Havia se passado quase duas longas horas quando Gabriel apareceu irritado a caminho dos cavalos e de Apollo, que estavam parados educadamente à espera de seu líder.
Um cavalo com músculos fortes e crina escovada estava parado na frente, seu pelo branco limpo cuidadosamente por servos e escovado pelos mesmos. Seus cascos firmes prensados no chão com delicadeza.
Do outro lado um cavalo de pelo negro como o céu ao anoitecer estava agitado, porém contido. Seus músculos tão treinados quanto o do outro cavalo e sua estrutura ainda maior, mesmo que não desse para noar a distância.
- Sinto pela demora, mais uma vez fui preso por mapas e...uma ideologia sem moral.
- Não sinta. - Apollo se aproximou ainda enquanto o outro andava - Você é o futuro Rei, não deve se desculpar a um mero plebeu.
Ambos pararam frente a frente, o olhar de Gabriel era cansado, distante, mas ao escutar as palavras de Apollo pareciam ainda mais enojados, como se estivesse farto deste pensamento irritante, "Estar acima de meros plebeus", o que nele o fazia estar acima de um outro tão qualquer como si próprio? Que direito claramente inexistente havia nele de se achar superior aos outros?
Desde muito cedo essas perguntas vinham à sua mente, e sempre que as pronunciava o castigo era doloroso, porém sua opinião nunca se alterara, e acima de tudo ele tinha o apoio de sua mãe.
Em todas as vezes que seu corpo doía pela punição sua mãe estava ao seu lado, e sempre, em todas as vezes, ela dizia a ele: "Nenhum rei muda seu povo sem que sinta a dor da resistência.". Quando Gabriel escutava isso ele sentia raiva, pois nunca havia entendido. Ele nem mesmo era rei, - Por que sofrer se ele nem estava fazendo algo errado? - ele se questionava, porém tudo parecia estar se encaixando lentamente.
Não se sabe quanto tempo passou, porém, em algum momento, Gabriel havia montado seu cavalo e estava lentamente cavalgando pelas ruas do reino com Apollo logo atrás. O povo os olhavam surpresos, sem entender o que levaria o príncipe a visitar os camponeses.
- Apollo... - Gabriel sussurrou - sabe dizer onde estamos, exatamente, em Thalass?
- Estamos ao extremo Leste de Thalass, vossa alteza. Na região mais humilde, onde o apoio a realeza é mais fraco.
Então eles estavam na área proibida, como dizia seu pai.
- Certo, e a quanto tempo estamos cavalgando
- Três horas sem pausa vossa alteza.
Quando pequeno Gabriel costumava ir em muitos festivais que ocorriam nas ruas de Thalass, porém todos eram estranhamente próximos de sua casa. Nunca passando de uma única hora de viajem, e isso não parecia normal. Thalass por acaso era de fato tão pequena assim? Porém ele nunca tirou tempo para entender isso.
Agora tudo parecia mais encaixado. Gabriel estava pela primeira vez naquele local, naquela região, ele jamais havia visto um lugar tão desgastado e abandonado como este aparentava em toda a sua vida.
As luzes dos lampiões pendurados em cordas desgastadas mal brilhavam nas ruas, as pessoas que ali andavam, todas lentamente, cansadas e com expressões de dor, eram todas sujas e com roupas rasgadas.
O fedor de animais mortos tomaram o nariz de Gabriel, ele sentiu coçar e o espirro foi inevitável, o que fez o cavalo relinchar. Ermines, sua égua, ficou agitada e assustada, começou a galopar sem obedecer seu dono, e Apollo seguiu logo atrás.
- TODOS! SE AFASTEM!! - Apollo gritou enquanto se posicionava em pé sobre o seu cavalo que corria velozmente atrás da égua branca.
Gabriel estava completamente perdido, tudo virou uma bagunça em tão pouco tempo. Pessoas gritando e fugindo desesperadamente, choros infantis altos e Apollo se equilibrando sobre um cavalo desobediente e forte. O que fazer? sua mente ficou em branco.
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𝑺𝒐𝒖𝒍 𝑺𝒆𝒂𝒍𝒊𝒏𝒈 || A Hɪsᴛᴏʀʏ Oғ Rᴏʏᴀʟᴛʏ
RomantizmCom uma vida criada por mentiras de seu pai, o Rei, Gabriel começa a descobrir as verdades de seu reino e de suas alianças com os demais. Decide, então, honrar o desejo de Sophia, a antiga Rainha, e foge junto ao seu escudeiro e melhor amigo, Apo...