"ᴋᴀᴛɪᴇ"

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Eu me visto e deixo o banheiro e encontro o meu pai no telefone, na cozinha. Lutando para ouvir, enquanto Kate escreve o que a pessoa do outro lado da linha está dizendo.

Papai diz:

— Mas eu acho que voltarei no dia seguinte. Com a sua irmã mais velha muito animada. Ela prometeu comer a sua mistura especial de tudo na geladeira assim que voltarmos. Sim, estaremos aí na hora da nossa festa de suéter feio de natal. Você está pronto para ver a sua irmã ficar doente com a sua mistura e usando um suéter feio? — não se ouve nenhuma resposta do outro lado. — Nathaniel? Carinha?

Então eu ouço Nate, enfim dizer:

"Tudo bem se você não pode voltar para casa no natal, papai... nós entendemos."

O meu coração dói. Não seria a primeira vez que o papai perderia o natal. É ainda mais difícil estar do outro lado, onde eu sou a que está em missão desta vez.

Eu me lembro dele não estando presente para o natal como se fosse ontem. Eu tinha 8 anos.

flashback on

NARRADOR, point of view.

Evangeline desceu as escadas em completo silêncio, era muito tarde da noite da véspera de natal, já passava do seu horário e ela definitivamente não deveria estar de pé. Ela então escuta a sua mãe chorando ao falar com alguém no telefone, assentindo rapidamente.

— Eu só... eu entendo Clint. Eu sempre entendo. Mas será apenas nós duas. Ela está falando em abrir os presentes assim que você chegar em casa o tempo todo, desde que você se foi. Ela não quis fazer o jantar na véspera de natal sem você. Tivemos que comer macarrão com queijo.

No viva-voz, Clint diz chorando:

"Eu sei... minha doce menina sente a minha falta, e eu sinto mais a falta dela... é só abrir os presentes sem mim. Está tudo bem.. ela tem apenas 8 anos. Eu já a vi abrindo presentes todos os outros anos..."

Evangeline mantém os olhos arregalados, que lacrimejam ao ouvir a voz de seu pai chorando. Enfiando a cabeça pela a fresta da porta, percebe a sua mãe balançar a cabeça em meio às lágrimas.

— Você pelo menos estará em casa no ano novo?

Ele suspira e diz:

"Estou tentando. Laur, prometo que estou tentando. Eu voltarei com aquela casa dos sonhos da Barbie que ela tanto queria. Montada e tudo mais. Papai Noel a deixou onde eu estava hospedado por acidente. Vou até fazer com que Nat venha para casa comigo para amenizar."

Laura ri em meio às lágrimas.

— Como eu vou montar os brinquedos dela? O que devo dizer a ela quando ela acordar e você não estiver aqui?

"Diga a ela que a neve me atrasou. Que a tia Nat me atrasou. Você é uma mãe forte. Eu sei que você consegue."

— Preciso começar a montar os brinquedos. Me ligue assim que tiver uma atualização, ok? — ela se dá por vencida.

"Claro. Eu amo você."

— Eu amo você. Por favor, fique seguro.

"Sempre. Dê o meu amor a minha macaquinha, ok?"

— Claro. — ela desliga e o celular cai na bancada, o barulho ecoando. Ela soluça e a menina congela na porta. Um momento depois ela decide ser corajosa e adentra o cômodo, sendo rapidamente notada pela a mulher mais velha. — Angie! O que você está fazendo acordada? — a menor anda em direção a mãe, e ela segura a mecha de um cachinho entre a pontas dos dedos.

ᴅᴏᴜʙʟᴇ ᴛʀᴏᴜʙʟᴇ. ━━━━━━ ᵏᵃᵗᵉ ᵇⁱˢʰᵒᵖOnde histórias criam vida. Descubra agora