𝐂apítulo 𝐔m

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Henry pensou em várias formas que reencontraria sua mãe, mas nunca que seria com ela o levando para um hospital psiquiátrico.

Ele abriu os olhos de repente, não acreditava que tinha se dado o luxo de cochilar naquela situação. Piscou algumas vezes e logo olhou envolta, ainda estava no carro. Soltou um suspiro pesado enquanto se arrumava no banco de passageiro.

— Pode voltar a dormir, ainda vamos demorar.

A pessoa que ele tanto tentava ignorar finalmente falou algo. Eles já estavam no carro a algumas horas e essa foi a terceira frase que eles tiveram em todo aquele tempo. Henry não queria falar com ela, queria fingir que a mulher não existia. Ele se remexeu mais um pouco no banco até ficar confortável e se virou para a janela, sem responder. Ela soltou um suspiro, finalmente irritada com toda aquela situação.

— Você pode pelo menos olhar para mim? — Perguntou o olhando rapidamente. — Estamos a anos sem nos falarmos, e você nem me encara, eu sou sua mãe!

— Você perdeu esse título quando me deixou para trás. — Respondeu, indiferente.

Marilyn não disse nada, parecia ter ficado em choque com a resposta curta e grossa do garoto, apenas ficou um tempo o olhando antes de finalmente voltar a prestar atenção de volta na pista.

Henry continuou olhando pela janela, estavam passando por uma estrada deserta, onde só via grama e alguns outros carros na pista, porém nada de mais. Ficou com a cabeça encostada no vidro enquanto pensava por quanto tempo iria ter que aturar a mulher junto a ele. Se fosse o Henry de alguns anos atrás, ele ficaria super feliz de ver a mãe, mas agora ele não sentia nada além de puro tédio. Queria poder se permitir a sentir raiva dela, porém nem isso conseguia, ele simplesmente não a amava mais, não a odiava mais, ele só não sentia nada por ela. Poderia estar gritando, brigando e revirando aquele carro de cabeça para baixo, mas ele não queria, perderia tempo e esforço.

— Faltam 50 minutos para chegarmos. — Falou baixinho, quase sussurrando.

O garoto não respondeu e dessa vez, ela não disse nada.

Henry ficou apenas concentrado na grande estrada que tinha pela frente, não sabia o porquê seu pai queria que ele fosse para aquele lugar. Imaginou que ele iria o querer de volta para a casa, ou iria matá-lo assim que soubesse onde ele estava, mas não o enviar para uma clínica. Nunca tinha ouvido falar daquele lugar, mas isso era culpa dele mesmo, já que ficava mais tempo jogando basquete do que dentro de casa.

Apesar de todas as dúvidas, ele não queria se importar com isso, não tinha mais o que fazer, se falaram que ele iria fazer isso, ele teria que fazer. Se ajeitou no banco, ficando virado para frente, queria se concentrar em outra coisa, então resolveu observar o carro, já que ficou olhando para a janela desde que entrou ali. O carro era pequeno e não tinha cheiro de novo, se perguntava como sua mãe tinha conseguido dinheiro, como que ela tinha conseguido sobreviver depois de sair da vida do seu pai. Olhou para ela por um momento, Marilyn usava roupas limpas, um cabelo liso e curto, bastante hidratado. Se ela não tivesse falado seu nome quando apareceu, ele não teria a reconhecido. A última memória que tinha dela eram suas lágrimas enquanto ela implorava e falava de forma mansa com seu pai. Sentiu um aperto no peito ao pensar isso, então fechou os olhos, era melhor dormir do que ficar ou se dar a oportunidade de pensar sobre isso de novo.

。 ゚ ☁︎ 。 ゚

Henry escutou o som do carro parando, e isso foi o suficiente para o fazer despertar. Sua mãe não falou nada e saiu do quarto, ele apenas fez o mesmo. Ela andou para tirar as poucas coisas que ele tinha do porta-malas, mas ele foi primeiro e pegou a pequena mala e sua bola de basquete. Ele escutou a mulher respirar fundo, mas novamente, só a ignorou e esperou ela começar a andar. Enquanto ela não fazia isso, ele observou o lugar, estavam em um estacionamento grande que continham alguns carros, atrás deles tinha um grande portão e na frente um lugar gigante, que Henry definiria como rústico. Além disso, tinha bastante natureza ao redor, principalmente no grande muro que cercava o lugar. Ele observou aquilo por pouco tempo, já que a mulher começou a andar sem dizer nada, ele só a acompanhou.

Serenidade - Mentes Abandonadas (Ver. 1) Onde histórias criam vida. Descubra agora