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Terceira Pessoa.

Gostar de garotas nunca foi exatamente um problema para Valentina

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Gostar de garotas nunca foi exatamente um problema para Valentina. Desde jovem, ela se sentiu atraída por mulheres e, ao contrário das histórias trágicas que ouvira, a reação de seus pais foi surpreendentemente positiva. Enrico, seu pai, não apenas aceitou, mas praticamente celebrou a notícia. "Eu sou homem e sei como eles são. Homens são escrotos por natureza, então é até preferível que você goste de garotas", ele dizia, sempre com um sorriso irônico. Essa declaração, embora meio rude, era o jeito peculiar de Enrico mostrar preocupação e carinho genuíno. Ele queria proteger Valentina das desilusões que ele considerava inevitáveis nos relacionamentos heterossexuais.

Karoline, sua mãe, era uma história completamente diferente. Ocupada demais com suas responsabilidades no escritório, ela raramente tinha tempo para perceber as preferências da filha. Para Karoline, o mundo girava em torno de reuniões intermináveis e pilhas de documentos, a ponto de Valentina se tornar uma nota de rodapé em sua vida ocupada.

— Eu espero que você esteja prestando atenção no que seu papá está falando, Valentina Ortiz — disse Enrico casualmente, seus olhos perfurando a alma da filha com uma calma que enviou um arrepio por sua espinha. Era como se ele tivesse um radar para detectar qualquer sinal de distração.

— Claro que estou — respondeu Valentina, tentando igualar o tom despreocupado de seu pai enquanto mastigava lentamente seu almoço, cada garfada um esforço consciente para parecer relaxada.

— E eu finjo que acredito — Enrico soltou uma risada suave, levando o copo d'água aos lábios. — Sua mamá me avisou que passaria aqui mais tarde. Quer passar um tempo com você.

Valentina revirou os olhos, seu desgosto evidente: — Pois avise a ela que eu não vou estar. — murmurou, indiferente. Sua relação com a mãe sempre foi um jogo de esconde-esconde emocional. Karoline estava tão imersa em sua carreira que as raras visitas a casa pareciam mais uma obrigação do que um verdadeiro desejo de ver a filha.

— Eu entendo como se sente, mas tente ser menos rancorosa. Você conhece sua mamá. Apesar de tudo, ela a ama tanto quanto eu. Bom, é apenas um conselho do seu velho — disse Enrico, inclinando-se para dar um rápido beijo na testa de Valentina. Ela respondeu com um murmurado "vou tentar, papá", apreciando o gesto carinhoso mesmo que suas palavras carregassem uma dose de ceticismo.

Valentina sempre soube que seu pai tentava compensar a ausência emocional da mãe com sua presença constante e afetuosa. Desde que seus pais se separaram, quando ela tinha apenas quatro anos, a dinâmica familiar era marcada por essa dualidade. Enrico, com seu humor leve e atitude descontraída, contrastava fortemente com a natureza distante e severa de Karoline. Valentina aprendeu cedo que o ditado "os opostos se atraem" tinha um prazo de validade, e no caso de seus pais, ele expirou rapidamente. Ela riu sozinha ao pensar nisso.

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⏰ Última atualização: Jul 14 ⏰

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𝐅𝐢𝐧𝐚𝐥 𝐌𝐢𝐧𝐝..|| 𝕴𝖓𝖘𝖎𝖉𝖊 𝕺𝖚𝖙||Onde histórias criam vida. Descubra agora