Apenas Uma Noite

Preciso de Você

Ao passar por uma porta semiaberta, encontrei uma pequena biblioteca. As paredes eram forradas de livros, e uma lareira acesa deixava o ambiente acolhedor. Sentei-me em uma poltrona confortável perto da lareira, sentindo o calor reconfortante. Peguei um livro aleatório da estante, tentando me distrair com a leitura, mas minha mente continuava voltando para Jason.

Estava tão absorta em meus pensamentos que não percebi quando ele entrou na biblioteca.

— Gostou da biblioteca? — Jason perguntou, interrompendo meu devaneio.

Me virei em sua direção, surpresa.

— Sim, é linda... — respondi, meio sem jeito.

— Espero que tenha ficado confortável — ele disse, seus olhos fixos nos meus, como se estivesse tentando ler meus pensamentos.

— Sim, eu... acabei não te agradecendo antes. Obrigada Jason, por tudo... — murmurei com esforço.

Ele acenou com a cabeça, uma expressão de suavidade rara em seu rosto normalmente impassível.

— Não precisa agradecer, gatinha.

— E... desculpe por molhar seu carro! Eu posso pagar a lavagem para compensar...

Jason riu suavemente, um som raro e genuíno que ecoou na biblioteca.

— Não se preocupe com isso, Maya. Isso não é nada...

— Mas os bancos de couro... espero não ter estragado, eu...

Jason me cortou.

— Você não entende nada de carros, não é?

Neguei com a cabeça, envergonhada. Ele deu um sorriso.

— Isso não é nada, eu já disse.

Me virei para colocar novamente na estante o livro que tirei do lugar, precisava desviar a atenção do peso daquele olhar.

— A festa já acabou? — perguntei, sem encará-lo.

— Sim, todos já foram. — Ele respirou fundo antes de prosseguir. — Maya, sinto muito por hoje à noite. Não era minha intenção te causar mais problemas.

— Eu acredito em você — respondi, a contragosto. Era minha única opção, afinal de contas.

Tomei coragem para encará-lo, ele parecia enfrentar um conflito interno.

— Não cuidei pessoalmente da lista de convidados, e nem sabia do seu envolvimento com aquele imbecil... meu funcionário disse que o pai dele o enviou em seu lugar, eu sinto muito mesmo Maya...

Suas desculpas pareciam genuínas, e pesavam sobre mim. Eu não sabia exatamente o que estava fazendo, mas minhas pernas se moviam involuntariamente em sua direção, como se estivessem sendo atraídas por um campo gravitacional.

— Jason, eu já falei que está tudo bem! Não precisa demitir ninguém por causa disso.

Ele me encarou com um sorriso irónico nos lábios. A luz na biblioteca era fraca, mas podia ver o azul de seus olhos iluminando seu rosto. Eu tentava disfarçar o quanto ele mexia comigo, mas sempre me sentia hipnotizada por ele.

Era errado, eu sabia, mas não conseguia deixar de sentir.

Existia alguma coisa no ar. As faíscas que saiam cada vez que nos encontrávamos não eram apenas por causa do trabalho. Ia muito além disso, mesmo que fingíssemos que não... a tensão no ar era palpável, eu quase cedi quando ele colocou uma mexa de cabelo atrás da minha orelha.