Prólogo

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Nada é mais belo do que uma história trágica. Esta é a saga de um homem tolo e apaixonado, apaixonado por uma lembrança cativante. Ele nutria um amor não correspondido, mas persistiu em sua busca por esse sentimento, ou pelo que restava dele. Sua alma sucumbiu no mesmo instante que sua amada partiu, deixando seu corpo vagar pela existência. Ele sobreviveu para zelar pelo fruto desse amor, mesmo que tal fruto pertencesse a outro homem. Esse ser representava tudo que restava de bom em sua vida, e ele jurou protegê-lo até o fim.

Severus Snape estava prestes a sucumbir. Sentia seu corpo perder gradativamente os movimentos, enquanto o veneno de Nagini se espalhava por suas veias, congelando-o por dentro. Ao menos, ele aparentava serenidade, certo de que havia resguardado o jovem rapaz e contemplando os mesmos olhos que tanto amava, mesmo que fossem os olhos do filhote de James Potter. Perdendo-se naquele verde intenso, mergulhou na escuridão à medida que sua consciência se esvaía, exalando aquele que acreditava ser seu último suspiro.

Mesmo em seus sonhos mais surreais, ele jamais poderia imaginar um acontecimento tão inédito. Ao despertar e abrir os olhos, deparou-se com um teto antigo e mal acabado, estranho e ao mesmo tempo familiar. Ao recobrar os sentidos, percebeu que estava em seu antigo quarto, na casa de seu pai desprezível e sua mãe amorosa. Sem compreender o que se passava, questionou-se se aquilo seria a vida após a morte, um ciclo infinito de lembranças. Talvez essa fosse uma perspectiva positiva, pois mesmo que fossem apenas memórias, teria a oportunidade de reencontrar as duas mulheres mais importantes de sua vida.

Reunindo coragem, ergueu-se e encarou-se no pequeno espelho pendurado na parede. Foi então que viu o reflexo de seu rosto infantil, com bochechas gordinhas e rosadas. Severus ficou apavorado a ponto de cair sentado no chão. Contudo, o que mais o assustou não foi isso, mas sim a voz que ouviu em seguida: a voz de Harry Potter, o filho de Lily com aquele indivíduo desagradável. Ao se virar, deparou-se com o menino, porém algo estava diferente nele, estava pálido e com uma aparência meio translúcida, como um fantasma.

"Potter". Foi a única palavra que consegui pronunciar.

"Professor, não fale, pois não consigo ouvi-lo. Mas preciso que me escute atentamente, porque irei explicar o que aconteceu. Após sua trágica morte, tentei seguir o plano de Dumbledore, mas infelizmente falhei. Nos vimos em desvantagem diante dos seguidores de Voldemort. Decidi retornar a Hogwarts com Hermione e Ron. Juntos, planejamos usar a Câmara Secreta para proteger os novos alunos e evitar que Voldemort os usasse contra nós. Durante nossa investigação, descobrimos acidentalmente uma passagem secreta que nos levou a uma biblioteca oculta. Foi lá que encontramos um livro intrigante, oferecendo a chance de enviar um morto de volta ao passado em troca de uma vida. Diante da urgência da situação, decidimos arriscar, pois aquela era nossa última esperança."

Mesmo atordoado, busquei alternativas para me comunicar com Potter. Uma ideia surgiu em minha mente, levando-me a pegar um pedaço de papel e uma caneta da mesinha ao lado e escrever:

"Você enlouqueceu? Mesmo após eu e muitos outros arriscarmos nossas vidas para te salvar, agiu de forma imprudente. Como poderia ter certeza de que esse plano insensato teria sucesso, Potter? Mas é claro, o menino de ouro sempre consegue, não é verdade? Com certeza você acha que por ser o escolhido, as coisas sempre se encaixam para você. Você é tão igual ao seu pai."

"

Você está errado! Eu entendo sua preocupação e frustração, mas saiba que eu não tomei minhas decisões levianamente e pensei muito para tomar essa decisão e admito que fiquei preocupado com a possibilidade de dar tudo errado. Mas confio na minha intuição e nas pessoas ao meu redor. Eu sei que nem tudo foi perfeito no passado, mas estou fazendo o melhor que posso para tornar as coisas certas agora. Por favor, confie em mim." Ele responde com aquela mesma irritante determinação Grifinória que eu só encontrei em outra única pessoa: o pai dele.

Em um momento tenso e carregado de emoções, Harry encarou Snape com firmeza, ciente da desconfiança e da frustração refletidas nos olhos do professor de Poções. Com um tom calmo, mas determinado, ele começou a responder:

"O senhor está errado, compreendo suas preocupações e a sua frustração. Cada decisão que tomei foi fruto de profunda reflexão e ponderação. Sim, a incerteza sobre o sucesso do plano também me assombrou, mas confiei na minha intuição e naqueles que me apoiam. Reconheço os erros do passado, mas estou comprometido em fazer o melhor agora. Peço que confie em mim."

A voz de Harry ressoava no ambiente carregado de tensão, impregnada daquela irritante determinação inabalável que era tão característica da Grifinória, uma qualidade que ele só havia testemunhado com tanta intensidade em uma única pessoa: James Potter. O encontro de olhares entre os dois revelava uma mistura complexa de respeito mútuo e uma tensão palpável. Foi nesse instante que ambos compreenderam claramente o que era necessário para preservar e proteger o mundo bruxo e trouxa.

Essa cena marcante marcou o início de uma jornada crucial, onde o destino de Harry e Severus se uniu.

...

Informação importante para compreensão da fanfic: quando o texto que estiver na direita, é porque o Severus de escreveu o que queria falar no papel, já que o Harry não pode ouvi-lo e continuará assim ao decorrer dos capítulos

Exemplo: o texto ficará assim.

Caminhos Entrelaçados: Redenção No Tempo Onde histórias criam vida. Descubra agora