ꕤ O brilho de sua manhã.

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Foi uma péssima ideia. Foi uma péssima ideia de verdade.

Ainda era de manhã, na verdade sequer tinha saído de casa. Estavam comendo torradas secas com molho doce e pequenos pães de massa amanteigada, algo que seu pai preparou. Ele era arquiteto, mas se não fosse, certamente seguiria uma carreira voltada à culinária. Era uma pena que somente eles pudessem provar sua comida.

Isso a acalmou por um tempo, a comida sempre fazia com que ela se distraísse. Mas quando sua mãe se sentou à mesa, tudo voltou rapidamente.

"Ela vai descobrir, ela vai descobrir" ela pensava com fervorosidade comendo as torradas.

Bernardo, seu pequeno demônio particular que seus pais dizem que é seu irmão menor, olha de lado para ela com um incômodo nada discreto. Hélio, seu pai, está colocando torradas e molho na frente de sua mãe quando ela estala a língua.

— Você vai comer como uma porca a manhã toda?

Ela parou e, sem olhá-la, colocou o resto da torrada no prato decorado. Seu irmão lançou um olhar acusatório para sua mãe e depois um questionador para seu pai.

— Desculpe — ela responde em um tom tão fraco quando um sussurro.

— Bernardo, como vai seu projeto de ciências? — Ignorando a própria filha, ela se dirige ao mais novo com uma frieza semelhante, mas com certeza mais gentil que usa com ela.

O garoto de 11 anos bagunça os cabelos intensamente pretos como da sua mãe, uma mania que tinha quando estava irritado. E era a mesma mania de sua mãe.

— Muito bem. Os professores disseram que o primeiro lugar vai ser meu.

— Huh. Se todos pudessem ser como você, as mães não perderiam tanto cabelo.

Se Catherine fosse um menino, as coisas seriam diferentes.

Quando Matheo, seu primo, nasceu, a avó ficou tão feliz que o aniversário dele tinha virado uma data comemorativa indispensável. Sua tia Angela nunca foi uma pessoa humilde e se vangloriava de ter tido o primeiro menino de sua geração, então quando Catherine, uma menina, nasceu, foi a primeira decepção que deu à sua mãe.

Não que pudesse mudar isso, é apenas o jogo da genética. No entanto, poderia ao menos ser a menina mais bonita na família. E então Molly veio, um ano depois dela, com aqueles olhos cor âmbar com cílios de boneca, os cabelos pretos e a pele pálida, o nariz pequeno e proporcional, alta e, como sua avó rudemente dizia desde que eram crianças, quadris bons para filhos.

Não houve um momento da sua vida que ela não tivesse sido considerada a menina mais bela.

E então outra vez fracassou com sua mãe.

Então o que restou foi ser a mais inteligente. Mesmo que Matheo e Molly fossem artistas como o pai e, na verdade, fossem inteligentes também, não eram bons com números. E, para sua família, é tudo o que importa.

— Querida. — Hélio deixou os pães na mesa — falar vai te deixar com indigestão.

— Tem razão.

Secretamente, seu pai a ajudava. Hélio nunca foi um homem que se opunha à mulher que amava, consequentemente a mimou um pouco. Ele acredita que ela não o faz por mal, apenas é uma mulher confusa. Na maioria das vezes, ele acobertava sua filha o máximo que podia; afinal todos merecem um pouco de liberdade para se divertir.

Por isso, depois do vergonhoso café da manhã, ele chamou-a antes que fosse à escola.

— Kitty, espere um momento.

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