Capítulo 20

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VOTEM!

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— O mesmo Roberto. - Viro meu rosto afim de olhar para o moreno que se encontrava ao meu lado. O Suor se destacava devido ao seu nervosismo e o clima quente das 12:40 da tarde. Ele deu por resposta o silêncio.
Depois de alguns segundos andando saímos da rua, com isso, finalmente ele resolve falar.

— Olha... eu vou passar na frente, qualquer sinal de 'porteiro' é tiro pra cima, mas precisamos seguir com o protocolo com cautela. Sua pistola tá com silênciador?! - Ele pergunta após me parar. O mesmo procurava resposta com os olhos, os quais tanto me provocavam.

— Está sim, pode ter certeza que não pouparei esforços. – O respondo soltando o fuzil que estava apoiado em meu corpo devido a bandoleira, e pego minha pistola o mostrando a resposta tanto procurada. O mesmo apenas afirma com a cabeça, voltando a caminhar novamente me fazendo ir junto.
Em nenhum momento Roberto tirava seus olhos de mim. Por mais que tentasse, ele não parecia gostar muito da ideia de mim ser sua cobertura. Fazendo assim com quê o mesmo de cinco em cinco minutos olhasse para trás, afim de checar algo. Realmentr não entendia o quê deixava o capitão tão inquieto. Inspirei fundo e hidratei meus lábios rececados, tentando lidar com a situação.
— Está tudo bem Nascimento? Tem certeza que quer fazer isso? - Pegunto com uma das sobrancelhas levantadas, parando de caminhar.

— Tá sim S/n. Eu quem lhe pergunto, você quer fazer isso? –Ele me responde tirando sua boina e limpando o suor da sua testa, depois de ter parado de andar.
Incrivelmente atraente.
Eu estava determinada a ajudá-lo.

— Claro que sim senhor, você sabe como ninguém que eu faria isso por qualquer um. –Concluo dando um passo a frente ao seu encontro. Estava ficando preucupada, talvez seu nervosismo atrapalhasse em nossa operação. Talvez pensar isso de um capitão do BOPE seja presunçoso da minha parte, contudo, eu gostava dele, seja da forma quê for.
— Toma. – Pergunto após lembrar da garrafa d'água a qual estava guardada na minha bolsa.

— O quê é isso? - Ele pergunta simples com uma das obrancelhas levantadas reajustando o fuzil em seus braços. Puta merda. O quê caralhos eu estava sentindo? Tudo isso teria de vir á tona justamente agora? Respiro fundo me recompondo.

— Água Roberto, você está suando frio! Só toma. Se você não se hidratar, a probabilidade de você ter uma queda de pressão lá na frente é grande. Só bebe.  
– Eu entrego a garrafa nas mãos dele fechando seus dedos sob o plástico da mesma. O moreno solta um "tsc" e sem mais nem menos ele toma mais da metade do conteúdo. Fiquei contente pelo fato dele não relutar, por mais do nervosismo dou um pequeno sorriso.

— Feliz agora? Então vamos. Eu ficarei cuidando da frente e você de trás. – Ele diz dobrando a esquina, dei duas batidinhas em seu ombro e logo formamos a posição.

Logo em seguida demos de cara com um garoto com o famoso radinho na cintura. O mesmo estava com uma arma. infelizmente não consegui detectar qual era devido a velocidade do tiro silencioso em que Nascimento deu na testa do garoto. Sua cabeça tinha sido estourada. Havia sangue por todo lado e um de seus globos oculares tinha conseguido resistir ao trauma, tendo ele ainda inteiro, só que fora da cabeça. Apenas ligado pelo nervo óptico que o levava de novo para a cabeça estourada do adolescente.

Dou alguns passos a frente e adentro eu na favela, pegando o rádio do menino. Logo atrás do moreno, vou a procura de algum atirador. Passando meus olhos atentos por cada laje das casas. Minha atenção estava mais amolada que nunca. A cada casa que passávamos os moradores fechavam suas portas, como se fôssemos assombrações.
Se faziam 10:00 horas da manhã, por mais daquela parte  não ser tão movimentada como o "centro", ainda havia alguns moradores que se faziam presente.
Então depois de alguns passos, para poupar munições  Nascimento optou por outra viela. Sabíamos que o tiroteio seria inevitável. E o quê me deixava mais puta disso tudo era quê os vagabundos mal sabiam ler e escrever, mas sabiam como manejar um fuzil ou qualquer outra arma que colocassem em suas mãos.
Todos eram uns ignorantes do caralho, que escolheram próprio inferno. No marasmo que é viver numa comunidade. E o fato deles escolherem o próprio inferno, era o quê me deixava com mais temor. Afinal, eles eram iguais a mim. Que também escolheu estar aqui, eu sabia com quê estava lidando.

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⏰ Última atualização: Jul 27 ⏰

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