Império mortal [ Apocalipse nuclear]

O Despertar da Esperança

   O despertar foi gradual, como se emergisse de um abismo de escuridão e silêncio. Os olhos de Joey, pesados de sono e confusão, se entreabriram lentamente, revelando um olhar perdido e atordoado. A consciência retornava a ele aos poucos, como fragmentos de um quebra-cabeça se encaixando com dificuldade.

   Ao seu redor, o cenário era assustador. Destroços e ruínas testemunharam a passagem impiedosa do tempo durante os dois anos em que permanecera em um sono profundo e insondável. O silêncio supulcral era interrompido pela respiração ofegante de um garoto que estava ao lado de alguns destroços, o garoto tinha um semblante familiar para Joey.

   Joey tentou se erguer, sentindo a fraqueza nos músculos atrofiados pela inatividade prolongada. A sensação de desamparo e solidão o envolveu como um manto gélido, enquanto ele processava a magnitude da catástrofe que ocorrerá em sua ausência. Um Apocalipse zumbi havia devorado 90% da população que havia sobrevivido a explosão do reator, deixando para trás apenas vestígios de um passado agora distante e irreconhecível.

   O sol poente tingia o céu de tons alaranjados enquanto Joey saia dos destroços ao lado do japonês que havia se nomeado como Aldrey, cujo rosto exibia marcas de radiação.

   Enquanto caminhavam juntos pelas ruas desertas, Andrey olhou para o garoto com uma expressão grave e solene, como que carrega o peso de verdades perturbadoras. Com a voz carregada de emoção contida, ele começou a relatar:

- Enquanto você era levado ao hospital, um murmúrio inquietante se espalhava pelas ruas desertas. O primeiro caso de um humano que sucumbira a uma mordida de um monstro libertado na explosão de Chernobyl e retomará à vida causou um arrepio coletivo.

   Os olhos do japonês refletiam o horror presenciado enquanto continuava sua narrativa:

- Nós testemunhamos a ressurreição, algo que deveria ser impossível. Desde então, esse tal monstro é chamado de Juízo Final. Sendo sincero, eu não faço ideia de como você está vivo.

    

     ⠂⠄⠄⠂⠁⠁⠂⠄⠄⠂⠁⠁⠂⠄⠄⠂⠁⠁⠂⠄⠈⠂⠄⠄⠂⠁⠁

   Enquanto seguiam pelos escombros e destroços do mundo pós-apocalíptico, Andrey e Joey deparam-se com uma horda de zumbis, cujos gemidos estridentes ecoavam pelas ruas. O ar rarefeito tornou-se pesado com o odor fétido da morte, anunciando a presença sinistra dos não-vivos sedentos por carne fresca.

   Sem hesitar, o japonês agarrou a mão do garoto e puxou-o em direção à um mercado abandonado nas proximidades. Os passos ecoavam em meio ao caos reinante, enquanto a adrenalina impulsionava-os para longe da ameaça iminente que se aproximava rapidamente.

   Com o coração martelando no peito e a respiração entrecortada, eles adrentaram o mercado, cujas prateleiras vazias e empoeiradas testemunhavam um passado de abundância agora esquecido.