Já tinham se passado dias e eu ainda continuava naquele inferno, presa e indefesa. Nos encontravamos no inverno, a neve branca cai em flocos lá fora e eu observo pelas barras de ferro da pequena janela do meu quarto. Em minha cabeça bolava um plano para fugir daquele lugar, mas como? Como eu faria isso? Minha mente martelava questionando minhas decisões. Eu estava em pé na frente da janela numa madrugada escura apenas com a luz da lua iluminando meu quarto com um fleche pequeno que ilumina minha expressão apática enquanto as sombras dos meus pensamentos me puxavam para uma dança sob meus planos de fuga que ecoavam em todos cantos de minha cabeça. Saio do meu transe e ando pelo quarto o revirando de cima a baixo a procura de alguma coisa para me ajudar a sair do inferno. Uma luz, uma âncora, uma salvação. Examino um quadro e dele cai um grampo de cabelo preso a uma carta com aparência antiga e amarelada. Eu pego aquela carta em minhas pequenas mãos e tiro o grampo a abrindo. A estranha ortografia parece manchada pela própria tinta preta. Não entendo muito bem as letras mas me esforço para conseguir ler. Consigo entender meu nome grafado no começo da carta e então começo a ler.
"ꪑꫀꪶꪗꪀꪖ, ꪖꪇꪊﺃ ꫀ̀ ꪖ ꪑꪖꪑꪖ̃ꫀ, ꫀꪊ ᦓꫀﺃ ꪇꪊꫀ ꪖᧁꪮ᥅ꪖ ꪇꪊꫀ ꪜꪮᥴꫀ̂ ꪶꫀ̂ ꫀᦓᦓꪖ ᥴꪖ᥅ꪻꪖ ꫀꪊ ꫀᦓꪻꪮꪊ ꪑꪮ᥅ꪻꪖ. ꪑﺃꪀꫝꪖ ᠻﺃꪶꫝꪖ, ꪀꪖ̃ꪮ ᥴꪮꪀᠻﺃꫀ ꪀꫀꪶꫀ, ꫀꪶꫀ ꫀ̀ ꪑꪖꪊ. ꪶꪮᧁꪮ ꪖ ꪜꫀ᥅ᦔꪖᦔꫀ ᦓꫀ᥅ꪖ́ ᥅ꫀꪜꫀꪶꪖᦔꪖ ꪑꫀꪊ ꪖꪑꪮ᥅. ꪀꪖ̃ꪮ ᦓꫀ ᜣ᥅ꫀꪮᥴꪊᜣꫀ ᥴꪮꪑﺃᧁꪮ, ᦓꫀ ꪜꪮᥴꫀ̂ ꫀᦓꪻꪖ́ ᥇ꫀꪑ.
ᦔꫀ: ᧁꪶꪮ᥅ﺃꪻꫝ
ᜣꪖ᥅ꪖ:ꪑꫀꪶꪗꪀꪖ
ꪖ ꪑꪖꪑꪖ̃ꫀ ꪻꫀ ꪖꪑꪖ ♡"Eu fico chocada lendo a carta e lágrimas grossas rolam pela minha bochecha molhando o papel envelhecido. Estou decidida a descobrir a verdade e fugir desse lugar. Me levanto guardando a carta no bolso da minha calça surrada. Me direciono para a porta e me abaixo enfiando o grampo dentro do buraco do cadeado enferrujado. O cadeado se abre e a corrente que o prendia à porta cai no chão fazendo um barulho alto. Sobressalto e saio do quarto iniciando uma corrida entre a prisão e a liberdade. Desço a escada correndo enquanto o barulho da porta do quarto de meu tio envade meus ouvidos. Minhas pernas agora mais rápidas sentem o choque dos meus passos firmes sobre o chão frio. O caminho até a porta do bar parece imenso enquanto eu corro. Os passos de Cecílio que descem a escada me deixam nervosa lembrando da frase que ele disse "se você tentar fugir de novo, eu te mato" essa frase soa repetidamente na minha cabeça. Ao chegar na porta ela está trancada. Eu bato na porta desesperada com esperanças dela abrir magicamente me dando a liberdade mas não funciona bem assim. Eu olho para trás vendo meu tio chegando ao fim da escada, meus olhos se direcionam para meu lado vendo uma janela de vidro e eu me atiro de lá sem pensar duas vezes. O vidro se quebra em pedaços com o peso do meu corpo e eu caio na neve sentindo os cacos de vidro cortando minha pele ,dou um grito de dor enquanto os cacos penetram meu corpo que treme de frio. Segundos depois me recomponho e levanto mancando enquanto o cheiro do meu sangue se mistura com o cheiro da neve. Eu corro pela neve com meu sangue caindo e deixando um rastro vermelho que derretia uma camada superficial da neve. Sinto meus dedos e extremidades congelaram. Me desespero ao ouvir um tiro vindo do início do meu caminho e começo a correr mais rápido. Minha respiração ofegante fica visível enquanto o ar gelado me dá a visão dele. Sinto meus cílios ficarem cobertos pela neve. Ouço os gritos de meu tio carregados de xingamentos. Chego em uma estrada e vejo a luz do farol de algum carro distante. Meu corpo cede ao chão. Sinto meus olhos ficarem pesados e se repousarem. Mais sangue escapa de meu corpo que está quase congelado e mancha mais neve ao meu redor. E agora? Eu vou morrer aqui? Esse vai ser meu final, sem respostas e cheio de arrependimentos? Meus olhos se entreabrem e eu vejo enormes botas se aproximarem do meu corpo mas não aguento e desmaio no meio da neve.
☆☆☆☆☆☆☆☆𝓬𝓸𝓷𝓽𝓲𝓷𝓾𝓪☆☆☆☆☆☆☆☆☆
Quem está lendo esse cap, espremem um pouco em, daqui a pouco sai a continuação, hoje mesmo. Beijinho 💋 oq será que vai acontecer?
VOCÊ ESTÁ LENDO
𝓜𝔃 𝓑𝓪𝓭 𝓦𝓸𝓵𝓯
RomanceMelyna é uma jovem garçonete que trabalha forçada no bar de seu tio Cecílio. Em mais um dia cansativo de trabalho todos são surpreendidos por dois homens armados que entram no boteco fazendo todos de refém. Ao ver um dos assaltantes apontando a arma...