Capitulo 40

2.4K 96 7
                                    

Aysha

Depois do meu aniversário a semana literalmente passou voando, já era quarta feira a noite e eu estava completamente exausta

Tirei o dia pra limpar e arrumar a casa, aproveitei que tinha separado algumas coisas minhas pra ir pra ilha e fui arrumando tudo no guarda-roupa do Roger

Eu ficava mais no quarto dele do que no antigo que eu dormia então nada era mais justo e ele mesmo nem reclamou, pelo contrário achou foi bom

Marcelly hoje me mandou mensagem falando do concurso que o Eduardo Paes estava anunciando pra área da saúde da cidade do Rio e eu fui correndo procurar o edital

Ainda não tinha sido oficialmente lançado, mas algumas informações já davam a entender a maioria das coisas que iam ser cobradas nessa prova que ia rolar

Roger como sempre passou o dia todo fora e só veio em casa pra almoçar, a janta já tá praticamente pronta e ele ainda não voltou e olha que agora começou uma chuvinha lá na rua

Procurei meu telefone pra ligar pra ele e na hora que eu peguei ouvi o barulho alto de alguém abrindo o portão da minha casa e em seguida uma rajada de tiro ao fundo

Arregalei o olho e vi o Tuco na porta da sala esperando eu abrir, meio trêmula e nervosa corri pra abrir e ele entrou voando

Tuco: Onde tá a sua mala? - perguntou enquanto outro menor entrou segurando o fuzil em alerta

Aysha: Mala? Que mala?- perguntei atordoada

Tuco: A mala da viagem mesmo - disse ele sobre a mala que eu tinha desfeito justo hoje- corre lá em cima pega e desce rápido

Aysha: O que tá acontecendo Tuco? - questinei sem me mover

Tuco: Você precisa sair daqui- encarei ele - agora!

Aysha: Eu desfiz a mala - nos dois olhamos pra porta ao ouvir outra rajada dessa vez mais perto

Sem falar mais nada tuco subiu e eu fui atrás, ele abriu minha mala vazia e saiu tacando várias roupas de uma vez e depois de ter pego o básico fechou

Os tiros não paravam um minuto se quer é minha cabeça só insistia numa mesma pergunta: Onde o Roger está?

Tuco: Presta atenção - ele me roubou dos meus pensamentos- eu preciso te tirar daqui agora, a favela tá cheia de caveira e eles vieram pra te levar

Aysha: Cadê o Roger? - perguntei

Tuco: Agora não - ele disse sério - agora você pensa em você! - foi firme ao me encarar - a gente vai descer, vai entrar naquele carro e tirar você daqui

Minha visão fraquejou no mesmo momento, senti meu corpo ficando mole e pesado mas assenti, desci as escadas atrás dele pedindo muito a Deus que não me deixasse cair

Desejei ter pegado mais leve durante o dia e ter comido alguma coisa além do almoço hoje, desejei ter ligado antes e procurado antes saber do Roger

Mas por fora eu só agia mecanicamente obedecendo tudo que o Tuco me direcionava, entrei no carro e depois dele guardar a minha mala ele entrou também e tirou o carro da garagem

O carro era blindado o que me dava mais segurança pra descer mesmo com alguns tiros ao fundo, Tuco também estava evitando as vias principais pra não correr riscos

Ele foi andando por dentro da favela passando radinho pra avisar quem era, chegando próximo da saída uma dupla de policiais do bope nos avistou e eu não pude conter o grito quando eles atirará de imediato em direção ao carro

Minhas mãos começaram a tremer incontrolavelmente e eu sentia minha perna já formigando, Tuco agiu rápido nos tirando dali e se dirigiu à entrada da favela  em dois tempos

Mesmo assim fomos seguidos e alvejados o tempo todo em que nos movíamos, tuco xingava até a terceira geração desses policiais enquanto minha boca estava seca

Ele pegou a novo rio e voou, acelerando o carro quase que à 100 quilômetros por hora e eu queria muito saber pra onde ele estava me levando, mas não conseguia falar nada

Na minha cabeça passavam mil situações diferentes que podiam ter acontecido com o Roger, ao mesmo tempo me convencia de que tudo estava bem e que ele tinha um bom motivo pra não estar aqui

Tuco entrou em Brás Pina por um acesso diferente do habitual evitando que fôssemos previsíveis demais pra quem pudesse estar seguindo a gente

Já dentro da comunidade ele abaixou os vidros pra que soubessem quem estava entrando e os meninos da boca liberaram a passagem assim que o reconheceram e ele seguiu

Paramos em frente a uma casa grande de dois andares que eu não fazia ideia de quem era e eu encarei o Tuco em busca de resposta

Tuco: Você vai ficar aqui - disse ele - daqui a pouco a vitória vem encontrar contigo

Aysha: Quem é Vitória? - perguntei confusa - e como assim? Você vai embora? - ele ficou surpreso com a pergunta

Tuco: A favela tá em guerra, eu não posso ficar aqui - respondeu - minha missão era só te trazer

Aysha: Você vai ficar - eu informei

Tuco: Qual foi Aysha tu sab- eu o interrompi

Aysha: Eu não vou ficar numa favela desconhecida sozinha- eu disse convicta - tu não me chama de patroa? Então to dando ordem também, você fica!

Ele me encarou de rabo de olho, mas puxou o radinho em seguida pra informar justamente que teria que ficar aqui comigo

Meu coração apertou quando a voz que ouvi do outro lado foi de preto e não do Roger, é angustiante não saber o que esta acontecendo com a pessoa que você ama

Aysha: Cadê ele Tuco?- perguntei encarando o pára-brisa sem coragem de mexer, tuco respirou fundo

Tuco: ele quem?

Aysha: Você sabe muito bem! - ele respirou fundo outra vez - me conta - encarei ele com lágrimas nos olhos - por favor

Tuco: Balearam o Roger Aysha - um grito escapou da minha boca juntos das lágrimas frenéticas - ele tava voltando pra casa na hora que os caras começaram a subir a nova

Aysha: Onde ele tá? Eu quero ver ele - implorei em meios aos soluços

Tuco: Foi internado sob custódia no Getúlio Vargas - contou - mas não importa o quanto você peça ou implore, eu não vou te levar lá

Aysha: Tuco..- comecei

Tuco: Não! -  respondeu ele seriamente-  sua vida é minha responsabilidade e eu não vou correr esse risco - seu tom foi um pouco mais suave dessa vez - vamos lá pra dentro, você precisa descansar

Ele saiu do carro e eu permaneci imóvel, eu não tinha firmeza nem pra mexer os dedos dos pés, Tuco abriu a porta  ao meu lado e eu mal consegui o encarar enquanto ele me chamava pra fora

Juntei forças pra segurar sua mão e me impulsionei pra levantar e segundos depois vários pontinhos pretos tomaram a minha visão e a última coisa que eu senti foram os braços do Tuco tentando me segurar...

~~~~~~~~~~~~~~~
Com isso tudo acontecendo, não há quem guente né?🥺

Nosso Conto de Fadas.. •|M|•Onde histórias criam vida. Descubra agora