amigos e Lúcia, eu não queria ir mas ele veio falar comigo.
