desejo moralmente incorreto

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"I could feel it coming humming in the way you move, push the reset buttom we're becoming something new."

Última semana de novembro, todas as cadeiras do auditório estavam preenchidas por rostos diversos. Alguns bem conhecidos por mim, outros nem tanto, mas o mais importante: tínhamos um público majoritariamente feminino.

Ashley, vice presidente do Bank of America, instituição onde eu atuo há exatos dez anos, apresentava a agenda enquanto nós, convidadas, nos acomodávamos nas cadeiras dispostas ali para o nosso conforto.

Ao meu lado, outras quatro mulheres aguardavam para contar suas histórias. A reunião sobre o impacto da mulher no mundo corporativo já se passava das duas horas de duração quando finalmente assisti atentamente ao discurso de cada uma, e quando Amelia, a senhora de cinquenta e quatro anos que coordena todo o time de operações, terminou de falar, chegou a minha vez.

– Boa tarde, pessoal! - Cumprimentei a plateia, recebendo uma série de aplausos e alguns gritinhos eufóricos que identifiquei terem vindo do meu time.

– Me chamo Taylor e atualmente sou superintendente do time maravilhoso do Jurídico, mais especificamente do controle de Lei Geral de Proteção de Dados. Estou no Bank of America há dez anos, comecei aqui como estagiária e acabei me apaixonando pela organização. Primeiramente, quero deixar clara a minha admiração por cada uma das mulheres que estão aqui nesse palco hoje. Particularmente sou uma grande amante de histórias e poder conhecer um pouquinho mais as de vocês é um privilégio para mim. - Falei, recebendo sorrisos em troca das mulheres que me acompanhavam.

– É um prazer receber todos vocês aqui hoje e como parte da minha apresentação, separei alguns dados que entendo serem relevantes e gostaria de compartilhar com vocês. - Faço sinal para que Ashley pule o slide e me levanto, posicionando-me em frente ao telão.

– Realmente acho importante que nos conheçamos um pouco mais mas acho que as vezes esquecemos do principal: não somos apenas as nossas histórias pessoais. As histórias profissionais também importam. Vivemos em um mercado onde, infelizmente, ainda saem em vantagem em processos seletivos mulheres solteiras e que não têm filho, quando com homens isso nem chega a ser uma pauta. Essa é a problemática da falta de segregação das histórias de nossas vidas. Aqui no Bank of America costumamos correr contra isso dia após dia, temos processos seletivos igualitários para quaisquer gêneros e hoje cinquenta e três por cento do nosso quadro de funcionários é constituído por mulheres, o que me é estranho, porque quando observamos os cargos de liderança, apenas trinta e seis por cento são ocupados por mulheres. - Fiz sinal para que o próximo slide fosse reproduzido.

– Faço parte do comitê de diversidade do banco e junto com o RH fizemos uma pesquisa minuciosa, que indicou que a principal razão pela qual as mulheres são minoria nos cargos de liderança é o fator especialização. Entendemos a problemática e compreendemos que esse também é um problema nosso, portanto, estaremos a partir de agora segregando ainda mais as nossas histórias pessoais das profissionais, pois em parceria com a Universidade de Nova Iorque, o Bank of America oferecerá para todas as funcionárias que ainda não são especializadas, uma bolsa de estudos integral para os programas de especialização desejados. - Ouvi a salva de palmas seguidas de comemorações alegres vindas da plateia.

– Todas as funcionárias elegíveis receberão e-mails do RH para formalizar a adesão da bolsa. Ressalto aqui que não é algo obrigatório, mas um benefício que nos fora proporcionado depois de muitas conversas com a liderança. A ideia é que em setembro de 2025 já estejam todas devidamente matriculadas. Aproveitem o impulso e voem! Muito obrigada!- Finalizo o discurso e abraço cada uma das minhas companheiras de palco, agradecendo também pelo apoio delas.

i'm poison either way | tayvisOnde histórias criam vida. Descubra agora