2. The Soul

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A cobra se enrolou em segurança ao redor dele, seu corpo abraçando sua alma como se fosse algo precioso para proteger, em vez de seu inimigo mortal. Harry agradeceu, porque era sua magia que o mantinha em pé. Ela estava bebendo toda a sua dor apenas para mantê-lo por mais um pouco, sofrendo porque Harry ainda tinha algo a fazer, e não podia desmaiar ali mesmo, no saguão da Mansão Malfoy. Assim que ele estava se firmando para bater novamente, a porta se abriu silenciosamente nas dobradiças sem um único som.

A entrada era escura e sombria, longas cortinas verde-escuras escondiam o resto do longo átrio, e Voldemort estava ali, pálido e alto como um osso nu em uma floresta de grama.

"Harry Potter." ele disse, e Harry começou a sentir a cobra perdendo o controle sobre ele. Parecia longe demais para ele alcançar, dissipando-se lentamente. A dor começou a voltar então, e Harry sabia que estava sangrando - no ombro, no peito e nas costas. Ele sentiu o cabelo emaranhado grudando na testa com suor e sangue. Mais uma vez sua visão escureceu, as bordas do mundo desaparecendo atrás de uma névoa escura que consumia tudo em seu caminho. Harry estendeu a mão para Voldemort, deixando sua varinha cair, seus dedos vermelhos e molhados, e tremendo tanto que parecia louco.

“E-eu não sabia mais para onde ir.” ele disse. A cobra estava quase sumindo.

Voldemort deu um passo à frente, olhando para ele com seus brilhantes olhos vermelhos, brilhando de raiva e curiosidade.

“Por que eu não deveria te matar agora mesmo?” ele perguntou calmamente.

A cobra se foi. Como uma parede sólida, tudo voltou a Harry, e ele caiu sobre o joelho.

“Eu tenho… sua alma.” foi a última coisa que ele conseguiu dizer antes de perder a consciência.

Braços palidos e fortes, lisos e com escamas o agarraram. Ele estava sendo carregado para dentro, a cabeça em um ombro forte e o nariz cheio de um cheiro estranho - como chuva, como o oceano, como água profunda. Voldemort o carregava, sólido e seguro como sua cobra. A visão de Harry estava desfocada, desmaiando e voltando em um ciclo eterno de confusão. Ele estava sendo jogado em uma cama confortável. A luz brilhava em seus olhos. Então, apenas escuridão.

 

*

 

Quando Voldemort viu Harry Potter, seu único pensamento foi: Eu posso finalmente matá-lo. Então, ele sentiu o puxão em sua alma, e escutou quando o garoto disse: "Eu tenho sua alma."

Mais do que isso, ele acreditou nele, porque estava bem ali - a prova. O puxão. Harry Potter tinha um pedaço de sua alma, e ele foi gentil o suficiente para devolvê-lo a ele.

Voldemort ajoelhou-se e pegou o garoto em seus braços. Ele era tão leve, quase como uma pena.

“Lucius. Chame seu curandeiro e me encontre no laboratório da masmorra. Podemos ter... um problema.” disse o Lorde das Trevas antes de levar o jovem Potter para o laboratório. Lentamente, para não sacudi-lo muito, ele o colocou em uma cama - uma das muitas colocadas ali para imitar a enfermaria do hospital em Hogwarts. O manto de Voldemort estava agora molhado de chuva e sangue, mas ele se recusou a sair da cabeceira quando Lucius e Narcissa desceram junto com o Curandeiro.

"O que aconteceu, meu Senhor?" perguntou Narcisa. Ele gostava dela - ela era forte e inteligente, mais do que seu marido, e tinha um temperamento explosivo. Se ele ainda estivesse louco, ele a teria descartado só porque uma mulher não podia ser tão forte quanto um homem. Mas felizmente ele não estava mais louco - não mais do que quando fez sua primeira Horcrux, pelo menos. O Curandeiro apareceu e depois de um momento, lançou um feitiço brilhante na figura adormecida de Harry Potter. O pequeno corpo do menino brilhou em azul por um único momento, então o feitiço se transformou em uma teia de minúsculos filamentos  brilhantes e cheios de luz. A teia se expandiu, dividindo-se e reunindo-se novamente como uma série de fluxos complexos, acumulando-se onde Harry estava mais ferido. Quase todo o seu corpo estava brilhando.

The Snake, The Soul and The LoversOnde histórias criam vida. Descubra agora