II

38 4 0
                                    

( Ainda não foi revisado)

"Às vezes, as pessoas são bonitas. Não pela aparência física. Não pelo que dizem. Só pelo que são."
- Markus Zusak

Aonung

— Nós erramos, Tonowari — minha mãe começou, quebrando o silêncio do desjejum.

Minha mãe passou a noite queixando-se da decisão que havia tomado na manhã anterior. Suas palavras ecoavam pela cabana, misturando-se com o som das ondas lá fora. Eu pensei que o assunto já havia acabado, mas estava nitidamente enganado.

— Ronal, o assunto já se deu por encerrado. — Meu pai alisou as têmporas com os dedos, coisa que ele fazia quando estava com raiva de algo, ou alguém. O silêncio que se seguiu era pesado, de modo que chegava a ser desconfortável.  

— Tonowari, eles têm sangue de demônio! O único ser normal ali é a Neytiri, e analisando suas relações, a sanidade da mesma pode ser questionada! — A voz de Ronal mostrava frustração, enquanto ela respirava fundo, tentando não se exaltar.  — Eles vão trazer essa guerra sem sentido para o nosso povo. Eu estou sendo realista, as armas deles são letais. Eles matam por benefício próprio e você sabe disso.   

— Nós precisamos dar-lhes uma chance, ao contrário disso, estaríamos indo contra nossos princípios. — Ele acariciou os longos cachos dela, tentando acalmá-la  — Eles têm uma linda família e estão tentando sobreviver. Não podemos virar as costas para eles. — A voz dele era suave, porém firme.

— Mamãe, nós entendemos sua preocupação, mas Toruk Makto e sua família precisam da nossa ajuda. — Tsireya, que até agora estava calada, tentou apoiar nosso pai. Sua voz calma contrastando com a tensão no ar. — Eles são diferentes, eu sei, mas isso não significa que eles sejam uma ameaça. — Seu olhar se encontrou com o de nossa mãe, procurando uma faísca de compreensão. 

Eu concordava com mamãe, mas preferi não me pronunciar. Na noite passada, ao expressar minha opinião, meu pai me olhou firme e disse que eu passaria muito tempo ensinando aqueles mestiços. “ Se eu souber que você não está se dedicando, as consequências vão ser sérias” ele avisou. A lembrança me fez engolir em seco, a vontade que eu senti de me rebelar foi enorme.

— E vocês realmente acreditam que nós podemos confiar neles? — Ronal respirou fundo, passando a mão na própria barriga que já tinha começado a transparecer a gravidez. — Eu espero que vocês estejam certos. 

— Mamãe, Aonung e eu iremos tomar conta deles. A senhora pode confiar na gente. — Ela deu um sorriso, um daqueles que ela sempre usava com os nossos pais para conseguir o que queria. 

— Eu vou? — respondi sem pensar, mas não era minha culpa se ela havia citado meu nome tão repentinamente. — Quer dizer.. Eu vou, claro que irei. 

°°°

— Por favor, Tsireya, eu nunca te pedi nada. — choraminguei. 

— Aonung, não começa. Isso é uma responsabilidade dos dois, você já fez o pobre Rotxo vir para nos ajudar, esse não é o momento para sair correndo! 

— Eu vim porque eu quis, o Aonung não me obrigou a nada. — ele se pronunciou. 

— Está vendo? 

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Jul 17 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

Marés do Destino Onde histórias criam vida. Descubra agora