capítulo 3

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Pov Narrador;

Na manhã do outro dia a mesma rotina se repetiu, com exceção do café da manhã, que na terça teve a presença de Ana Carolina, a mesma não esteve no almoço ou na janta e esse ciclo permaneceu até o encerramento da semana. Priscila já estava lá na seguinte segunda e conseguia contar nos dedos a quantidade de vezes que viu sua chefe depois da noite do seu primeiro dia.

- O que você tanto lê, Pri? - Fabi, que estava preparando o almoço e observando Priscila sentada no balcão com inúmeros papéis a quase uma hora, perguntou. As crianças já haviam sido deixadas na escola e sem nenhum histórico de atraso dessa vez. - Desde a semana passada que te vejo assim concentrada. Faculdade?

- Seria fácil se fosse sobre a faculdade, Fabizinha. É o roteiro da peça que tô fazendo esse semestre, é a primeira vez que recebo um dos papéis principais, e é uma obra que eu conheço muito bem então tudo tem que ficar perfeito.

A mais velha apenas confirmou e sorriu com a informação, ela sabia um pouco sobre o que se tratava já que sua filha partilhava da mesma concentração e pelo mesmo motivo. Alguns minutos depois Priscila pegou a chave do carro e saiu para buscar Helena e Marcelo. O maior desafio que ela estava tendo nesse novo cenário da sua vida era, com certeza, Ana Helena. A menina não baixava a guarda de forma alguma e na maioria das vezes era até difícil lidar com ela.

[...]

Para a surpresa, não só de Priscila, mas de todos ali, Carol estava em casa no horário do almoço.

- MAMÃE! - era um costume de Helena a animação sempre que via a morena, Pri já entendia que aquela reação se tratava da falta de afeto que a menina recebia por parte da mãe. Não era um assunto no qual ela pretendia se intrometer.

Algo a preocupava um pouquinho mais. Celo. Ao contrário da irmã ele nem reconhecia direito a mãe, não reagia a coisas básicas e Priscila não precisou conviver muito com o menino para perceber que seu comportamento não era o de uma criança normal para sua idade. Marcelo e Helena não eram o completo oposto apenas na personalidade ou forma de agir, também eram muito diferentes na aparência. Enquanto a mais velha tinha cabelos escuros e cacheados iguais os da mãe, seu irmão tinha um cabelo extremamente liso e claro, seguido dos seus olhos que não lembravam em nada os de Carolina. Esses fatos deixaram Priscila curiosa sobre o pai deles, quem ele era, porque não era presente, se eram filhos do mesmo pai, qualquer um julgaria que não. E o principal, porque mesmo sendo mãe solo Carol era tão distante dos filhos?

- Senti sua falta, mãe.

- Tomei café com você a algumas horas, Helena. - Carol respondeu simplismente, todos já estavam almoçando e o único barulho na mesa eram alguns comentários da pequena.

- Mas não almoçamos juntas a taaaaaanto tempo.

- Lena, vou arrumar seu irmão enquanto você termina seu almoço, ok? Jaja passo no seu quarto. - Priscila, que agora levantava com seu prato e o de Marcelo, (após a mesma dar seu almoço) avisou a menina.

- Não, hoje minha mãe vai me levar, ela está aqui. Né mamãe?

- Não posso, filha. Vim apenas almoçar, faça o que a senhorita Daroit pediu.

- Mas posso ir com você quando for para a empresa, é caminho.

- Helena, não é caminho e eu não posso me atrasar. Faça o que ela pediu, por favor.

- Não. Vou com você quando sair.

- Então você não vai para o Ballet hoje.

- Mas mãe, o que custa?

- Tempo. - Carol levantou da mesa deixando sua filha chateada para trás, Fabi nunca comentava sobre essas coisas, já estando bem acostumada pela frequência com que aconteciam.

- Vamos, Helena. Vá tomar seu banho, sua mochila já está pronta.

- Não quero ir com você. - a resposta foi ríspida.

- Isso não é uma opção, pequena.

A menina não a respondeu, apenas saiu batendo o pé enquanto subia a escada da sala, Priscila tentava não dar importância para suas birras, se fosse parar tudo a cada resposta que Helena te dava, eles se atrasariam todos os dias.

[...]

Pov Ana Carolina;

Hoje eu não estava com paciência nenhuma para as birras da minha filha. Por alguns segundos me arrependi de vir almoçar em casa.

Tudo valeu a pena quando estava saindo do meu quarto e resolvi ir até o de Marcelo para saber se sua babá precisava de alguma coisa. Quando parei em frente a porta aberta vi uma das cenas mais lindas tendo meu filho presente. Priscila estava secando seus cabelos com a toalha de banho enquanto brincavam de alguma coisa que fazia Celo gargalhar. Parei durante muitos minutos, a loira só percebeu minha presença quando já havia vestido toda a roupa dele.

- Que susto, Carol!

- Desculpa, não quis atrapalhar. Vocês pareciam estar se divertindo.

- E nós estávamos, né gatinho? - ela perguntou se dirigindo ao meu filho enquanto o dava um beijo na bochecha. - Não quer passar esses minutos com ele? Vou arrumar essas coisas rapidinho e ver se a Helena precisa de mim.

- Ah... claro. - o sorriso de Priscila para minha resposta foi radiante, quase como se ela estivesse torcendo por aquilo.

Mas Marcelo não era tão feliz comigo. Ele não dava as mesmas gargalhadas e mal me olhava. Talvez porque eu também mal olhava para ele, ou para seus olhinhos claros. Quando a babá saiu do quarto me sentei com Celo no calo.

- Ele é a sua cara, amor! Parece até que estou olhando para os seus olhos.

- Chama a Lena, ela vai amar conhecer o irmãozinho. Agora temos uma mini você e um mini eu.

- Acho que me apaixonei denovo. - minha fala foi seguida por uma gargalhada de Anne.

Estávamos no hospital, Marcelo havia acabado de nascer e fomos para o quarto esperar minha mãe e Helena.

O bebê no meu colo, mesmo ainda muito inchadinho, deixava claro a aparência com minha esposa. Foi a imagem mais linda da minha vida quando Lena chegou e o segurou pela primeira vez.

- Ele é lindo, não é Aninha? - Anne perguntou acariciando os cachos na menina.

- Parece com você, mamãe. Ele é todo pequenino né!?

- Carol? - Priscila estava parada na porta do quarto me observando. - Tava te chamando, está tudo bem?

- Ah... sim. Helena já está pronta?

- Sim. Ela está esperando lá embaixo.

- Ótimo, também já tenho que ir.

Deixei Marcelo rapidamente em seu colo e desci com minha bolsa. Helena perguntou algo quando me viu mas apenas deixei um beijo em sua cabeça e segui até meu carro. Minha cabeça rodava com as lembranças, era inevitável e mesmo me culpando eu não conseguia não ver ela nele.

Pov Priscila Daroit;

Depois de deixar as crianças em seus destinos, segui para o teatro. O ensaio foi espetacular e um dos melhores até hoje. Assim que minha chefe chegou a noite, saí para a faculdade.

[...]

Quando retornei para a casa de Carolina, a luz da cozinha estava novamente acesa, como na semana passada, mas dessa vez ela não se encontrava no local. Vi a porta de vidro que dava para o jardim encostada e lembrei de seu comentário sobre beber apenas ali. Eu poderia simplismente ignorar e subir para o meu quarto, mas sou curiosa demais para isso e claramente não considerei essa opção.

Quando me aproximei da porta, a morena estava jogada em um dos sofás dali, com sua fiel taça de vinho tinto. A admirei por alguns minutos, até a mesma perceber minha presença.

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Se o capítulo for bem recebido, prometo soltar mais um em menos de 24 horas.

Minha Babá - DarolanaOnde histórias criam vida. Descubra agora