Capítulo 1: No Trem

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Nota da Autora:
O sonho profético que atormenta Amaris é introduzido, além de uma personagem que será recorrente nas histórias. Espero que gostem dessa personagem e da Amaris também!
Mais uma vez, obrigada por terem vindo!
Boa leitura e se cuidem!
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Eu abri os olhos.

O cenário é de uma cidade tomada pela batalha. Demônios haviam invadido aquela cidade e iriam tomá-la para si a força. Os civis eram evacuados enquanto os guerreiros enfrentavam os demônios, com espadas, flechas, lanças, pistolas e feitiços poderosos.

E eu estava lá. Por algum motivo, eu estava lá. Eu podia sentir o calor das chamas, o frio do vento gélido dos feitiços de congelamento e o cheiro da pólvora misturada com sangue adentrava meu nariz. Eu também estava lutando contra os demônios e eu estava indo bem. Mesmo cansada, eu ainda tinha forças para continuar. Entretanto, a minha sorte virou de cabeça para baixo quando ela apareceu.

Uma mulher demoníaca. Seus cabelos eram vermelhos como se fossem tingidos pelo vinho tinto e seus olhos, tão vermelhos como uma joia, brilhavam com a ferocidade de uma criatura sanguinária. Eu me lembro da luz refletida da lua batendo contra as costas dela, deixando o seu rosto mais sombrio e destacando o brilho feroz de seus olhos.

Apesar do meu medo, não era a mim que ela estava caçando. Era outra pessoa, mas eu não queria permitir que ela o atacasse. Felizmente, eu fui rápida o bastante para empurrar o alvo para longe de suas garras, porém não fui rápida o suficiente para desviar de seu alcance.

O que veio seguinte foi a sensação de ter as costas perfuradas e rasgadas. Meu corpo começou a exalar o cheiro de sangue. A ferida havia sido grave o suficiente para que eu me rendesse ao cansaço. Caí no chão, sem forças para levantar.

Alguém havia se aproximado de mim e me colocado em seus braços, gritando o meu nome, porém a sua voz soava tão distante. Acho que ele havia falado algo sobre "aguentar firme", mas eu não tenho confirmar, eu estava perdendo os sentidos. A última coisa que eu me lembro ter ouvido foi o som de uma espada atravessando um corpo e um grito de dor estridente e enfim, apaguei.

.........

Abri os olhos mais um vez. Dessa vez, eu estava deitada em uma cama em um vagão de trem. Não havia sangue, nem pólvora, nem fogo, nem mulher demoníaca. Dessa vez, eu estava acordada. Aqui era a realidade.

Suspirando aliviada, eu me levantei, sentando-me na cama. A cabine particular estava da mesma forma que eu lembrava quando eu fui dormir. A diferença era que os raios de sol passavam pelos vidros da janela cuja as cortinas haviam sido abertas. Eu olhei para a outra cama ao meu lado, ela estava vazia e desarrumada. Ou seja, Erina havia acordado antes de mim.

Falando nela, eu escutei o barulho de uma maçaneta se abrindo. Esse barulho vinha de mais à frente, na porta do banheiro do vagão. De lá, saiu uma jovem garota de cabelos loiros e olhos verdes vestida em um roupão branco e enxugando seus cabelos molhados com uma toalha da mesma cor. Essa garota era ninguém mais ninguém menos que Erina Banloros, minha colega de viagem nesse trem e amiga de longa data.

- Eita, bainho bom! – Ela suspirou para si mesma, expressando o quão aquele banho havia revigorado ela – Ah, bom dia, Amaris! – Quando ela notou que eu já estava acordada, me cumprimentou animadamente. Porém sua animação se tornou preocupação no momento em que ela viu minha cara abatida – Que cara é essa?

- Eu tô bem. Foi só um pesadelo.

- E parece que foi dos brabos... – Erina comentou e ficou quieta por alguns segundos, pensando no que fazer agora – Olha, que tal você tomar um banho para esfriar a cabeça? Aí depois você me conta tudo.

Eu acenei a cabeça em concordância e me levantei da cama. Após ter ido pegar uma muda de roupas na minha mala, fui até o banheiro e fechei a porta. Por ser um vagão, o banheiro era pequeno, mas foi estruturado para não parecer claustrofóbico. Ainda dava para sentir o cheiro dos produtos que Erina usou no banho, deixando o cômodo com um fresco de flores refinadas. Eu fui até a pia e lavei meu rosto, levantando minha cabeça para olhar para o espelho logo em seguida. Vendo a névoa que havia se acumulado no vidro, eu instintivamente o limpei com o antebraço, revelando o reflexo de meu rosto um pouco sonolento.

A Formação da Maga de CuraOnde histórias criam vida. Descubra agora