Três Almas na Praça dos Girassóis

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Sob o sol impiedoso do meio-dia, a Praça dos Girassóis se transforma em um cenário de luz dourada e intensa. As árvores, que outrora projetavam sombras longas e proeminentes no crepúsculo, agora encurtam-se, suas manchas contrastantes dançando sobre o gramado verdejante. Os jardins floridos, em plena floração, exibem uma paleta de cores vibrantes sob o calor escaldante do astro-rei. E as palmeiras imperiais, altivas e majestosas, erguem-se como sentinelas vigilantes, suas folhas ondulando suavemente na brisa quente. Ao redor, a praça pulsa com vida.

Crianças correm e brincam despreocupadamente, seus risos ecoando pelo ar. Pessoas passeiam lentamente, aproveitando o dia ensolarado para relaxar ou praticar atividades físicas. Grupos de amigos se reúnem em bancos e mesas, conversando animadamente, enquanto o aroma das flores e o calor do sol criam uma atmosfera acolhedora. E é nesse cenário radiante que três figuras distintas se cruzam, unidas por um acaso do destino. O ar quente vibra com o zumbido das abelhas e o canto dos pássaros, criando uma sinfonia natural que acompanha o encontro inesperado.

Ângelo, Agenor e André, cada um com sua própria história, seus sonhos e seus pensamentos, se destacam no meio da multidão. Suas vidas se entrelaçam por um breve momento, criando uma conexão única que desafia o acaso que os uniu naquele instante fugaz. E assim, na Praça dos Girassóis, sob o olhar implacável do sol, essas três almas solitárias encontram-se, talvez sem saber que esse encontro pode mudar o curso de suas vidas.

Ângelo, um ex-presidiário, carrega no rosto as cicatrizes do passado. Seus olhos, carregados de uma tristeza profunda, refletem as batalhas árduas que travou em sua vida. Naquele momento, ele vasculha o chão com obstinação, buscando a moeda de um real que considera seu amuleto da sorte. Essa pequena peça metálica, que havia caído de seu bolso sem que ele percebesse, representa para Ângelo um símbolo de esperança, um lembrete de que a vida ainda pode lhe oferecer boas surpresas. Agenor, um senhor de cabelos brancos como a neve, carrega nos olhos a tristeza do abandono. Seus ombros curvados e a expressão melancólica denunciam a dor de um pai que perdeu o contato com seus entes queridos.

A solidão é sua companheira constante, e a praça se tornou seu refúgio, um lugar onde ele pode observar o movimento da vida e, por alguns instantes, esquecer da angústia que o consome. André, um jovem estudante à beira da vida adulta, enfrenta a incerteza do futuro. A chama da juventude em seus olhos se mistura às dúvidas sobre qual caminho seguir. A adolescência, com suas alegrias e frustrações, o coloca em um momento de reflexões e decisões importantes. Enquanto Ângelo caminha distraído, preocupado com o destino de sua moeda de um real, ele esbarra em Agenor, provocando a queda do senhor.

- Oh meu Deus, meu senhor, me perdoe! - exclama Ângelo, tomado por um sentimento de culpa.

- Ai, ai, minhas costas... Onde você está com a cabeça? - Agenor, massageando as costas, murmurou entre dentes.

Nesse instante, André, que observava a cena do ponto de ônibus, correu em direção aos dois homens, pronto para ajudar.

- Venha, pegue a minha mão! - oferece André a Agenor, estendendo sua mão firme e segura.

- Mil desculpas, senhor. Eu realmente não estava prestando atenção.

- Bom, não me machuquei seriamente... Acho que está tudo bem. Poderia ter sido pior.

André, observando toda a situação, comenta:

- É verdade. Olhando por esse lado, a queda foi perto do meio-fio. Poderia ter sido pior."

Ângelo, ainda tomado pelo sentimento de culpa, murmura:

- Não sei onde estava com a cabeça.

- Está tudo bem, rapaz. Mas você vai ter que ficar aqui até as dores das minhas costas passarem - Agenor, compreensivo, disse.

Enquanto André ajuda Agenor a se acomodar no banco, o ônibus escolar que André aguardava passa pela praça.

- Jovem, acho que é o seu ônibus fazendo a curva ali - aponta Agenor para o veículo que se afasta.

Ângelo, tomado por mais culpa ainda, exclama:

- Meu Deus, agora o rapaz perdeu o ônibus por minha causa... Eu posso pagar um táxi para você.

André, com um sorriso tranquilizador, responde:

- Está tudo bem, senhor. Eu não estava com vontade de ir para a aula hoje.

Os três homens se encaram em um silêncio carregado de significado. Um encontro inesperado, em um momento improvável, uniu três almas solitárias, cada uma com suas próprias dores e esperanças. A luz do sol poente, prestes a se despedir, parece abençoar esse encontro improvável, prenunciando o início de uma história inesperada. Ângelo, Agenor e André permanecem ali, lado a lado, como personagens de um enredo que ainda está por se desenrolar. O banco de madeira desgastado pelo tempo, que antes era apenas um objeto inanimado na praça, agora se torna o epicentro de conexões humanas.

AAA Praças dos GirassóisTempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang