Capítulo 49

1.6K 97 9
                                    

Aysha

Meu coração parecia ter se tornado uma pedra de gelo e eu sentia como se ele pulsasse meu sangue gelado nas minhas veias

Pus a mão sobre minha barriga pedindo desculpas em silêncio ao bebê que eu nem tinha certeza se estava ali, mas algo me dizia que sim

Eu estava com o copo de água com açúcar na mão olhando para os dos caras a minha frente que vez ou outra me encaravam, mas respeitava meu silêncio

Silêncio esse que só havia do lado de fora, porque minha cabeça estava a milhão

Os dois estavam aqui pra cumprir as ordens do preto, de me vigiarem e não deixar eu sair daqui até ter a permissão dele

Dele, não do Roger, não do meu namorado, não do pai do bebê que podia estar se formando dentro de mim

Outra lágrima silenciosa deixou meu olhos e eu rapidamente sequei, não queria a atenção do Tuco ou do grilo

Não quando eu sabia que mandaram o Tuco porque a gente criou uma amizade e uma ligação tão especial que seria mais fácil pra ele me conter

Não quando o Grilo preparou com tanto carinho essa água com açúcar, sabendo que tinha calmante na caixa de remédio, mas por ter entendido a minha preocupação de mais cedo me deu algo mais leve sem falar nada

Porque apesar do carinho e respeito com que me tratavam nunca iriam passar por cima das ordens, estavam sendo gentis enquanto me distraiam do fato de que também estavam me prendendo aqui

Enquanto também não me davam uma informação se quer sobre o Roger e conversavam normalmente sobre o que estava acontecendo lá fora como se não fosse uma loucura tudo isso

Eu sentia tanta raiva dentro de mim que realmente estava preocupada de estar passando isso pro bebê hipotético e só por isso eu tentava me acalmar

Me recostei sobre o sofá respirando fundo e fechando os olhos, tentando encontrar alguma paz dentro de mim, mas era impossível

Dentro de mim só havia medo e culpa, um terror absoluto de ser a responsável por matar o homem que estava disposto a tudo pra me ver sorrir e de tirar a chance dessa criança de ter um pai

Lágrimas copiosas desciam do meu rosto novamente, senti a crise chegar outra vez, o surto dolorido que esmagava meu coração e me impedia de respirar aos poucos me atingindo

E quando senti alguém me puxando pra um abraço outra vez, me senti culpada de me sentir acolhida, pois nem todo o abraço do mundo me traria o que o abraço do Roger tem

Mas ainda assim meu corpo aceitava o consolo e minha respiração recobrava um ritmo normal e eu nem senti quando, mas em algum momento eu simplesmente apaguei

Me dei conta disso somente quando acordei na mesma sala que dormi, com a diferença de que agora ela estava vazia

Levantei e fui até a porta quase saindo quando me dei conta de que eles só tinham me deixado porque eu dormi, mas ainda estavam de guarda no portão

Voltei pra dentro com uma ideia pronta na mente, tinha que ser rápida então peguei uma jarra de vidro e corri pra porta que dava acesso à garagem

Respirei fundo juntando coragem e taquei  a jarra com toda a força na direção da escada, os dois lá fora correram pra dentro e eu corri pro lado de fora ao mesmo tempo

Nosso Conto de Fadas.. •|M|•Onde histórias criam vida. Descubra agora