II

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Quando os primeiros raios de sol entraram pelas janelas de seu quarto, Yuna já estava desperta. Deitada de barriga para cima, com as mãos apoiadas abaixo do abdômen, ela observava o teto com os olhos fixos, sentindo-se inquieta apesar da respiração tranquila. A ansiedade para encontrar Hoshina era palpável, mas o comentário que ele havia feito ao sair de seu quarto ainda a deixava com vergonha de encará-lo.

Ela se levantou preguiçosamente, os pés quentes tocando o chão frio. Um arrepio percorreu seu corpo, e ela rapidamente buscou seus chinelos de tecido macio. O uniforme, já separado e dobrado com cuidado sobre a mesa, a aguardava. Yuna vestiu-se com tranquilidade, ajustando cada peça no lugar. O tecido do uniforme era robusto, mas confortável, projetado para suportar o rigor dos treinos.

No banheiro, Yuna se olhou no espelho. Refez o rabo de cavalo que sempre usava, puxando os fios negros e brilhantes que contrastavam com sua pele pálida, quase translúcida, como porcelana fina. Seus olhos encontraram o próprio reflexo, e ela sorriu ligeiramente, satisfeita com sua aparência.

Saindo do quarto, Yuna caminhou até o refeitório, onde o cheiro de café fresco fez com que seu estômago acordasse. O ambiente fervilhava de vida, com soldados e superiores conversando. O refeitório era amplo, com longas mesas ocupadas por grupos de pessoas em uniformes militares.

Yuna pegou sua bandeja e se dirigiu à fila, observando as expressões familiares ao seu redor. Com a bandeja cheia, foi até a mesa onde seus amigos estavam sentados.

— Yuna, ficamos sabendo de uma fofoca sobre você — comentou Kikoru assim que Yuna se sentou à sua frente. Kikoru era uma jovem com cabelos loiros brilhantes presos em um coque alto e olhos afiados que pareciam sempre estar à procura de informações interessantes.

— Fofoca? — Yuna arqueou uma das sobrancelhas, curiosa. Será que sabiam sobre seu treinamento secreto com Hoshina?

Kikoru assentiu com um gesto exagerado, os olhos brilhando de curiosidade.

— Está recebendo visitas de homens no seu quarto — ela sussurrou, inclinando-se para frente para que apenas as pessoas na mesa ouvissem. Yuna, surpresa, engasgou com o café que estava bebendo, atraindo a atenção dos amigos ao redor.

— Está tudo bem? — Reno perguntou, batendo levemente nas costas dela.

— Sim — Yuna finalmente respondeu, os olhos marejados pelo engasgo, tentando recuperar a compostura.

— Quem é? — Kikoru insistiu, inclinando-se ainda mais, a curiosidade evidente em seu rosto. — Quem é que você está escondendo de nós?

— Ninguém... não estou recebendo homens no meu quarto — disse Yuna, a voz firme. Sentiu-se orgulhosa por ter mantido a calma.

— Ahhh — Kikoru se encostou na cadeira, batucando os dedos na mesa enquanto pensava. — Fofocas não circulam do nada, sabia? — provocou, um sorriso malicioso nos lábios.

— Não estou recebendo homens no meu quarto — repetiu Yuna, desta vez com um tom de irritação na voz.

— Certo, certo! — Kikoru levantou as mãos em um gesto de rendição, mas o brilho curioso em seus olhos não desapareceu.

Yuna suspirou e voltou a comer seu café da manhã. O refeitório continuava cheio de vida, com soldados e oficiais se movimentando. As longas mesas de madeira estavam repletas de bandejas, pratos e copos.

Yuna suspirou, voltando a comer seu café da manhã.

— Capitã, Vice-Capitão... Bom dia — alguém cumprimentou quando as duas autoridades entraram no refeitório.

Desejo - Hoshina Soshiro +18Onde histórias criam vida. Descubra agora