1. Caminhos se Cruzam Majestosamente

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O amanhecer do dia costumava ser o momento favorito de Jimin ao acordar. Poder apreciar o azul do céu e os raios solares surgindo aos poucos, iluminando a cidade e o seu calor contra a sua pele pálida, trazia uma sensação de comodidade. Mas a luz, por outro lado, pedia quase em um sussurro, para deixar-lhe invadir cada poro, abrindo espaço e espalhando da sua luz contra a obscuridade dos pensamentos mais intrusivos, enraizados por uma lembrança do passado.

O corpo esbelto estava à espreita do precipício, segurando uma caneca quase vazia de chocolate quente. Suspirando, cansado de derramar lágrimas que eram levadas pela ventania, sem um destino próprio; que eternizava a sua dor pelo alto, reivindicando como sua — do mundo — e não mais dele, uma alma carenciada de dores e perdas.

Apertando os dedos em volta da caneca laranja, caminhava de volta para o calor do apartamento, indo em direção a sua cozinha. Se aproximando lentamente da pia, jogou de qualquer modo em seu inox — o objeto de porcelanato —, que quebrantou no mesmo instante, o silêncio ensurdecedor do ambiente. Mas não se importava, agradecia, na verdade, por poder escutar algo além do desalento dos seus pensamentos.

Puxou as mangas da camiseta de gola alta e pegou a bucha. Foi enquanto lavava a louça que ouviu a campainha tocar. Secou as mãos, colocou a caneca de volta no armário. E se aprontou a ir até a porta.

— Bom dia. — comprimentou, enquanto caminhava diretamente para o sofá, sem ao menos olhá-lo no rosto. — Hoje a noite tem um show para nós irmos.

Fechou a porta quando percebeu que o Kim não fazia a mínima questão de saber se ele estava ou não em um bom dia para ter companhia aquela hora da manhã. Mas não era como se estivesse verdadeiramente incomodado. 

— De quem? — trouxe as pernas para cima do sofá, Taehyung o encarou.

— Qual o milagre de você não dizer logo de cara que não vai? — comprimiu os olhos. — E por acaso você estava chorando? — dedilhou seu rosto.

— Primeiro eu quero saber para depois recusar. — Taehyung piscou os olhos indignado e depois voltou eles para o celular. — Fala logo de quem é. — empurrou o ombro alheio.

— O que houve? Você não parece bem. — largou o celular.

— Não. — negou rapidamente. — Eu tô de boa. — tentou sorrir, mas acabou deixando evidente que estava forçando. — É só o de sempre. Tem momentos que eu fico meio melancólico e deprimido.

— Não era pra você ter saído do psicólogo. Você ainda está se medicando corretamente?

— Eu sei e sim estou. Mas você sabe que não tenho tempo. Eu estudo todos os dias de manhã e a tarde tenho estágio. Fora que chego tarde em casa e mesmo assim tenho que limpar a casa, preparar minha comida para o dia seguinte e ainda estudar. Eu estou sobrecarregado, exausto, cansado.

— Mais motivos para estar se tratando com um psicólogo. É muita coisa pra essa sua cabecinha suportar sozinha. — deixou um peteleco na testa de Jimin. — Essa não cola comigo.

— Certo. A verdade é que eu não tenho dinheiro.

Taehyung lhe encarou com tédio.

— Não seja por isso, eu pago para você.

Jimin pendeu a cabeça para trás e soltou um arquejo insatisfeito.

— Negativo.

— Vamos lá, eu sei que é mentira. Se você realmente estivesse passando por problemas financeiros eu teria percebido.

— Por acaso você acha que eu recebo uma fortuna do meu trabalho? Eu ainda tive sorte de me pagarem. — soltou um riso, mas no fundo se sentiu desolado.

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