Capítulo 09

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VOTEM!

Eram 21:30 da noite. Eu já estava acabada. Já tinha jantado e estava morrendo de sono, mas a clínica não parava, hoje em especial quando anoiteceu, apareceu muitas pessoas com sintomas de taquicardia, alucinações, convulsões... e como eu fiquei no plantão, o diretor me deixou responsável também por analisar esse fenômeno, não reclamei até porque gostava disso tudo.

- Chegou mais uma doutora, da mesma festa com os mesmos sintomas, ela está desfalecida, teve um ataque cardíaco. -Disse o paramédico chegando com a maca.

- Leve ela pra minha ala, estou indo. -Afirmei após terminar de tomar meu café, fui correndo em direção a garota.

- Já injetou a aspirina? -Pegunto.

- Sim, mas ela não respondeu. -Diz ele terminado de empurrar a maca pro seu lugar, tocamos ela de cama rapidamente.

- Pode ir, e chama uma enfermeira, caso você achar uma livre. Preciso de ajuda aqui. -Digo aproximando o respirador.

Em seguida pego o desfibrilador e uso um de 150 J pois não estava mais sentindo o seu pulso, a enfermeira chega e aplica o respirador, ficamos
revesando, entre o desfilibrador e o respirador na menina, depois de umas quatro tentativas a garota volta aos poucos.

- Caramba... ainda bem. -Digo abrindo o sorriso, eu já estava suada.
Obrigada por me ajudar. -Digo olhando pra enfermeira.

- De nada! Qualquer cosia me chama, meu nome é Luciane. -Diz a mesma saindo da minha ala, o hospital é muito grande, era impossível conhecer todos, mas a Luciane parecia legal. Nada explica a emoção de salvar uma vida.

- Que bom que ela está consciente, vou encaminhar um exame de sangue. -Afirmo anotando na plaquinha que ela tinha no final da cama e no sistema do hospital, gerando a notificação para os enfermeiros do laboratório, consequentemente depois eles viriam aqui fazer o exame; precisava coletar mais amostras para ter certeza do que estou tratando.

Cada remédio que aplico nos pacientes é como se estivesse jogando roleta russa, tendo a arma apontada somente para eles. Olho o meu celular e vejo que a bateria está acabando, me direciono até os armários do vestiário para pegar o meu carregador e revejo doutora Nielly.

- Ainda por aqui doutora? -Digo olhando para a mesma.

- Peguei um plantão de 20 horas na pediatria amiga. -Afirma Nielly passando as mãos em seu rosto, era perceptível o cansaço.

- Imagino seu cansaço, mas força amiga que vai dar tudo certo! -Encorajo a mesma, que ainda sim dá um sorriso.

- Pois é! Só pensando assim mesmo, mas vem cá -Diz ela chegando mais perto e abaixando o tom e voz.
- Você não está achando esses casos de morte de convulsões e ataques cardíacos muito frequentes? Tipo, mais que o normal? Lá na pediatria três adolescentes morreram em clínica. -Diz ela.

- Sim sim... Eu tô tentando ver o que posso fazer, é quase jogar uma roleta-russa, a gente não sabe se é droga, doença, entre outras possibilidades... se aparecer mais um caso parecido você faz o exame de sangue e me passa por favor?! -Peço.

- Passo sim amiga! Pode deixar. Agora eu já vou, tchau, e cuidado na volta pra casa! -Afirma ela saindo do vestiário, amava seu jeito atencioso.

Vou até a recepção para colocar meu celular pra carregar, graças a Deus Clarisse já tinha ido embora, certeza que ela implicaria pela tomada.
O hospital estava bastante movimentado, o suficiente para me fazer sair para tomar um ar, até que vejo na entrada Nascimento apoiando um colega nos braços, os dois estavam lutando para conseguir andar mas o seu amigo parecia estar baleado, especificamente no quadríceps, estavam prestes a entrar no estabelecimento.

𝘍𝘭𝘪𝘱𝘴𝘪𝘥𝘦Onde histórias criam vida. Descubra agora