Cursed Hearts

Capítulo 1

Kai estava deitado em um campo de flores silvestres, sentindo a brisa suave acariciar seu rosto. O sol brilhava no céu azul, espalhando calor e luz sobre tudo ao seu redor. Ele virou a cabeça e viu Mingyuan ao seu lado, sorrindo de maneira calorosa. Mingyuan tinha longos cabelos pretos que brilhavam sob o sol, e seus olhos vermelhos, profundos e misteriosos, refletiam a felicidade daquele momento.

Eles estavam juntos, finalmente livres para amar sem restrições. Kai, com seu corpo esculpido como uma estátua de um deus, sentiu seu coração bater forte no peito enquanto entrelaçava seus dedos com os de Mingyuan. Era como se nada pudesse separá-los.

"Prometa que sempre estaremos juntos," sussurrou Mingyuan, sua voz suave como a seda.

"Eu prometo," respondeu Kai, sentindo uma onda de calor e amor o envolver.

Mas, lentamente, a cena começou a mudar. As flores começaram a murchar e o céu azul escureceu, tingindo-se de um vermelho profundo e ameaçador. A brisa suave transformou-se em um vento cortante, carregando consigo um sussurro de desespero. Kai tentou apertar a mão de Mingyuan, mas ela escorregou de seus dedos, deixando apenas um vazio gelado.

"Não!" gritou Kai, vendo Mingyuan ser puxada para longe por uma força invisível.

A escuridão envolveu tudo, e Kai se encontrou sozinho em um vasto deserto sombrio. Ele correu, tentando alcançar Mingyuan, mas cada passo parecia levá-lo mais para longe. O riso doce de Mingyuan transformou-se em gritos de dor, ecoando pela vastidão sombria.

De repente, ele parou ao ver Mingyuan acorrentada e sofrendo aos seus pés. Seus longos cabelos estavam emaranhados e os olhos vermelhos estavam cheios de dor. Ela implorava, a voz cheia de desespero, mas Kai não conseguia ver seu rosto claramente, apenas sentia o sofrimento que emanava dela.

"Por favor, não façam isso!" suplicava Mingyuan, suas palavras perfurando o coração de Kai como facas. Ele tentou se mover, alcançar as correntes que a prendiam, mas algo invisível o mantinha paralisado.

E então, suas belas asas foram brutalmente cortadas, o sangue escorria, seu desespero, dor e angústia ecoavam pelos quatro ventos em gritos de dor.

"Você nunca poderá escapar de mim," uma voz fria e implacável sussurrou em seu ouvido. Era a voz da maldição que os separava.

Kai caiu de joelhos, sentindo-se impotente e perdido. As memórias de suas vidas passadas inundaram sua mente, cada uma marcada por amor e perda. A cada vida, a cada reencarnação, a mesma história de amor proibido e tragédia se repetia.

Despertou com um sobressalto, o suor escorrendo por sua testa. Seu quarto estava escuro, e ele podia ouvir o som distante de carros passando pela rua. Respirou fundo, tentando acalmar seu coração acelerado. A sensação de perda e desespero ainda o envolvia, mas agora havia algo mais: uma determinação crescente de encontrar respostas.

Ele se levantou da cama, ainda sentindo os resquícios do pesadelo, e foi direto para o banheiro. A água fria do chuveiro o ajudou a clarear a mente, afastando as sombras do sonho. Ao se olhar no espelho, viu o reflexo de um homem jovem, com um corpo esculpido e tatuagens discretas que contavam partes de suas vidas passadas.

Kai vestiu-se rapidamente, optando por uma camiseta preta justa e uma calça jeans desbotada. Na cozinha, preparou um café forte e torradas com ovos. Enquanto comia, sua mente vagava pelas imagens do pesadelo que se repetia pela milésima vez. Ele sabia que precisava entender mais sobre a maldição que o perseguia, mas por ora, precisava focar em sua rotina diária.

Depois do café da manhã, Kai foi para a academia local. O treino intenso era uma forma de canalizar sua frustração e encontrar um pouco de paz. Ele levantou pesos, correu na esteira e praticou artes marciais, perdendo-se nos movimentos repetitivos e na sensação de esforço físico.

De volta ao apartamento, tomou outro banho rápido e vestiu sua jaqueta de couro favorita. Pegou o capacete e as chaves de sua moto, uma Yamaha R3 azul, seu xodó. Montou na moto, sentindo o motor rugir sob si, e acelerou pelas ruas de Guangzhou, uma cidade vibrante e cheia de vida no sul da China.

Kai parou em uma livraria antiga que frequentemente visitava. Passou algum tempo folheando livros sobre lendas e mitos, tentando encontrar alguma pista que o ajudasse a entender a maldição. Comprou alguns volumes novos antes de sair, acenando para o dono da livraria, um velho amigo que sempre tinha um sorriso amigável e uma palavra encorajadora.

Ao voltar para casa, parou em um café local para pegar algo para o almoço. Sentou-se em uma mesa ao ar livre, apreciando o movimento da cidade e a companhia de seus vizinhos e amigos que passavam para cumprimentá-lo. Entre eles estavam Li Wei, um colega de academia, e Mei Ling, sua vizinha do andar de baixo, que sempre tinha uma história engraçada para compartilhar.

Enquanto conversava com seus amigos, Kai não podia deixar de sentir uma sombra pairando sobre ele. A maldição estava sempre presente, uma lembrança constante de seu amor proibido e da dor de suas vidas passadas. Porém, de repente, ele percebeu algo diferente. Uma presença, outra alma tão atormentada e pesada quanto a sua, carregando a mesma maldição, mas ainda mais forte.

Kai olhou ao redor, seus olhos varrendo o café até que se fixaram em uma figura solitária sentada no canto. Os longos cabelos pretos brilhavam à luz do sol, e mesmo à distância, ele podia sentir a intensidade dos olhos vermelhos que pareciam atravessar sua alma. Seu coração pulou uma batida. Podia ser? Mingyuan?

A figura ergueu o olhar e seus olhos se encontraram. O tempo pareceu parar, e o mundo ao redor deles desapareceu. Kai sentiu um calafrio percorrer sua espinha. Ali, diante dele, estava a mulher de seus sonhos e pesadelos, a mulher que ele havia amado e perdido inúmeras vezes.

Kai se levantou, sentindo seus amigos observando com curiosidade. Ele deu alguns passos hesitantes em direção a Mingyuan, sua mente lutando para processar a realidade do momento. Quando finalmente se aproximou, as palavras que estavam presas em sua garganta finalmente saíram.

"Mingyuan," ele sussurrou, a voz trêmula de emoção.