Língua afiada...

4.6K 466 110
                                    

— Você sabe, ela não fez por mal. — Ana toca gentilmente no rosto de Helena, retirando os resquícios de lágrimas de ódio de seus olhos, pois sabia muito bem o temperamento forte que sua irmã tinha e uma coisa era certa! Helena nunca seria rebaixada por ninguém por ser humana.

— Diz isso, mas eles não te encaram na rua com desprezo. — Ana suspirou, terminando de secar as lágrimas de Helena, que agora estava sentada em sua cama olhando para a janela, onde a grande floresta negra cobria quase toda a visão.

Helena por alguns segundos se perdeu naquela paz que sentia ao saber que morava perto de um lugar tão tranquilo quanto a floresta, onde a diversidade de espécies era algo tão comum quanto a chuva que caía do céu naquele exato momento. E por mais que se perguntasse o motivo, nada daquele mundo explicava a razão de humanos nascerem entre uma relação de alfa e ômega. Era como se fosse algum tipo de "defeito" desde o segundo que o pequeno filhote é gerado na barriga da fêmea, e Helena com toda a certeza estava incluída nessa lista.

Incluída na lista de humanos...

Helena não tinha cheiro, não possuía uma loba dentro de si ou muito menos exalava algum odor que atraísse alfas em sua direção; pelo contrário, somente pelo fato de não ter nenhum odor, intrigava qualquer um que passava por ela e não sentia absolutamente nada. Alguns com os olhos assustados e outros com raiva? Mas que tipo de culpa Helena tinha por nascer humana? Que tipo de culpa ela tinha por ser ela mesma? Seja o que for, os olhos esverdeados de Helena se perderam na imensidão da floresta, na forma de como a vida selvagem poderia ser tão exótica e ninguém julgava.

— Me diz, Ana, o que há de tão bom em ter uma loba dentro de si? — pergunta Helena curiosa enquanto a paisagem em sua frente de alguma maneira reconfortava o coração.

— Além da transformação ser algo que nos traz mais liberdade, o simples fato de saber que não preciso me preocupar com nada em minha vida,  pois tudo está destinado é uma das coisas que eu mais gosto e acho importante. Meu homem deve estar por algum lugar aqui, talvez ansiando por mim assim como eu por ele, e para melhorar, o cheiro é delicioso.

— Você já achou seu companheiro?

— Não, infelizmente ainda não. Apenas senti um cheiro delicioso que agradou muito minhas narinas, mas quando fui procurar aquele odor, ele já havia se dissipado. Eu não entendo muito bem essas questões, mas espero que ele também tenha sentido o meu.

— Parece ser muito interessante...

— Oh! Sim, mas acho que a sortuda seria a companheira do rei, não acha? — no mesmo instante Helena engole em seco, pois de uma coisa tinha certeza: as histórias que ouvia de Jeon Jungkook não eram nada boas, sem contar que em todas elas ele sempre era descrito como um rei sem coração, frio, bruto e impiedoso.

Matava suas vítimas não importando quem fosse, e principalmente sua punição pior do que a morte era ser posto pendurado em uma árvore com a carne exposta, para que os abutres todos os dias pudessem comer suas vítimas ainda vivas, e apodrecendo lentamente... Oh! Sim! Helena se perguntava como poderia existir alguém daquele jeito, mas o olhar de Ana parecia fazê-la acreditar que nunca tinha ouvido essas histórias, e sim que o rei era um príncipe.

— O que está tentando insinuar? Nunca vimos o rei...

Aliás, a região onde a pequena vila que Helena habitava era bem afastada do reino, o que a fez se interrogar porque Ana estava tão animada.

— Ah! Céus, Helena! Se você ousasse colocar os pés para fora desta vila, talvez o teria visto!

— Você sabe muito bem porque eu não saio daqui... — diz com sua voz firme. — Mas não me lembro de você ter me avisado que foi para o reino.

Sob seu Domínio (Jeon Jungkook) ABOOnde histórias criam vida. Descubra agora