CAPÍTULO QUATRO

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CELINE

Salmos 51
2. Purifica-me de todas as minhas maldades e lava-me do meu pecado.
3. Pois eu conheço bem os meus erros, e o meu pecado está sempre diante de mim.
4. Contra ti eu pequei – somente contra ti – e fiz o que detestas. Tu tens razão quando me julgas e estás certo quando me condenas.
5. De fato, tenho sido mau desde que nasci; tenho sido pecador desde o dia em que fui concebido.


coloco a última mala em cima do meu lugar e me sento na poltrona, até que o avião não esta tão cheio, olho para o lado e vejo minha mãe virada para a janela, deve estar dormindo, pela respiração pesada ela esta cansada, arrumar todas as nossas coisas em menos de três meses e realmente mudar de pais, não é para qualquer um, eu nunca pensei que minha vida teria essa reviravolta, mas desde pequena quando soube que minha mãe é americana, meu sonho é morar lá, acredito que em menos de 24hrs nos já estaremos em solo americano, dependendo das conexões, me aconchego na enorme poltrona, será que consigo dormir? Coloco meus fones e dou play em uma playlist aleatória no spotfy, lembranças da semana passada invadem a minha cabeça, bufo cansada, eu não quero pensar nisso! Porque isso está acontecendo comigo? A festa era minha, eles não podiam me respeitar? Tinham que me humilhar daquele jeito? Eles eram os meus melhores amigos, meu próprio namorado e minha melhor amiga, deixo uma lágrima solitária rolar pelo meu olho direito, mas a limpo em seguida com rapidez, so de pensar em contar para minha mae me da arrepios, ela nunca me entenderia, tenho certeza que riria e me diria que me avisou varias vezes sobre aquele ser humano e todo aquele blablabla, respiro fundo, na real ninguém nunca gostou de mim, eu era um objeto para eles, alguém que pagava as bebidas e deixava reservado os espaços para as festas deles, otarios! Imbecis, eu não merecia isso, merecia Deus!?

Como eu fui tão cega? Como eu pude deixar ela ter razão, logo ela que nunca se importou comigo, passava horas trabalhando sem ao menos me perguntar se eu estou bem! preferia salvar a vida de outras pessoas enquanto a minha estava indo pelo ralo! Me deixava plantada nos feriados e reuniões de escola, ela que nunca foi uma mãe para mim e viu algo que eu não vi! Mas a culpa é minha? Ele me fazia tão bem quando ela não estava por perto, era ele quem cuidava de mim e agora ele esta rindo da palhaça que tomou um enorme chifre e se mudou para não lidar com a vergonha, ahrg! eu não merecia isso, merecia Deus!?

Você pode me ouvir!?

Você pode me ver!?

Será que é Você fazendo tudo isso?

Você me ama?

Você se importa comigo?

É claro que não, com todas essas merdas que eu já fiz, eu mereço isso mesmo. Cruzo os braços e fecho os olhos com força, espero que em um pais novo, minha vida seja nova também, começando com a minha mãe!

Sinto Cristine se mexendo ao meu lado, desligo o notebook e tiro meus fones, depois de passadas muitas horas dormindo ela acordou, bem já chegamos, olho em volta e percebo que todos tambem já perceberam que estamos ‘’descendo’’, guardo as coisas na minha bolsa, ajeito o cinto como ordenado pela voz do autofalante, o sol esta bem fraquinho e nem sinto o frio do ar me abalar, meu corpo quente esta um pouco suado, acredito que seja pela empolgaçao de já estar em solo americano, ou melhor dizendo, pelo que esse novo pais, nova cidade e nova vida pode me trazer. Passados alguns minutos é nos informado que já podemos descer, pegamos nossas coisas e deixo minha mae ir na frente para apenas segui-la sem precisar perguntar nada, descemos as escadas do avião e fomos direto para dentro da área de alimentação daqui, tudo é tão diferente do Brasil, pessoas correndo para todos os lados, varias línguas sendo faladas nos autofalantes, o ar gelado me deixa com um pouco de frio, respiro fundo, o que será que nos reserva nessa nova cidade?olho em volta e a vejo sentando em uma das cadeiras de uma cafeteria do aeroporto, ela é bem bonita, enorme e bem aberta com os seus tons pasteis mais puxados para as cores fechadas, amei o lugar, os Starbucks daqui que me aguardem, tudo aquilo que eu não tomei de café no Brasil, tomarei aqui hahaahahah, balanço a cabeça um pouco rápido e deixo os meus pensamentos voltarem a realidade novamente, sento ao lado dela me encostando na parede para não manter contato visual.
- pede um café para nos duas, eu amava os croissant desse lugar—cristine diz para mim em tom alegre, ela mexe a cabeça observando o lugar, digamos que ela esta fofa? não vou sorrir, não vou sorrir
- eu não estou com fome, obrigada – digo sem olha-la, pego meu celular do bolso e começo a mexer nele
-e você vai ficar um dia todo sem comer?—respira fundo cansada, colocando um fio castanho para atrás da orelha, sinto seu olhar sobre mim, por mais que eu queira de verdade ter uma relação boa com ela, eu não consigo agora, meu peito ainda esta apertado e eu estou muito magoada com o que acabou de acontecer no Brasil, so mudar de pais, por mais que extasiante não apaga tudo que já aconteceu, principalmente que nos duas fizemos uma para a outra, mas esse não é o momento de ter uma dr familiar, então para o bem da minha saude mental, ficarei quieta – você acha que eu não estou ‘’ligada’’—faz aspas com as mãos—do que rolou na sua festa ridícula, não é? – diz debochando, me viro assustada e engulo seco dando um risinho de canto – o prédio todo ficou sabendo—respiro fundo, fechando os olhos, La vem o sermão que eu menos queria e precisava, se fosse em outro tempo, eu teria forças para responder, mas como disse, vou deixar ela ter o direito da fala hoje, so para não perder minha paz em vão
- eu somente disse que não quero tomar café, mae, posso?- passei as mãos pelos olhos, ela negou com a cabeça
- não, não pode, você não deve se martilizar por aquele cretino e aquela filhote de meretriz ambulante—disse indignada, arregalo os olhos e coloco as minhas mãos na boca, o que eu acabei de ouvir? Ela esta me defendendo?- você pensou que com tudo isso que esta acontecendo eu vou te deixar trancada no quarto sofrendo? Negativo, nesse pais o que mais tem são passatempos melhores que aquele garoto, agora nos estamos em casa e você deve fazer jus a ela- diz animada com muita gesticulaçao, será que eu estou sonhando? Eu devo estra presa dentro de algum pesadelo horrível!
-o que aconteceu com você?- pergunto confusa, ela me olha risonha tirando um lip balm do bolso de seu enorme casaco branco e passa nos lábios.
- eu não vou te dizer que te avisei, porque você sabe disso, mas eu melhor que ninguém sei como é horrível sofrer uma traição, você é jovem, so estou pegando novamente o ritmo dos euas, my babe- diz balançando os ombros como se estivesse dançando.
-voce esta me assustando- digo com o cenho franzido, ouço ela soltar uma gargalhada- eu definitivamente não te conheço
-sim filha e so esta começando – diz soltando uma risada nasalada, solto outra e me levanto para buscar o nosso café. Acho que finalmente um novo tempo chegou!

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