Noite Estrelada.

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Hinata Shouko e Kageyama Tobi. Duas das melhores alunas de artes da Karasuno. Ok que cada uma tinha um estilo diferente de arte; Kageyama tinha como os autoretratos, cubismo, literatura e fotografia como preferências. Enquanto Hinata tinha a música, dança, caricaturas, natureza morta e romantismo. Elas eram boas naquilo que amavam, e se ajudavam com aquilo que não tinham domínio.

Apesar das discussões.

Realmente, apesar de tudo, elas ainda arrumavam um tempo a noite para fugir dos dormitórios. Contavam isso como uma especie de ritual entre elas, saíam pela janela, atravessavam a ponte, pulavam pedras escorregadias em função da água, ultrapassavam as árvores, até chegarem a uma beira de um rio. Rio esse que já tinham dois cavalettes, algumas telas em branco – diversos tamanhos. Uma caixa de tinhas secas e esquecidas perto da árvore e uma vista linda do céu.

Nesse mesmo lugar, já confessaram tantas coisas, já aconteceram tantas coisas, já se inspiraram em tantas vistas e ideias só com algumas palavras trocadas. Shouko segurava sua bolsa em uma mão e na outra a da morena, que usava o cabelo em um rabo de cavalo frouxo e seu óculos de descanso. O trajeto não era tão fácil quanto imaginado. Despois que desviaram de galhos, arbustos e alguns esquilos, finalmente chegaram ao local.

A ruiva soltou a mão da amiga, amarrando seus cabelos com uma piranha grande e sentando na grama. Depois de um suspiro cansado, se jogou no chão, abrindo os braços e as pernas e os deixado espalhados.

— Cara, eu amo esse lugar, mas cansa demais andar até aqui! — bufou ela. Tobi se sentou ao seu lado.

— Você literalmente já dançou por quase uma hora na apresentação da semana passada. Agora diz que não consegue andar uns dez minutos dos dormitórios até o rio? — olhava bem pro corpo ao seu lado, parecendo exausto.

— Coisas diferentes, Kage! — apontou ela. Tobi acabou não segurando o riso, anasalando-o e balançando a cabeça.

Kageyama a olhou de soslaio, vendo seu rosto sereno e calmo. Eram esses os sentimentos causados nela quando estava alí, naquele local tão inenarravelmente lindo. O céu escruro conseguia brilhar em função das estrelas, a lua estava em seu elemento, cheia e reluzente. A água era calma, refletia todo o céu acima de si, o som do seu leito correndo e batendo em algumas pedras inundava o ambiente, juntamente aos pássaros noturnos e animais se escondendo nos arbustos.

Kageyama desviou o olhar para cimaaq, tentando disfarçar o leve rubor que subiu ao seu rosto ao observar Hinata tão despreocupada. Havia algo fascinante na maneira como ela se entregava completamente ao momento, como se o mundo ao seu redor desaparecesse e só restasse aquela conexão única com a natureza. Mesmo que fossem tão diferentes em seus estilos e personalidades, havia uma harmonia inexplicável entre elas. O reflexo da lua na água fazia com que a ruiva parecesse quase etérea, uma pintura viva que poderia facilmente estar em uma das telas que elas costumavam preencher juntas.

Ela voltou a olhar para Hinata, que agora mexia levemente os dedos na grama, como se estivesse tocando uma melodia invisível. A serenidade no rosto dela, a forma como as estrelas se refletiam em seus olhos, tudo isso fazia com que Kageyama sentisse uma mistura de admiração e paz. Era nesses momentos que ela percebia o quanto apreciava a companhia da amiga, o quanto aqueles encontros noturnos significavam para ambas.

A arte, a natureza, a amizade – tudo se entrelaçava de maneira perfeita, criando um cenário que parecia sair diretamente de um sonho. Hinata suspirou novamente e, com um movimento suave, virou-se de lado, apoiando a cabeça na mão e olhando diretamente para Kageyama. A posição nova trouxe uma proximidade maior, seus olhares se encontraram de uma forma que fez o coração de Kageyama acelerar por um breve momento.

"O Azul Dos Seus Olhos São Mais Lindos Que O Amarelo De Van Gogh"Onde histórias criam vida. Descubra agora