O Último Acorde

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Lúcio ajustava os óculos enquanto suas mãos deslizavam pelas teclas gastas do piano de cauda. O som suave e melancólico ecoava pelo salão vazio, misturando-se com a chuva suave lá fora. Cada nota era uma homenagem ao seu avô, que lhe deixara o piano e um amor eterno pela música.

Numa tarde especialmente chuvosa, Lúcio interrompeu sua prática ao ouvir uma melodia distante e cativante. Intrigado, ele se levantou e seguiu o som até o jardim. Sob uma antiga árvore de carvalho, uma jovem tocava um violoncelo. A melodia era uma mistura de tristeza e esperança que tocou profundamente o coração de Lúcio.

— Sua música é linda — disse Lúcio, hesitante, ao se aproximar.

A jovem levantou o olhar, surpresa, mas com um sorriso caloroso nos lábios.

— Obrigada. Meu nome é Clara — respondeu ela. — Eu venho aqui para tocar quando preciso pensar.

— Eu sou Lúcio. Posso me juntar a você? — perguntou ele, apontando para o piano que ele tinha levado para fora.

— Claro — disse Clara, com um brilho nos olhos. — Vamos ver o que podemos criar juntos.

Sem precisar de mais palavras, Lúcio e Clara começaram a tocar. Suas músicas se entrelaçavam de uma forma que parecia mágica, como se estivessem destinados a se encontrar. As notas do piano de Lúcio combinavam perfeitamente com as do violoncelo de Clara, criando uma harmonia que encantava os corações de ambos.

Assim, nasceu uma rotina. Todos os dias, Lúcio e Clara se encontravam no jardim para tocar juntos. As melodias que criavam juntos não só tocavam seus corações, mas também atraíam a atenção dos moradores da cidade. Em pouco tempo, o jardim se transformou em um ponto de encontro para quem queria ouvir a bela música que os dois amigos criavam.

Certa tarde, enquanto o sol se punha no horizonte, Clara perguntou:

— Lúcio, você já pensou em levar nossa música para além deste jardim?

Lúcio, que estava ajustando a afinação de uma das cordas do piano, respondeu:

— Às vezes penso nisso, mas este lugar é especial para nós. Aqui, nossas melodias encontram eco nos corações das pessoas que nos ouvem.

— Você tem razão — concordou Clara, com um sorriso melancólico. — Mas, às vezes, eu sinto que a nossa música poderia tocar mais corações, talvez trazer conforto a mais pessoas.

Enquanto discutiam essa possibilidade, um novo personagem apareceu no jardim. Era um homem alto, com cabelos grisalhos e olhos bondosos. Ele se apresentou como Senhor Marques, um renomado maestro da cidade vizinha.

— Eu ouvi falar sobre vocês e a música maravilhosa que tocam aqui — disse o Senhor Marques. — Gostaria de convidá-los para se apresentarem no nosso concerto anual. Será uma oportunidade única de compartilhar essa beleza com um público maior.

Clara e Lúcio trocaram olhares surpresos e animados. O convite era uma oportunidade que nunca haviam imaginado. Após uma breve discussão, aceitaram o convite do maestro.

Nos dias que se seguiram, os ensaios se intensificaram. Eles passaram a praticar não só no jardim, mas também no salão de música da cidade, preparando-se para a grande apresentação. A amizade entre Lúcio e Clara se fortalecia a cada dia, assim como a harmonia de suas músicas.

Chegou a noite do concerto. O salão estava lotado, as luzes brilhavam, e a expectativa no ar era palpável. Lúcio e Clara se entreolharam, transmitindo um ao outro a confiança e o apoio que sempre encontraram na música que compartilhavam.

Quando subiram ao palco, o público os recebeu com aplausos calorosos. Lúcio começou a tocar as primeiras notas, e Clara logo se juntou a ele com seu violoncelo. A música encheu o salão, envolvendo todos os presentes numa sinfonia de emoções.

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⏰ Última atualização: Jul 23 ⏰

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Ecos de Uma Sinfonia SilenciosaOnde histórias criam vida. Descubra agora