Cartas são permanentes (a não ser que você as queime)

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Tema 6: Melhores amigos

*

Pac...

Meu deus, isso é tão estúpido. Toda essa ideia é estúpida, mas eu sempre ouvi que escrever ajuda a lidar com sentimentos, e eu não sou bom com tudo isso. Com toda essa confusão que são sentimentos.

Por isso decidi escrever. É mais fácil, porque eu posso só queimar esse papel depois e fingir que nunca aconteceu, fingir que isso nunca foi escrito e seguir a vida.

Estúpido, eu sou estúpido.

Você foi sequestrado alguns dias atrás. Logo depois de Tubbo. O céu ficou vermelho e, em um piscar de olhos, você não estava mais lá. Num momento a gente tava conversando e no outro... E (outro motivo do porquê você nunca vai ler isso), ninguém pareceu se preocupar com isso, simplesmente ignoram, enquanto toda vez que eu penso sobre aquele momento faz meu coração doer.

Você faz meu coração doer.

Ramón tem razão, cartas são difíceis de se lidar.

A verdade é que eu fui uma pessoa solitária por muitos anos. E lidar com essa mudança tão grande nos últimos messes é aterrorizante, Pac.

Acho que todo mundo nessa ilha ta certo. Agora que você tá longe, agora que aquele olho maldito te separou de mim pela segunda vez... agora entendo que eu gosto muito de você.

Eu acho tenho certeza.

Não sei como isso começou. Em que momento a gente passou de desconhecidos para amigos, em que momento essa amizade foi virando algo a mais. Em que momento sua felicidade e sua companhia tornaram-se tão importantes pra mim quanto a felicidade e a companhia do meu filho?

Em algum momento entre nossas conversas na arena de Esconde-esconde, entre as horas que passamos construindo juntos, entre nossas aventuras em dungeons quando as crianças estavam sumidas...

Você virou meu melhor amigo. A pessoa com quem eu podia contar a qualquer momento, a pessoa para quem eu poderia correr quando precisava, que aceitaria se enfiar em investigações atrás de investigações juntos, cobrindo as costas um do outro. Você me conhece melhor do que ninguém, melhor do que eu mesmo.

Em algum momento nesse tempo, você criou raízes em mim. E...

Posso confessar algo, Pac?

Estou aterrorizado!

Não pela sua segurança, ou a do Tubbo, porque realmente acho que vocês dois são fortes e conseguem lidar com mais esse desagio sem grandes problemas. Estou com medo de como vão ser as coisas quando você voltar. Quando nos encontrarmos de novo. Quando eu olhar pra você e encontrar coragem para dizer o que preciso.

Porque eu fiz uma promessa pro meu baby boy, e eu mantenho minhas promessas.

Por isso decidi escrever. Pra me ajudar a pensar no que preciso de falar. Em TUDO que tenho pra te falar, Pac.

A verdade é que eu nunca senti meu coração bater tão forte por alguém. Nunca senti a necessidade de passar tanto tempo com uma pessoa, de pensar nela em todo momento, de sentir dor física quando estamos separados.

Porque... gosto de você? É assim que se fala, não é? Eu pesquisei.

Gosto de você, Pac.

(Meu deus isso é vergonhoso, que bom que o Ramón está dormindo ainda).

Não consigo parar de pensar na gente.

Em cada mini segundo que passamos juntos nos últimos meses, em cada risada, cada abraço (você me ensinou a amar abraços), cada vez que nos apoiamos quando precisamos. Não consigo parar de pensar no desespero que senti quando você foi sequestrado (em todas as vezes! Dá pra parar de ser sequestrado, por favor??)

Eu gosto de você, Pac, e isso é aterrorizante.

Não sei se um dia vou ser capaz de dizer tudo que gosto em você. Se serei capaz de explicar o quanto acho sua voz bonita, o quanto te acho forte, o quanto gostaria de me perder em seus olhos para sempre.

Eu nunca vou conseguir te falar isso pessoalmente.

Porque, quando se trata de você, eu sou um frouxo, Pac. Um bobo apaixonado que nunca será capaz de explicar essas coisas cara a cara.

Mas eu vou tentar, eu juro. Vou tentar falar sobre isso, especialmente se você ainda quiser continuar com isso, com nós, depois que eu explicar sobre meu chefe, sobre o porquê estou aqui na ilha.

Se esse nós ainda existir depois de conversarmos, eu prometo que vou trabalhar em mim mesmo para ser uma pessoa melhor. Por você, pelo Ramón.

Porque eu realmente gosto de você, Pac. E cada vez que escrevo essas palavras, sei que elas se tornam mais e mais verdadeiras.

Volte bem. Volte vivo. E, quando voltar, vamos conversar sobre tudo.

(Vou terminar essa carta aqui porque o Ramón e a Sunny acordaram e é aniversário da Sunny, então preciso levar as crianças para um dia legal e especial. Conto os dias para te ver de novo!) (Lembrete para mim mesmo: queimar esse papel antes que alguém veja!!)

Sinceramente... seu?

- Fit

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