05. Você Gosta Da Atenção

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Lee Minho



Duas semanas haviam se passado e eu ainda estava tentando me adaptar ao colégio e o desafio de ser isolado e me isolar.

Havia recusado o comitê de boas-vindas, que contava um único membro, o garoto irrefletido, por achar completamente desnecessário. Até perceber que não fazia idéia da localização dos banheiros perto do refeitório.

Caminhei pelos corredores em busca do banheiro após o almoço, sendo ignorado por um grupo ao que pedi informação.

Ninguém parecia se importar com mais nada além de seus próprios interesses, o que simplesmente não me surpreendeu. 

Entretanto, estaria mentindo se dissesse que a situação permanecia a mesma do meu último colégio, já que estava recebendo um pouco de atenção por parte de alguns, em sua maioria garotas.

Ao observar a dinâmica social ao meu redor, notei que os alunos podiam ser divididos em dois grupos em relação a mim.

A maior parte dos garotos pareciam interessados em ter alguém para descontar suas frustrações; meus óculos e comportamento fechado me transformavam em uma possível vítima. Já alguns garotos de grupos distintos e garotas em geral se aproximavam por um interesse puramente físico. 

A visão que esses grupos tinham de mim era completamente diferente: os garotos viam os óculos e os livros como rótulos, classificando-me como o nerd bobo e inocente das produções adolescentes. As garotas, por outro lado, viam apenas meu rosto atrás dos óculos, ignorando qualquer um dos meus interesses.

Havia também pessoas como Jisung, obcecadas por uma imagem perfeita e desesperadas por aprovação, que não enxergavam nada além de sua própria popularidade.

Às vezes, permitia-me permanecer na ignorância, mas acabava analisando o ambiente ao meu redor sem perceber. A ignorância, por vezes, me permitia ignorar o egoísmo e a síndrome de protagonista que a maioria carregava consigo.

Todos estavam fechados em seus próprios mundos egoístas ou alienados, sem perceber que o colégio não era nada comparado à vida adulta.

Ou talvez eu fosse amargo demais, como meu amigo virtual sempre fazia questão de pontuar. 

Após meu progenitor abandonar nossa família durante uma crise financeira, saí da bolha adolescente, vendo a realidade da vida e não me dando tempo para me preocupar com problemas hormonais e disputas temporárias.

Ser popular ou enfrentar as provações da adolescência eram prêmios temporários, que desapareceriam com a ida à faculdade, onde novos desafios e preocupações surgiriam.

Abri a torneira da pia do banheiro e joguei água no rosto, sentindo minha bochecha esquerda pinicar. Ao levantar os olhos para o espelho manchado, suspirei ao ver o hematoma avermelhado bem abaixo do meu olho.

— Desgraçados! — Grunhi ao passar a ponta dos dedos, sentindo o local dolorido e quente.

Puxei a barra da camisa para secar o rosto enquanto caminhava para fora. Abri a porta e soltei um arfar ao sentir um corpo se chocar ao meu.

— Me desculpe, eu não te vi. — O garoto irrefletido se desculpou, mantendo os olhos no corredor, parecendo estar se escondendo de alguém.

Minha curiosidade fez com que eu me esticasse para ver o que ele estava procurando e ele me empurrou para trás, fechando a porta em seguida.

— Posso saber por que me empurrou e de quem está se escondendo? — Arqueei uma sobrancelha após cambalear para trás.

— Você pode sair, só não levante suspeitas, está bem? — Murmurou e se virou, indo em direção à lixeira ao lado da pia, despejando uma sacola cheia de doces coloridos.

— Então é isso que faz com os presentes que recebe? — Arqueei uma sobrancelha, e ele pareceu congelar no lugar antes de levantar os olhos para mim.

— Não são presentes. — Murmurou sem vontade e suspirou, caminhando até a pia e ligando a torneira.

— Tenho certeza que são. Você parece bastante popular, recebe muitos presentes e muita atenção. Os aceita para depois jogar fora? — Cruzei os braços acima do peito.

— Eu não os aceito, eles simplesmente colocam dentro da minha mochila ou me perseguem até eu aceitar. É mais fácil pegar e depois decidir o que fazer do que deixá-los me perseguir. — Apoiou as duas mãos na pia, olhando fixamente seu reflexo no espelho. — Geralmente dou ao meu amigo, mas esses... — Desviou o olhar para a lixeira e balançou a cabeça. — Esses não.

— Então é melhor jogar fora doces fechados do que devolvê-los ou dar a alguém? — Franzi o cenho, tentando alinhar meu raciocínio ao dele.

— Você parece não entender. — Riu sem humor e se virou em minha direção. — Eu não vou arriscar dar esses doces para alguém ou simplesmente começar uma conversa com a pessoa que me deu. Não confio para comer então não confio para repassar.

— Acha que podem estar envenenados? Não acha que está sendo muito dramático com os presentes? Parece popular e bastante amado, estão apenas tentando chamar sua atenção. — Sorri sem vontade e ele me analisou de cima a baixo, parecendo incomodado com a minha postura. — Você gosta da atenção e parece procurar por ela.

— Não acho que estão envenenados, mas receio que possam estar com alguma coisa. — Passou as duas mãos pelo rosto, e foi aí que notei suas mãos trêmulas, mostrando seu claro nervosismo. — Mike tem me perseguido desde o início do ano letivo. Ele se mostrou um cara legal, então fui gentil com ele. Aceitei os doces que me deu nas primeiras vezes e isso só o fez ficar mais confiante e confortável para me perseguir e exigir coisas como se estivéssemos namorando, como se eu o devesse.

Jisung puxou o ar para continuar contando, mas eu o parei ao levantar uma de minhas mãos. — Por que os aceitou em primeiro lugar? Por que os aceitou se não tinha interesse em dar uma chance a ele?

— Ele se aproximou de forma gentil e fofa, fiquei sem graça de rejeitar. Agradeci e peguei os doces, mas deixei bem claro que não significava nada. Deixei claro que não tinha interesse romântico nele, mas isso não o impediu. Ele entendeu como um charme meu e começou a agir de forma possessiva. De todas as coisas que ele fez, me seguir até minha casa e, no outro dia, mentir para a minha mãe e entrar foi a mais alarmante. — Puxou a franja para trás.

Abri e fechei a boca sem saber o que responder diante de sua história. Observei-o tomar impulso para se sentar no mármore ao redor da pia e me virei para me retirar.

— Joguei os doces fora porque alguns rumores sobre a última festa de Adam correram por todo o colégio. Aparentemente, Mike tentou embebedar ou colocar algo na bebida de Seungmin. Sua insistência para comer os doces comigo na quadra vazia...

— Tudo bem, acho que entendi. Você está com medo que ele tente isso com você, por isso jogou no lixo. Você está certo, é o que deve fazer quando desconfia. — O vi assentir várias vezes, parecendo aliviado por eu finalmente entender seu ponto. — Mas ainda não consigo entender por que aceita os favores e rejeita os presentes. Se está incomodado com a atenção, deve ser firme e recusar qualquer coisa do tipo. Você parece selecionar o que lhe convém e o que não lhe convém.

Jisung me encarou em silêncio, com as sobrancelhas franzidas e um leve bico nos lábios, parecendo contrariado com meu questionamento.

Saí do banheiro, lamentando por ter perdido os últimos minutos que me restavam tendo uma conversa sem fundamento com um desconhecido.

...

Heey,

Tropes: enemiestolovers, power bottom e "nerd e o popular"

Demorei a atualizar essa, não é? Acho que Intense acabou sugando toda a minha criatividade hahaha mas voltei com essa :) o roteiro está prontinho então não vou demorar mais ❤

+10 comentários e eu volto ❤

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⏰ Última atualização: Jul 20 ⏰

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