UM AMOR COMPRADO

ᴄᴀᴘɪᴛᴜʟᴏ ᴄɪɴᴄᴏ

- Cuidado pra não levar um choque, se bem que sei exatamente o que fazer se isso acontecer. É só...

- Chloe, silêncio. - ele me corta, impaciente.

Então me calo e fico apenas o observando. Ele pega a lâmpada queimada e me entrega, eu dou a lâmpada boa e ele ergue os braços para colocar. Sua camisa cinza sobe e eu visualizo parte de seu abdômen definido e do V que se esconde em seu jeans.

Eu transei mesmo com esse gostoso?

Meu Deus, Josh vai enlouquecer quando souber. Eu devo contar detalhes? Bem, não quero que se espalhe. Dra. Fitzpatrick contratou um prostituto pois é esquisita e os homens são pegajosos com ela.

- Pronto. - ele desce de cima da cadeira e me olha - Nos vemos qualquer dia. Tenha uma boa noite. - e passa por mim.

Compras. Dentista. Meu carro na oficina. Como vou fazer essas coisas sem meu carro e sem meu débito?  Dou um giro e sigo Travis:

- Hey. Pode me dar uma carona?

Travis para no meio do caminho, vejo os músculos de suas costas se retesarem. Será que estou derrubando uma regra? Mas não há nada de íntimo nisso. Todos dão carona uns aos outros, é normal.

- Eu estou atrasado. - ele se vira e olha o relógio em seu pulso. Mas ele não está com nenhum relógio.

- Tenho certeza que fica no caminho. Fica no centro, tudo fica no centro, não é? - faço minha cara de pidona que sempre funciona - Ah, vamos lá... Meu carro está na oficina e não tem como chamar o Uber porque perdi...

- Tá. Tá bom, Chloe! - ele me interrompe rapidamente, depois se virá e continua a andar.

Não sei se foi coisa da minha mente, mas o ouvi resmungar um "tudo pra te fazer parar de tagarelar". Sorrio pra mim mesma. Deve ter sido minha imaginação.

Junto minhas coisas no corredor enquanto Travis aperta o botão do elevador. Coloco tudo na bolsa e ajeito a alça em meu ombro, depois prendo o cabelo direito e espero calada ao lado dele. Sinto o calor de seu corpo quando entramos de uma vez só no cubículo do elevador.

- Desculpa. - digo.

- Não se preocupe. - ele olha diretamente pra frente.

Está bem mais diferente de quando chegou. Seu cabelo loiro está bagunçado de um jeito charmoso, seus olhos mais brilhantes e a camisa muito amassada.

Gente... O cheiro dele é tão bom. E o hálito também, sabe? O sexo... Nem preciso comentar. Tenho vontade de perguntar a ele se estudam formas de dar prazer de forma certa a uma mulher, mas não o faço. Já falei demais.

E mesmo nesse pouco tempo juntos, reconheço que Travis Humman é daquele tipo de homem calado, na dele, que sorri raramente mas que mesmo assim não parece ser marrento nem grosso. Só sexy e másculo.

- O que sua mãe acha, tipo... Do seu... Hm... Trabalho? - essas palavras saem da minha boca sem eu pensar muito.

O maxilar de Travis se tensiona e a testa se franze.

- Não posso falar nada sobre minha vida pessoal. - seus olhos azuis fixam os meus - Não leu o regulamento?

- Li sim, por isso está aqui. - mostro meu maior sorriso irônico.

As portas do elevador se abrem e de novo tentamos passar ao mesmo tempo, nos imprensando acidentalmente um ao outro, mas Travis dá um passo pra trás:

- Primeiro as damas. - fala, me dando espaço.

- Que cavalheiro. - faço uma careta e começo a andar.