Cursed Hearts

Capítulo 3

O despertador tocou exatamente às cinco da manhã, quebrando o silêncio suave do apartamento compartilhado por Kai e Li Wei. Kai se esticou na cama, ainda meio sonolento, mas habituado a essa rotina matinal. Sabia que, se não levantasse agora, acabaria se atrasando. Ele se levantou com um suspiro leve, puxando uma camiseta e shorts de treino do armário, antes de sair do quarto.

No corredor, ele parou em frente à porta de Li Wei e bateu suavemente. Sabia que o amigo precisava de um empurrãozinho extra para acordar tão cedo.

— Ei, Li Wei, cinco horas! Hora de correr! — Kai chamou, a voz ainda um pouco rouca pelo sono.

Do outro lado da porta, ouviu um resmungo abafado. — Já ouvi... já ouvi... — Li Wei respondeu, a voz ainda pesada de sono.

Kai deu uma risadinha e foi para a cozinha, onde começou a preparar um café rápido. Em poucos minutos, Li Wei surgiu, os olhos ainda semicerrados, vestindo uma camiseta amassada e shorts de treino. Ele pegou sua própria xícara de café, olhou para Kai com um olhar de quem não acreditava estar acordado a essa hora, e se encostou na bancada.

— Eu realmente não sei como você consegue acordar com tanto ânimo. — Li Wei murmurou, ainda tentando processar o fato de que já estava de pé.

— Eu só penso no café depois da corrida. — Kai respondeu com um sorriso travesso, levantando a xícara como se brindasse.

— Bem, é um bom incentivo. — Li Wei admitiu, tomando um gole de seu café.

Os dois tomaram o café em um silêncio confortável, típico de amigos que já se conhecem há tempos e não precisam preencher todos os momentos com palavras. Depois de terminarem, colocaram seus tênis de corrida e saíram do apartamento, sendo recebidos pelo ar fresco da madrugada.

A cidade ainda estava envolta em uma penumbra suave, com as ruas quase desertas, e o silêncio era quebrado apenas pelo som suave de seus passos na calçada. Começaram a correr em um ritmo leve, com Kai liderando o caminho.

— Então, como foi o trabalho ontem? — Kai perguntou, aproveitando o momento para saber das novidades do amigo.

— Ah, você sabe como é, ser bartender é praticamente ser um psicólogo não licenciado. — Li Wei respondeu, com um sorriso cansado. — Ontem teve um cara que desabafou sobre a vida amorosa dele enquanto eu servia os drinks. Só faltou eu cobrar pela terapia.

— E você escuta cada história que nem deve acreditar, né? — Kai riu. — Isso pelo menos dá uma boa diversidade ao seu trabalho. Eu passo o dia inteiro sentado, lidando com campanhas de marketing. Não é exatamente emocionante.

— Mas você tem um poder nas mãos, Kai. Faz as pessoas acreditarem que precisam de coisas que nem sabiam que existiam. — Li Wei brincou, lançando um olhar divertido para o amigo.

— Só quando tenho um bom café antes. — Kai riu, sabendo que Li Wei estava apenas tentando animá-lo.

Eles continuaram correndo, enquanto a conversa fluía naturalmente entre eles.

— Ah, quase me esqueci de te contar. — Li Wei disse, como se tivesse lembrado de algo importante. — Tem uma cliente nova no bar, cabelo vermelho, olhos verdes... Parece tímida, mas tem algo nela que chamou minha atenção. Acho que ela é o seu tipo.

— Meu tipo? — Kai levantou uma sobrancelha, curioso. — E como exatamente você definiria o meu tipo?

— Você sabe, aquela vibe misteriosa, reservada, que sempre te deixa intrigado. — Li Wei sorriu, como se estivesse desvendando um segredo. — Além disso, ela parece nova na área, nunca a vi antes. Acho que você iria gostar de conhecê-la.