SONETO NO PORÃO

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Desafio:

Escreva sobre um livro encontrado no porão de uma casa.


Minha Resposta:

— Atchim! PARA QUÊ LIMPAR ISSO MULHER?

— Para de gritar e reclamar! Também vou ajudar, vai segura esse balde.

Valéria amarrou um pano na face e começou a varrer os degraus. Roberto, contrariado, desceu verificando a camada de pó na primeira caixa de papelão.

— Não fica só olhando, comece a trabalhar.

— Calma Val! — revirou os olhos indo para longe do olhar da esposa, ainda resmungando — Nem lembro mais o que tem nessas caixas. Por mim, jogava tudo fora.

Em um canto, uma caixa com menos pó que as outras e semiaberta lhe chamou atenção. As mãos tocaram o conteúdo interno.

"O álbum de nosso casamento..." ocultou-se para folhear sozinho. "Como era linda... Mas não me lembro disso."

Desdobrou um conjunto de folhas de caderno e leu:

Seus olhos escuros

E os braços quentes,

Onde sempre durmo,

Te amo para sempre.

As vezes não te escuto,

Evito seus resmungos.

Se fosse mais clemente,

Seria um grande presente.

Mas sigo firme a teu lado.

Pois a meus pedidos obedece.

Mesmo insatisfeito me segue.

No matrimônio firmamos laço.

Por seu amor peço em prece.

Para que seja eterno como a tese.

Após ler o soneto simples, Roberto guardou tudo na caixa. Suspirou ao fechar a tampa e com um pequeno sorriso curvando seus lábios, voltou para escada.

— Vamos sair dessa poeira Val, que tal almoçarmos naquele restaurante que gosta?


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