Jacinto.

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   A luz dos raios de sol faziam suas pálpebras arderem, Gabriel levantou a mão para tampar tal luz e teve de acordar da forma que mais detestava, com o sol.

   Assim que abriu os olhos ele viu o teto de seu quarto, a pintura com anjos bebês voando em círculos, as ondas aos seus arredores e a cor azul escura que elas continham. A visão de Gabriel finalmente havia ficado correta novamente.

   Aos poucos sua memória foi clareando e então ele se lembrou - ou talvez fossem somente flashes de memória - de prender Apollo no banheiro e pior, falar mantendo seus lábios bem em seu dedo.

   Na mesma hora Gabriel rapidamente se sentou, a velocidade fez sua mente girar e então ele teve de segurar sua cabeça firmemente sentindo que ela sairia rolando pelo quarto. Ele só pôde tomar conta da realidade quando uma mão muito pequena puxou suas vestes algumas vezes.

      - Titio Alteza, você tá bem? Seu rosto parece vermelho... - Helena estava acordada, e mais que isso, estava vendo todo o seu surto sem sentido.

      - Vermelho?! Não, não, nada disso. Eu estou bem, obrigado. - Ele sorriu claramente desconcertado.

   Gabriel se levantou e só então notou que a sua roupa estava totalmente diferente, não, não era isso, ela havia sido totalmente trocada. Na hora seus olhos se arregalaram e ele olhou para Helena.

     - Você me viu deitar ontem a noite? Eu me deitei por conta própria??

     - Hihi, eu vi, mas o titio Apollo pediu para eu fazer shiiiiu sobre isso. - Helena sorriu inocentemente e então se sentou de pernas cruzadas na cama.

   Como assim "fazer shiiiu"? O que seria "fazer shiiiu"?? A cabeça de Gabriel parecia explodir, ele nunca havia escutado este termo antes e ele definitivamente não sabia o que aquilo significava.

   A linguagem no castelo sempre fora muito rigorosa, até mesmo ele que falava com esplendor desde muito jovem era repreendido por pequenas coisas como falar de forma cansada ou lenta demais, porém também não deveria ser rápido demais. No fim ele sempre era repreendido.

   Mas no final das contas este não era o ponto, a questão era o que havia acontecido na noite passada. Sua memória estava picotada e ele só conseguia se lembrar do frio que sentia, do dedo de Apollo pressionando seus lábios e a forma que seus cachos ficavam amassados pela pressão do corpo na porta.

   Seu coração estava disparado e ele estava totalmente perdido em pensamentos andando de um lado para o outro em seu quarto. Porém seus passos logo pararam quando ele ouviu um estalo de chicote extremamente alto vindo do lado de fora da sua janela.

   Com passos apressados tanto Gabriel quanto Helena foram até sua imensa janela e apoiaram suas mãos nela esticando o pescoço para ver do lado de fora, bem embaixo do seu quarto.

   A visão era assustadora, definitivamente nem um pouco apropriada para uma criança, muito menos uma que acabara de perder a mãe, e então Gabriel foi rápido em tapar os olhos de Helena se abaixando e abraçando-a.

       - Titio Alteza! Eu mal pude ver o que está acontecendo, deixe-me olhar!

       - Helena, fique debaixo da cama, caso alguém entre não faça barulho, eu preciso resolver uma coisa rapidinho, tudo bem? - Gabriel olhou para ela segurando seu rosto impedindo-a que olhasse para baixo.

   Helena ficou assustada notando o tom sério de Gabriel, a memória de sua mãe retornou em sua mente como uma flecha atirada em seu peito, seus olhos se encheram de lágrimas enquanto ela acenava.

𝑺𝒐𝒖𝒍 𝑺𝒆𝒂𝒍𝒊𝒏𝒈 || A Hɪsᴛᴏʀʏ Oғ RᴏʏᴀʟᴛʏOnde histórias criam vida. Descubra agora