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Prólogo

No meio dessa multidão, o cheiro de álcool e suor impregnado no ar me sufoca, e as luzes coloridas que piscam sem parar começam a me irritar profundamente. Sinceramente, já estou pronto para ir embora e apagar da memória este dia de merda. Antes de partir, decido que preciso de uma dose do mais forte que tiverem aqui para finalmente conseguir dormir e esquecer toda essa confusão. Com passos decididos, me aproximo do balcão, onde o bartender me olha com uma mistura de curiosidade e preocupação enquanto me serve a bebida que eu espero que traga pelo menos um pouco de paz. Sinto meu celular vibrar insistentemente no bolso, mas decido ignorá-lo completamente, pois a movimentação ao meu redor me chama mais atenção. Um grupo de amigos atrai meu olhar — garotos e garotas aparentemente jovens demais, embora eu mesmo tenha apenas 23 anos. Observo por um momento, até que duas garotas do grupo me encaram como se eu fosse um prêmio a ser conquistado. Seus lábios estão pintados de vermelho sangue, e seus vestidos são ousados e curtos, mas não capturaram meu interesse.

Após tomar a dose de uma vez, volto a observar as pessoas ao meu redor e percebo um loirinho junto com as meninas. Sua roupa é vibrante, em tons que contrastam lindamente com sua pele branquinha. Fico perdido em seu rosto delicado e na forma como ele pisca com aqueles cílios longos. Seu semblante é indescritível, e na mão ele segura uma lata de coca-cola. Sorrio com isso antes de pedir outra dose. Meu celular toca de novo, mas eu simplesmente ignoro, concentrado no garoto ao meu lado. Acho que ele já notou meus olhares na sua direção. Normalmente não me interesso por homens, mas há algo nele que me atraiu. Seus olhos encontram os meus, mas logo descem para o copo de vodka que seguro. Franzo a sobrancelha, intrigado com seu interesse na minha bebida. Ele rapidamente retorna o olhar para os meus olhos. Seu olhar intenso me prende, enviando arrepios direto para o meu pau, suspiro sentindo minha calça apertar aos poucos, que porra é essa? Quebrei o contato visual, algo que não esperava fazer.

— Com licença, o drink mais caro que tiver para o garoto de branco, por favor. — Eu disse, surpreendendo a mim mesmo com a audácia. Sei que é um lance alto para alguém que normalmente não se interessa por homens, mas há algo nele que me atrai pra caralho. Quero aproveitar a presença dele. O garoto de branco olha para mim com surpresa e um brilho de felicidade nos olhos, como se não esperasse esse gesto. Ele agradece com um sorriso tímido e um aceno de cabeça, aceitando o drink com gratidão. Vejo alguns de seus amigos sussurrarem algo em seu ouvido, o deixando visivelmente envergonhado, suas bochechas tingidas de um leve tom rosa. Essa cena desperta em mim um desejo repentino por ele, um anseio de experimentar seu sabor, sentir seu cheiro. De repente, a ideia de partir não parece tão boa. Eu não sei seu nome e agora isso me irrita, eu quero saber seu nome. Meu celular vibra novamente e decido olhar, várias mensagens de Ana na tela e algumas ligações perdidas. Reviro os olhos, deveria responder? Alguém toca meu ombro e, ao olhar, vejo que é ninguém menos que o loirinho, com um sorriso tímido no rosto e olhos expressivos.

— Hey, loirinho. — Eu disse, vendo seus olhos descerem para os meus lábios. Sorri abertamente, achando adorável sua timidez. — Hey, homem do drink. — Respondeu, sorrindo para mim. Eu sorri de volta, parecendo mais à vontade agora.

(...)

Meu carro parece mais apertado a cada segundo que passo beijando sua boca, está fervendo, seus suspiros estão me enlouquecendo. Seguro em sua sua cintura ajudando nos movimentos, sinto meu pau pulsar por cima da calça e lembrar desse detalhe me irrita. Puxo seu cabelo para trás me dando liberdade para focar em seu pescoço completamente branquinho, e isso faz ele gemer. Sugo, mordo e chupo sua pele quente enquanto o faço quicar sob meu pau coberto, gemo quando ele arranha minha nuca. Ele vai me enlouquecer, seu rosto está avermelhado em puro prazer. — Porra. — Sussurro para ele, que suspira mordendo meu pescoço feito um gatinho, e essa comparação me deixou com mais tesão, caso for possível. Aperto sua cintura delgada, sentindo os beijinhos no meu pescoço. Sorrio com isso, ele é tão adorável que quase me sinto mal por querer destruí-lo aqui no meu carro. Mas eu o quero, e quero agora.

Um celular toca, e pelo toque percebo que não é o meu. Ele tenta alcançar o aparelho, mas eu o impeço,  ele sorrir de forma fofa enquanto lentamente para de se mover. Eu choramingo em resposta. Justo agora que tudo estava melhorando, alguém decide atrapalhar. Bufo, puxando sua cintura com força e deixando meu rosto pousado em seu pescoço quente e marcado. A sensação de sua pele contra a minha é viciante, e eu não quero que esse momento termine. Ignorando o celular, começo a distribuir beijos por seu pescoço, sentindo-o se arrepiar sob meu toque. Ele suspira, e isso só me incentiva a continuar, desejando prolongar esse instante o máximo possível.

— É a minha irmã, eu tenho que ir embora agora mesmo. — Ele sussurra como se fosse um segredo, me balançando levemente. Fecho os olhos com força, torcendo para que eu tenha ouvido errado. Pelo amor de Deus. Não quero que esse momento acabe. Tento segurar sua cintura com mais firmeza, mas ele já está se afastando. O toque do celular ainda ressoa no ambiente, um lembrete incômodo da realidade que insiste em nos interromper. Ele se afasta, lançando um olhar de desculpas, e eu respiro fundo, tentando aceitar que esse instante perfeito foi roubado por uma simples chamada. — Tudo bem, eu te levo — Digo enquanto o observo se arrumando. Ele penteia os cabelos loiros que eu tanto amei puxar, desamassa a camiseta e sorri sozinho, como uma criança. Suspiro, ajeitando minha própria calça que está apertada e girando a chave para levá-lo para casa. — Não, não, não! Eu devo voltar com uma amiga — Ele exclama, e então percebo o que está acontecendo. Ele está saindo escondido? Ele é novo, não me contou seu nome nem a idade, mas espero que não seja tão novo quanto parece. Tento disfarçar minha preocupação enquanto ele termina de se arrumar, pensando em todas as perguntas que ainda não fiz e nas respostas que preciso ouvir.

Não vou pedir o número dele, nem fazer perguntas como um policial. Foi apenas um caso de uma noite, e não estou interessado em criar algo. Destranco as portas e espero que ele siga para o seu destino. Ele abre a porta, mas antes de sair, se vira para mim e sorri. Aquele sorriso lindo fica gravado na minha mente enquanto o vejo ir embora. Esfrego o rosto com a palma da mão e decido ir para casa. Antes disso, sinto meu celular vibrar com mais uma mensagem de Ana. Bufo, irritado, enquanto pego o telefone e vejo a notificação na tela. Respiro fundo, guardo o celular no bolso e giro a chave na ignição, sentindo o motor roncar. Coloco o carro em movimento, saindo lentamente do estacionamento. As luzes da cidade passam como borrões pelas janelas enquanto acelero, tentando deixar para trás a confusão da noite e os pensamentos insistentes sobre o garoto e seu sorriso.

Já na garagem e fora do carro, entro em casa ao som insistente do meu celular. Depois de ter aturado tanto, decido finalmente atender esse inferno que não para de tocar. Respiro fundo, pego o aparelho e deslizo o dedo pela tela para aceitar a chamada, pronto para enfrentar o que quer que esteja me esperando do outro lado da linha.

— Finalmente! Pedro, meu amor... vamos nos resolver, por favor. — E então a realidade me bate com força, é Ana, minha ex-namorada, querendo uma reconciliação. Minha cabeça gira, gira e gira, sinto uma ânsia de vômito e corro para o banheiro mais próximo, o da sala. Já nem sei onde joguei o celular, mas isso não importa. Ana não importa.

𝘛𝘦𝘯𝘵𝘢𝘤𝘪𝘰𝘯Onde histórias criam vida. Descubra agora