Capítulo 1

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ATENÇÃO! Essa história pode conter tópicos sensíveis para algumas pessoas, como: Abuso, terror psicológico, mutilação entre outras coisas.

Boa leitura!

O barulho da sirene era quase abafado pelo som das ondas quebrando no mar. Embora a maré estivesse baixa, as ondas estavam incrivelmente grandes.

A ambulância chegou o mais rápido que pode assim que recebeu uma ligação anônima de um acidente perto da praia e, embora tivessem sido avisados sobre um atropelamento, o corpo quase morto da vítima foi encontrado na areia da praia, não na estrada.

A única coisa que talvez podiam mostrar quem o jovem era, seria seus cabelos escuros. Tirando isso, seu rosto estava coberto por sangue.

— Levem ele o mais rápido que puderem para o hospital. Quando ele acordar, vou precisar interroga-lo... — O policial chamado para ficar responsável pelo caso gritava, para ser ouvido em meio a tanto barulho.

Como ele veio parar aqui? Alguém o trouxe? Essas perguntas martelavam em sua cabeça, não fazia sentido para ele a ocorrência dizer que o acidente foi na beira da estrada, uma quase fantasma e, a vítima estar na praia ao lado? Tinha alguma coisa errada. Tem algo errado nisso.

Além de tudo isso, não tinham marcas de que ele foi arrastado até onde estava, como se tivesse sido carregado e colocado ali, de forma totalmente proposital.

Agora o silêncio pairava em sua volta, enquanto o policial encarava o mar e seu arredor, procurando de onde alguém pudesse aparecer.

Tudo deserto. Até a praia, sem nenhuma casa de madeira ou cabanas de vendas. E a floresta que estranhamente cercava o ambiente, estava em completo silêncio.

O vento soprou ainda mais forte em seus cabelos brancos, suspiros e, abaixou a cabeça. Nem perceberá quando chegou tão perto do sangue da vítima, quase pisando em cima.

Para sua sorte estava sozinho.

— Sanemi-nii, precisamos ir até o hospital que vão levá-lo! Agora não é hora de ficar encarando o mar ou respirar a brisa gelada que está aqui. — A voz de seu irmão ecoou pelo ambiente, ele estava dentro da viatura.

Claro, me esqueci desse idiota.

— Eu estou indo, e para de me dar ordens! — Sanemi gritava de volta, dando passos rápidos até a viatura estacionada ali e entrando, fechando a porta com uma grande agressividade.

Hesitou antes de dar a partida, encarando as árvores da floresta... Pensou ter visto algo, um animal ou até mesmo um humano. Mas era muito densa, cheia de árvores, o que o impedia que ver qualquer coisa que pudesse se esconder lá dentro.

Estalou a língua, decepcionado por não poder ficar por ali mais tempo. Se pudesse, faria uma varredura no local, na floresta toda em busca de algo que pudesse encaixar tudo.

Então, em poucos minutos a viatura já havia deixado o lugar e adentrado o caminho de árvores em volta da praia, que levava até a estrada que os trouxe até ali.

— Que lugar mais estranho... Tudo nisso está estranho! — Grunhiu Sanemi coçando a cabeça, mais para si mesma do que para seu irmão ao seu lado que permaneceu em silêncio.

Ao longe, dentre as árvores da desna floresta que cercava o local, olhos azuis, como aquele mar inteiro encarava a cena sem se mexer. E então sumindo no meio da penumbra.

...

— Onii-san... Aquele homem, não parecia um pouco familiar para você? — Genya perguntava sem olhar para o irmão, encarava a própria mão enquanto mexia os dedos freneticamente.

— Nunca o vi em toda minha vida, tenho certeza.

— Não quero dizer que você já o viu... Pelo menos não pessoalmente. — Dessa vez Sanemi arqueava uma sombrancelha, curioso e, Genya parava de mexer os dedos. — Aquele caso que você está a alguns meses pesquisando sobre, o jovem que desapareceu... Eles se parecem, embora ainda não vimos seus olhos, os cabelos são idênticos.

E um silêncio se instalou entre os dois. Sanemi encarava o teto do hospital, pensando, havia pensando tanto nesses últimos meses que já podia sentir sua cabeça latejar.

O corredor estava completamente vazio, de hora em hora um médico passava correndo, sem informação alguma sobre o paciente que havia acabado de chegar.

E isso irritava Sanemi, quanto tempo mais teria de esperar? Estava a quase três horas sentado ali, pensando e remoendo informações do último caso que pegou para resolver.

— Vocês são da polícia? — Então uma enfermeira aparece logo a frente deles, quebrando qualquer linha de pensamento presente ali. Ambos acenaram que sim. — Foi realizada uma cirurgia no paciente e, agora ele repousa em um quarto. Me disseram que o responsável por esse caso é o Sr. Sanemi, ele pode ir até o quarto. Tempo mínimo de quinze minutos.

E então Sanemi se levantou, seguido pelo olhar de seu irmão que encostava a cabeça na parede. Pediu as informações de onde o quarto estava e então a mulher foi embora, apressada para outro leito hospitalar.

— Não vou demorar, Genya. Fica aqui, eu já volto. — E então virou no corredor, sumindo na vista do irmão.

Caminhou sem pressa alguma pelos corredores que mais pareciam um labirinto. Nem nome o paciente tinha e, isso seria um trabalho de Sanemi descobrir quando ele acordasse do coma precosse que sofreu.

Podia ser ele? Mas está desaparecido a tanto tempo, como ainda estaria com vida? Sanemi se perguntava enquanto caminhava, parando em frente a porta que lhe foi informada.

Respirou fundo, como se o ar naquele quarto pudesse acabar assim que entrasse e, então entrou. Suspirando.

Achou que o paciente estaria com o rosto inteiramente desconfigurado mas, tinha apenas alguns pontos perto da sombrancelha e perto dos lábios. O sangue que vira mais cedo devia ser de outra parte de seu corpo, certamente.

Se aproximou devagar, fechando a porta atrás de si e adentrando o silêncio do quarto, preenchido pelo som da máquina ligado ao jovem desacordado. Pi... Pi... Pi...

— Francamente, que barulho irritante. — Sanemi murmura para si, coçando a cabeça e indo até o outro lado da maca.

Encarou o rosto do jovem, definitivamente devia ter aproximadamente sua idade. Os cabelos escuros e compridos e... Se ao menos pudesse ver seus olhos. Um deles tinha um hematoma, feito a pouco tempo mas não no acidente.

— Será que você seria ele? — O de cabelos brancos se questionava, próximo a maca, enquanto encarava o rosto desacordado. Esperava que talvez ele abrisse os olhos logo. — Tomioka giyuu.

...

Um caso sem solução. - Sanegiyuu Onde histórias criam vida. Descubra agora