IV

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Quando Yuna acordou, o quarto estava banhado pela luz suave do amanhecer. Os primeiros raios de sol filtravam-se pelas cortinas, criando padrões delicados de luz e sombra nas paredes. Ela se mexeu suavemente, sentindo o calor de Soshiro ao seu lado. Seus olhos se abriram lentamente, encontrando os dele que a observava com um sorriso sereno.

— Bom dia — ele disse, sua voz baixa e cheia de carinho.

Yuna bocejou, espreguiçando-se languidamente antes de se aninhar mais contra o peito dele.

— Bom dia — murmurou, a voz ainda rouca de sono.

Soshiro afagou os cabelos soltos de Yuna, seus dedos deslizando suavemente pelos fios escuros.

— Precisamos nos apressar para o café da manhã — ele comentou, com um tom de leve urgência. — E você não está com o uniforme aqui.

Yuna se sentou rapidamente, a expressão alarmada substituindo o sono em seus olhos.

— Como sairemos daqui? — perguntou ela, apanhando as peças de roupa espalhadas pelo chão. Soshiro riu baixinho, apreciando a cena.

Yuna fez um biquinho, tentando parecer o mais fofa possível.

— Pela porta — brincou ele, pressionando o canino com a língua, o que fez Yuna sentir um calor repentino pelo corpo.

Ela começou a se vestir rapidamente, sentindo os olhos dele sobre si. Cada movimento dela era observado com atenção, como se ele estivesse gravando cada detalhe em sua memória.

— Você é muito engraçadinho — disse Yuna, arqueando uma das sobrancelhas enquanto olhava para o homem ainda deitado nu, o braço atrás da cabeça realçando os músculos.

— Obrigado — agradeceu ele, os olhos brilhando de diversão. Yuna sorriu, negando com a cabeça enquanto se aproximava da cama. Ela deixou um beijo rápido nos lábios do vice-capitão, sentindo o calor dos lábios dele contra os seus.

— Até o café da manhã — sussurrou Soshiro, seus olhos seguindo cada movimento dela enquanto ela se afastava.

Ela assentiu com a cabeça e caminhou em direção à porta. Antes de sair, ouviu a voz de Soshiro chamando-a novamente.

— Yuna — Soshiro se sentou, os cabelos bagunçados testemunhando a noite selvagem que haviam tido. Yuna sentiu as bochechas corarem ao se virar para ele, a mão na maçaneta. — Se perguntarem sobre nós, o que você irá dizer?

Yuna sorriu.

— Que sou sua namorada — murmurou, arrancando um sorriso largo do vice-capitão. Com essa declaração, ela saiu do quarto, fechando a porta suavemente atrás de si.

Yuna suspirou, andando rápido pelos corredores vazios. Não queria ser pega em uma ala a qual não pertencia, especialmente estando apenas de pijama. Abraçando o próprio corpo em uma tentativa de se proteger do frio dos corredores, ela acelerou os passos, que ecoavam pelo corredor. As luzes piscavam em alguns pontos, aumentando seu nervosismo.

Virando o corredor, ela soltou um suspiro de alívio. O local estava vazio. Yuna correu em direção ao seu quarto, inseriu a chave na fechadura e a girou rapidamente. Entrou e fechou a porta atrás de si, encostando-se nela por um momento para recuperar o fôlego.

Ela rapidamente apanhou seu uniforme e se vestiu com rapidez, escolhendo fazer um coque rápido em seus cabelos. Em seguida, caminhou a passos largos em direção ao refeitório, seu coração batendo acelerado. Estava muito atrasada e sabia que precisava se apressar.

Quando chegou ao refeitório, seu coração deu um salto ao ver Soshiro a esperando na porta. Ele estava encostado na parede, os braços cruzados e um sorriso tranquilo nos lábios. Seus olhos brilharam ao vê-la se aproximar.

— O que está fazendo aqui? — Yuna perguntou, tentando esconder a surpresa em sua voz.

— Te esperando, para que nenhum supervisor ache que pode te xingar pelo atraso — ele respondeu, piscando para ela.

Yuna olhou ao redor, preocupada.

— Mas chegando juntos assim, todos vão notar — ela disse, a preocupação evidente em seu tom. — Ainda tenho medo de prejudicá-lo.

Soshiro arqueou uma sobrancelha, seu olhar se suavizando.

— Eu já disse, não se preocupe com esse tipo de coisa — ele afirmou, alcançando a mão dela e entrelaçando-a na sua.

O gesto fez o coração de Yuna acelerar ainda mais. Ela sorriu, sentindo o calor subir às suas bochechas. Era um gesto simples, mas significava muito para ela. Ele não iria esconder o relacionamento deles, não depois de tanto desejá-la em segredo e finalmente tê-la como sua namorada.

— Vamos entrar? — Soshiro perguntou, puxando-a suavemente para dentro do refeitório.

Yuna mordeu o lábio inferior quando todos no local olharam para ela. O coração batia acelerado, mas a mão de Soshiro, ainda entrelaçada com a sua, proporcionava um consolo reconfortante. Ele sorria com orgulho enquanto a puxava para a fila.

Com as bandejas em mãos, Soshiro a encarou com carinho. Incapaz de segurar sua mão, ele se inclinou e depositou um beijo casto em seus lábios. Deixando-a envergonhada. 

— Sente-se com seus amigos — ele pediu, e Yuna assentiu, compreendendo a situação. Ela sabia que, apesar do desejo dele, não poderia se sentar com seus superiores.

— Logo estarei ao seu lado — murmurou Soshiro, antes de se afastar para se sentar ao lado de Mina.

Yuna caminhou até a mesa onde seus amigos estavam e foi imediatamente confrontada por Kikoru, cuja expressão era de pura raiva.

— Não acredito que mentiu para seus amigos — acusou Kikoru, apontando o dedo para Yuna, a decepção evidente em seus olhos. — Disse que não tinha "nenhum homem em seu quarto" e está de mãos dadas com o vice-capitão? Explique-se.

— Fale baixo, por Deus — sussurrou Yuna, as bochechas queimando de vergonha. — Estamos namorando — respondeu de forma simples, começando a comer.

Reno a encarou brevemente antes de soltar um longo suspiro.

— Eu não podia contar naquele momento — tentou tranquilizar os amigos. Era verdade; ela e Soshiro não tinham nada até recentemente.

Kikoru estreitou os olhos, claramente ainda irritada.

— Ele não para de olhar pra cá — comentou Reno, apoiando-se na cadeira ao terminar sua refeição. — Achei que fosse proibido relacionamentos entre superiores e meros soldados como nós.

— E é — Kafka interveio, a preocupação nítida. — E se quiserem demiti-la?

— Não vão — a voz de Soshiro cortou o ar quando ele se sentou ao lado de Yuna, fazendo-a se sobressaltar levemente. Ele repousou a mão na coxa dela por debaixo da mesa, desenhando círculos imaginários com os dedos. — A não ser que queiram me demitir também, e imagino que eles não cometeriam esse tipo de erro — disse, depositando um beijo suave nos cabelos de Yuna antes de se levantar. — Estarei te esperando no campo de treinamento.

Yuna afirmou com a cabeça e sorriu, observando enquanto ele se afastava lentamente.

Os olhares dos amigos ainda pesavam sobre ela, mas o gesto de Soshiro havia dito tudo.

Ele estava disposto a enfrentar qualquer coisa por ela.

Desejo - Hoshina Soshiro +18Onde histórias criam vida. Descubra agora